O Espelho

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O Espelho

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O Espelho

Desta vez, Eldrey não acordou de supetão, porque nem, ao menos, dormiu. Disse para Siqui que tentaria, e a logetáx respondeu dando de ombros.

— Me chame ze... — ela levou o queixo na direção dos bancos da frente, com uma linha entre as sobrancelhas — o cara acordar.

E, com um acenar de Eldrey, dirigiu-se à cabine, a cauda de cobra balançando atrás dela.

Porém, ao príncipe esticar-se sobre duas poltronas no fundo do jato, não conseguiu fechar os olhos. Fixou-os no teto, ouvindo estalos baixos de metal ao observar o desenho de dragão de fogo grafado ali. Sentiu o cheiro metálico do interior do automóvel misturar-se com o odor de couro e à leve umidade do ar fechado, quase sufocante. A pressão em seu peito aumentava, esmagando seus pulmões e pesando sua cabeça.

Levou os dedos para o redor do pescoço e o apertou.

Conforme semicerrava os olhos, o dragão parecia mover-se, misturar-se com a leve iluminação alaranjada.

O fogo... Que calor, puxou a gola da camisa, arreganhou as mangas bufantes, guardou as luvas dentro dos bolsos.

Qualquer mínimo ruído parecia se amplificar ali: o barulho de tecido ao mexer os braços, o rangido dos assentos, os roncos do presidente de Knácion, o próprio som da sua respiração irregular.

Não iria conseguir manter-se naquela posição por muito tempo. O tecido aquecia sob o calor de seu corpo, e a imagem do dragão o recordava do castelo dos Jēhlege: da situação insegura que Atho e Ander estavam enfrentando – por causa dele, arriscando suas vidas enquanto ele descansava sobre bancos almofadados. Talvez, há alguns dias, Eldrey não se sentiria culpado por isso: era um príncipe, e no fim, merecia proteção.

Não merecia?

Mas algo durante essa curta viagem desafiou sua percepção. Pensamentos que jamais teria começaram a surgir, como a preocupação crescente com Puri. Por que ela ainda não apareceu? Ele bateu a cabeça contra o assento. Puri, Puri, Puri... QUE MERDA! A tensão acumulava-se, não conseguindo evitar um grito interno. A imagem da garota circense não saía de sua cabeça. Idiota; palhaça estúpida. Se ela estivesse ao seu lado, ele estaria mais calmo; teria menos um problema.

Trancou a mandíbula. Ela sempre tem de piorar tudo?

Ao sentar-se, o nervosismo apresentou-se na força das mãos contra o assento e na tentativa de controlar o tremor das pernas.

Há quanto tempo eu tô aqui?, pensou, sentindo um arranhar na garganta com o secar dos lábios.

Foi, então, que ele decidiu ver as horas a partir do sol, relaxando os membros e aproximando-se da janelinha ao lado, afastando a cortina vermelha.

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