A Denúncia à Rainha

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A Denúncia à Rainha

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A Denúncia à Rainha

Na primeira vez que Eldrey tentou fugir, ele tinha oito anos. Todavia, não fora a primeira que a rainha Lan Feskgi, sua mãe, recusou um pedido para acompanhá-la em uma reunião em outro país.

A rainha inspirava e expirava, contendo a vontade de gritar, enquanto seu filhinho a seguia, implorando para ir. O pequeno Eldrey berrava, segurando o vestido da mãe e sendo arrastado conforme Lan andava, em direção a um jato de Ecsuji.

— Por favor, mãe! — choramingava; os olhinhos verdes brilhando sob os raios solares que atravessavam as janelas. — Eu sei me comportar. Não vou sair de perto de você!

Feskgi pressionou a têmpora contra os dedos, deixando seus passos cessarem. O impacto fez com que Eldrey chocasse contra o tecido verde, escorando-se na mãe.

Quando os olhos castanhos da rainha flutuaram até o menino, os cabelos quase brancos sendo levados pela ventania que vinha da entrada, Eldrey fez beiço, parando, imediatamente, de chorar. Naquele instante, ele curvou as sobrancelhas e se afastou, trêmulo e encolhido. Limpou as lágrimas e escondeu seu rosto; não deveria ter insistido.

A postura firme da rainha denunciava seu próximo passo, as mãos em punhos e o queixo erguido foram o suficiente para seu filho se calar, fazendo-na morder os lábios e encher os pulmões de ar.

— Você não pode sair da nuvem, Eldrey. — Franziu o cenho. — Quantas vezes terei de dizer?

O pequeno, aos poucos, revelou seu rosto avermelhado e os olhos inchados. Ele fitou os próprios pés, admirando seus sapatos marrons. A mãe juntou as escápulas e mordeu os lábios, segurando-se para não baixar a guarda, deixar-se levar pelo rosto infantil de seu filho. Porém, não suportou ignorá-lo: suspirou, levando as unhas decoradas para o meio dos cachinhos loiros-escuros.

— Não fique triste, csini — murmurou, fazendo um cafuné enquanto aguardava um olhar de seu filho. — Futuramente... — Saboreou as palavras em um respirar. — Ao atingir a maioridade, você poderá me acompanhar.

Quando Eldrey ergueu a cabeça, encontrando a mais velha e concordando em um movimento, não fora sincero. Sabia que aquela promessa era falsa, uma mentira para gerar esperança. Quantas vezes a rainha lhe dissera isso? O bastante para ocupar todos os dedos de suas mãos e pés. Era uma criança; quanto tempo demoraria para crescer? Em um piscar, assumiria a idade desejada? Ouvira os mais velhos clamarem pela juventude, sugerindo aproveitar o que ela providenciava.

Mas, afinal, o que ele deveria desfrutar? O sol de sua sacada, os livros que tinha de ler e reler, as reuniões que pouco entendia, mas era obrigado a comparecer?

Eldrey muxoxou conforme a silhueta de sua mãe dissolveu-se na claridade da rua. Sua vida baseava-se em uma rotina repetitiva e entediante, e ele queria mais, buscava, a todo momento, por mais.

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