O Circo Tuhhi

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O Circo Tuhhi

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O Circo Tuhhi

O bege das botinas de Eldrey camuflava-se na areia negra perante a escuridão. Erguia suas pernas e suspirava, ofegante, ajustando o pano que ameaçava descobrir seu nariz; caminhar sobre a areia era complicado, notou, especialmente em meio ao crepúsculo.

Desviando-se de qualquer iluminação, apoiando todo o peso de seu corpo em suas pernas, diminuiu seus passos até cessa-lós. Teve de baixar o lenço para inspirar e expirar, repetidas vezes, deixando o frio daquela noite invadir suas narinas e acomodar-se em seus pulmões, o ar gélido do deserto vulcânico de Vihle penetrou-o.

Ao jogar seu olhar por cima dos ombros, encontrou a figura de Puri, se aproximando, enfrentando a mesma dificuldade do rapaz, senão em pior estado: erguia sua saia, desviando-se dos blocos de cinzas a partir de longos passos. Quando ela notou que Eldrey não se movia, parou no mesmo instante, erguendo-se e observando os arredores, percorrendo seus grandes olhos pelo ambiente.

As ruas estavam desertas; havia poucos estabelecimentos abertos e estavam ocupados, em sua maioria, por humanos. Algumas tochas se localizavam em frente às casas, que se escondiam no meio de tantos elementos de cor preta.

No instante em que a dúvida invadiu os olhos azuis, em que a palhaça juntou suas sobrancelhas, o feérico não precisou nada indagar para compreender o que se passava por seus pensamentos. Puri não conhecia Vihle e, para ela, era estranho presenciar uma noite tão calma. Afinal, a garota trabalhava em um cassino na capital de Ecsuji; capital de seres feéricos que adoravam o anoitecer.

Então, levando, mais uma vez, o pano até o osso de seu nariz, dando continuidade aos seus passos firmes, seguindo com o ritmo anterior à sua parada, o príncipe soltou, em baixo tom:

— Nativos do fogo não gostam da noite.

As sobrancelhas de Puri saltaram para cima, fitando a pele pálida do feérico, que brilhava sobre o luar, que marcava as extremidades do rosto magro. Logo a dúvida dela aparentava ter desaparecido e, com um dar de ombros, a garota acenou com a cabeça, seguindo seu caminhar por de trás do príncipe.

Todavia, a presença da palhaça não durou muito. Ela estava inquieta; movia seu olhar para todos os lados, junto de seu corpo. Dessa forma, quando a respiração ofegante diminuiu, desaparecendo em milésimos, Eldrey percebeu, parando e, em seguida, voltando-se para trás.

Ao completar o movimento, enxergou Puri, agachada sobre uma fonte de água, retirando uma de suas facas – completamente suja de sangue – do em torno da cintura e colocando-a embaixo d'água. O príncipe, então, engoliu em seco, levando suas mãos para debaixo dos sovacos. Disparou seus olhos verdes de um lado para o outro, com suas escápulas juntas e ombros tensos para, depois, mover-se até a garota, posicionando-se ao seu lado.

Mesmo com a iluminação precária, Eldrey observava a substância de cor bordô ir da arma ao chão, escapando pelo ralo. Quando o metal passou a brilhar, refletindo as poucas chamas dos arredores, Puri guardou-o e pegou a segunda faca, repetindo o procedimento.

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