04|dor.

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Irene acordou com dores e marcas por todo o corpo. As marcas podiam sumir mas a dor ela estava sentindo dentro dela não iria, a mulher não esperava que a sua primeira vez fosse tão trágica daquela maneira.

Ela se sentia morta por dentro. Violentada, agredida, abusada. Seu olhar estava vazio, seus olhos estavam inchados, as olheiras estavam evidentes.

Sua boca estava inchada e com marcas da violência que sofreu. A garganta estava seca depois de tantos pedidos de socorro ignorados, seus pulmões pareciam estar pegando fogo.

Seu corpo doía somente ao respirar.

Um homem que inicialmente se manteve gentil, pagou pra ter Irene durante uma hora e a deixou em um estado abominável. Ele a violentou até a mesma não aguentar mais e desmaiar.

- Irene!! Já tentei falar com você duas vezes, está acordada? Cândida está reclamando da demora. Irene estou preocupada!! - nice falava enquanto batia na porta do quarto sem parar, ela só não gritava porque sabia que os quartos ao lado estavam ocupados.

Irene estava acordada não queria responder, ela estava se sentindo destruída e com nojo de si própria. Não queria que ninguém visse ela naquele estado, a humilhação que ela passou já foi o suficiente.

- Vou entrar, tô com um lanchinho pra você! Tô nem aí se tiver sem roupa.

Depois que Irene ouvir a amiga falando se levantou mesmo sem forças levantar pra vestir alguma peça de roupa.

- Desculpa, perdi a noção do tempo.

Assim que a prima de Cândida abriu a porta se deparou com Irene, ela ficou em choque deixando as coisas que estavam em sua mão cair.

O barulho do copo de vidro quebrando fez Irene tremer, seu corpo inteiro tremeu. Uma sensação de pânico a atingiu, ela não sabia o quê iria acontecer mas não deixou seu medo transparecer...somente a tristeza que ela não conseguia evitar.

- Irene? O quê aconteceu?

A mulher estava cheia de marcas por todo o corpo, com um semblante triste e vazio. Não era a mesma mulher com um olhar angelical que nice havia deixado no bar no início da noite.

- O cliente se animou um pouco demais. - Irene respondeu com um sorriso fraco na tentativa de amenizar as lágrimas que estavam brotando em seus olhos.

- Cliente animado? Eu conheço clientes animados isso definitivamente não é um. - Nice falou praticamente em berros mas ao perceber a feição de dor no rosto da amiga ela logo amenizou a voz. - Meu bem o quê aconteceu? - a voz da mulher era gentil e suave mesmo assim o tom de preocupação não se escondeu enquanto falava.

Irene não conseguiu mais aguentar a vontade imensa de chorar e acabou se desabando em lágrimas.

- Ele me forçou! - ela colocou a cabeça no travesseiro numa tentativa de abafar os altos soluço que saía de sua boca.

- Irene... - Berenice sussurrou sem saber o que fazer. - O quê ele fez?

- Ele me obrigou, me pegou com força! Me obrigou a fazer coisas que eu nunca fiz antes, não teve cuidado nenhum fui usada até ficar desacordada nice!!

- Ah meu bem....eu sinto muito, merda não sei o que falar meu amor sinto muito, calma calma.

- Ele me agrediu, eu tentei me defender mas não tive mais forças. Eu juro que tentei, gritei mas ninguém me ouviu.

A essa altura Irene não estava mais chorando sozinha, nice podia sentir profundamente a dor da amiga.

- Eu tava lá em baixo o som é muito alto, me perdoa por não ter ouvido.

- Eu tentei lutar mas eu sou uma idiota é nem isso consegui fazer.

- A culpa não é sua Irene, meu bem você é a vítima nessa história. Você não é idiota, por favor não repita isso.

Nice deitou na cama e abraçou fortemente Irene tentando acalmá-la. As duas choravam juntas. Irene se agarrou em Berenice em um abraço forte, deixando suas lágrimas cair sob o tecido da blusa da mulher. Nenhum consolo seria o suficiente, afinal nada mudaria a noite de ontem. Irene passou longos minutos chorando mas pelo menos tinha nice junto com ela.

Um choro que não era normal de se ver, Irene perdia o fôlego e o ar rapidamente. Ela chorou não somente pelo episódio ocorrido mas também chorou pela vida maldita que ela iria levar dali pra frente.

Quando finalmente se acalmou Berenice fez questão de ajudar a amiga.

- Vem cá, vou te ajudar. Vamos tomar um banho, posso passar a noite com você se quiser.

- Obrigada mas não quero tomar banho. - Mesmo que fosse nice a mulher não queria ser tocada e muito menos vista sem roupa.

- Eu sei que você não quer ser tocada. Já estive no seu lugar meu bem, não deixe ele saber que conseguiu te machucar se não ele vai fazer mais e mais. Não tem como pedir para você ser forte porque nessa situação não tem como ser forte mas eu vou pedir que confie em mim. Sou eu e eu não vou te machucar. Vá tomar banho sozinha então está bem? Vamos nos livrar de qualquer vestígio dessa noite.

- Tudo bem, obrigada...

Irene tomou um banho quente, quando saiu o quarto já parecia outro. Nice trocou os lençóis de cama e separou novas roupas pra ela usar, ela se sentia mais limpa porém com a mesma dor sufocante.

- Toma esse remédio pra dor, vai te ajudar.

Sem forças pra falar Irene deu um sorriso fraco mas gentil pra mulher.

- Eu contei pra Cândida. Ela não vai falar com ninguém então não se preocupe, ela permitiu que ficasse aqui pelo resto da noite.

A notícia fez Irene se sentir melhor, saber que não teria outra pessoa a tocando deixava ela aliviada.

- Nice eu não sei como te agradecer de verdade, muito obrigada.

- Só fiz o quê uma amiga faria meu bem, o cheque que o homem deixou eu entreguei a ela, precisamos cuidar dos seus machucado.

Nice ajudou Irene a passar pomada e alguns creme no corpo, tentando fazer que as marcas não fiquem tão fortes.

- Você já me ajudou muito, pode descer.

- Promete que vai ficar bem? Você fica melhor sorrindo.

A mulher não tinha vontade de sorrir mas se esforçou pela amiga.

- Prometo você já ajudou muito, obrigada e te devo essa.

Nice deu sorriso e saiu do quarto às 23h, deixando Irene sozinha. Irene não queria pensar no que aconteceu então gastou sua pouca energia pra se vira e dormir.

Nice desceu até o bar e ficou pensando no que poderia ter feito pra proteger Irene, ela jurou para si mesmo que não deixaria ninguém tocar na amiga de modo agressivo.

Até o próximo!
Capítulo corrigido.

Violência contra a mulher, denuncie 180.

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