O Acordo com uma Palhaça

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O Acordo com uma Palhaça

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O Acordo com uma Palhaça

Um toque na cabeça de Eldrey o fez despertar da escuridão. Levantou seu rosto, percebendo que dormira, pela segunda vez naquela mesma semana, no balcão do Cassino Tosuhosue.

Um copo de bebida ainda circulava pelas suas mãos; notou ao abrir seus olhos e, rapidamente, franziu-os novamente em resposta à claridade.

Quando sentiu uma sombra rondando-o, voltou a abri-los, arregalando-os, dando um salto ao observar a figura que o cercava: cabelos, metade castanhos e metade azuis, presos em uma maria chiquinha, circulavam um rosto preenchido por uma maquiagem exagerada de palhaço, que ia de um sorriso macabro e mal feito até um nariz redondo e artificial, de cor azul.

Porém, ao se afastar, Eldrey envergonhou-se por antes temer. Levou sua mão formigante ao peito, soltando o copo que por tanto tempo segurou, baixando seus ombros, soltando um longo suspiro ao reconhecer Puri: a dona e barista do Cassino, que o observava com uma feição de desgosto mais do que conhecida pelo príncipe.

Analisando-a, de cima para baixo, Eldrey ainda recuperava seu ar, apertando com ainda mais força sua camisa de botão.

Xao yayni... que susto, murmurou em seu idioma, ajustando-se no pequeno banco e espreguiçando-se, levando seus braços para trás de sua cabeça.

Não conseguiu segurar um sorriso sem mostrar os dentes ao ver a palhaça revirar seus olhos azuis, enquanto recolhia os copos antes expostos sobre o balcão e os levava até a pia mais próxima. Puri odiava o idioma de Hebey, mesmo o nome de seu cassino nela sendo, mas Eldrey não costumava usá-lo no intuito de irritá-la. Afinal, era comum utilizá-lo de forma involuntária quando não era a língua comum que chegava diariamente aos seus ouvidos.

Mas ele admite achar graça nessa raiva sem sentido.

— Tamo fechando — disse Puri ao voltar, escorando-se na frente do feérico, cruzando os braços sobre o móvel de madeira junto de um franzir de cenho. Estendeu uma das mãos, deixando-a aberta no meio da visão do rapaz. — Passa o pagamento e se manda.

Eldrey soltou uma risada genuína, fraca pela forte dor de cabeça que o tomava. Ajustou sua postura antes preguiçosa, levando suas mãos até sua bolsa tiracolo, retirando um punhado de cédulas. Sem conferir o valor, sem perguntar quanto devia, pôs-nas no balcão. Em segundos, os feyuros já estavam entre os dedos rápidos da palhaça, que os admirava, folheava-os, com um sorriso.

O príncipe jogou o peso de seu corpo em suas mãos que contornavam a madeira, levantando-se e começando a movimentar-se, dando de costas para Puri e passando a fechar sua bolsa.

— Obrigado pela bebida — disse, com seus dedos aproximando-se de seu peito. — Nserykeb...

E seus dedos encontraram; encontraram a gola v de sua camisa, um peito nu, sem aquilo que desejava, fazendo-o interromper o próprio feitiço. Seu coração acelerava enquanto Eldrey não possuía coragem de mover seus olhos na direção em que sua mão estava localizada. Palpitou em torno de seu pescoço, de todo seu peitoral, buscando qualquer vestígio do objeto que utilizava.

O Cassino Tosuhosue Onde histórias criam vida. Descubra agora