A Tentativa de Fuga

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A Tentativa de Fuga

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A Tentativa de Fuga

As pontas dos dedos de Puri formigavam ao se aquecerem diante das chamas do dardo que segurava – sob o fogo que lhe causava calafrios. A palhaça sempre fora ótima em disfarçar seus medos, sendo um deles o pavor quanto ao fogo. No entanto, mesmo com a repetição do inspirar e expirar, os pelos de seu corpo estavam arrepiados e um suor frio escorria pela maquiagem vermelha.

Porque, naquela noite, suas preocupações eram muito maiores do que a de queimar-se. Além das chamas, algo mais a assustava: a imagem do feérico detrás de um pequeno alvo, cercado por Nativos do Fogo – que eram preenchidos por ódio e dominados por uma vontade incontrolável de matá-lo.

Mas, dessa vez, teriam de se acalmar: sua morte pertencia à Puri.

Ela engoliu em seco, observando a figura do rapaz de cima a baixo. Eldrey estava paralisado, de pé e com seus ombros sendo apertados por um logetáx. Os olhos verdes tremiam sobre a iluminação avermelhada.

Ele poderia tentar fugir, Puri pensou, mas é impossível conseguir. Ela analisou cada rosto por ali espalhado, cada olhar encarando o príncipe, cada corpo prestes a saltar e agarrá-lo. Estamos fodidos.

Seus pulsos ardiam diante à força das mãos que a seguravam. Sentia as garras roçando sua pele, ameaçando rasgá-la. Os pequenos tinham o dobro de sua força, mesmo com a metade de sua altura.

Puri ergueu o queixo e estreitou os olhos, mirando-os acima da cabeça do feérico. Depois, olhou para o dardo em torno dos dedos.

É isso, segurou-se para não sorrir. Ela tinha um plano. De soslaio, fitou um dos lagartinhos e franziu o cenho.

— Vocês poderiam me soltar? — Fitou o outro. — Como vou atirar estando presa?

Os logetáx trocaram olhares e, depois, encontraram o apresentador. O mais velho levantou uma sobrancelha, mas, com um abanar de mãos, permitiu.

Os dois se afastaram, mantendo-se na retaguarda.

Um passo para trás, um joelho dobrado e um jogar de cabeça. Juntando suas escápulas, Puri ergueu a chave para a fuga. As pontas de seus lábios roçavam para não levantarem; segurava-se para não comemorar.

Pela primeira vez, sua ganância poderia salvá-los. Os olhos azuis apontaram para a ponta do dardo: a ponta sem ímã, pois Puri havia arrancado-o e jogado-o para longe.

Afinal, ela não precisava dele para acertar o alvo, e sua versão passada tinha certeza disso.

Seus olhos perfuraram não Eldrey, não o alvo, mas a tenda por trás dele, o tecido avermelhado. Ajustou a altura de seu pulso.

Sem o ímã, o dardo voaria para direção que ela gostaria que voasse. E, naquele momento, sua mira estava no tecido; material que, se fosse atingido com a ponta afiada e em chamas, poderia queimar, espalhando o fogo e provocando uma distração para os Nativos do Fogo, que, com o pavor, liberariam Eldrey e, assim, ele conseguiria fugir. Com sorte, o plano também ajudaria Puri, chamando a atenção das crianças e do apresentador, dando-lhe a oportunidade de correr.

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