Interlúdio Erick

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A água cai pelas minhas costas, tudo que eu preciso depois de um treino pesado. Eu não iria treinar hoje, não era algo que estava planejando, mas depois de ver como Patrick chegou aqui, nada me custou inventar que iria treinar para poder ouvir o que ele queria me dizer, é claro que anos trabalhando aqui eu aprendi a escutar e até mesmo saber quando alguém quer falar algo e não consegue. Muitas vezes deixo para lá, mas esse garoto, ele carrega muitas coisas e sei que ele precisa falar.

O que mais me espanta não foi o que ouvi dele, pois não é algo que não tenha notado. Patrick pode não se entender, mas eu já imaginava que tinha algo rolando em relação a orientação dele e tudo bem, mas o que me espanta é ele saber o que o garoto passou no show e principalmente aquelas marcas em seu corpo. Alguém o tem machucado e eu tenho uma teoria, mas não posso dizer nada. Não sem afastá-lo. Por que as pessoas são assim? Por que as pessoas machucam as outras?

Na época que estava na escola meu melhor amigo, o Rafinha se assumiu gay para mim e de um jeito nada convencional, ele me deu um beijo, na verdade um selinho em meio a um trabalho em dupla lá em casa. Eu me espantei e me afastei e eu vi que ele ficou sem reação. Mas a gente conversou. E quando ele foi embora da cidade ele pode ser feliz e até hoje o acompanho na internet, nos afastamos, como tantos da época da escola, uma vez que a vida adulta não é tão simples, mas eu acompanhei muito do que ele passou e se eu puder ajudar o Patrick de alguma forma eu vou, só não sei como ainda.

Patrick está sentado me esperando e se levanta assim que me vê. O garoto me olha e eu noto que ele quer falar mais e eu me preparo para passar algumas horas com ele...

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