As Passagens para Vihle

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As Passagens para Vihle

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As Passagens para Vihle

— Mais uma vez — começou Ander, baixando sua cabeça, aproximando-a do balcão da cozinha de Mia —, muito obrigado pela estadia, Mia! — exclamou, levando para frente suas mãos que seguravam um copo d'água.

Ao lado do rapaz, com seus pés sobre um dos bancos da sala conjunta a uma pequena cozinha que os circulavam, posicionada atrás do mesmo balcão, Puri jogou para Ander um revirar de olhos, levando seu rosto na direção de seus joelhos, balançando a touca de cetim de cor azul-bebê que contornava seus cabelos.

Mia, na frente de seus hóspedes, mexendo um líquido que preenchia uma panela de pedra exposta sobre o fogão, soltou um longo suspiro, parando o movimento antes continuo e virando-se na direção do pequeno, apontando-lhe a colher de pau que já segurava, deixando parte do líquido que cozinhava cair sobre a bancada e sobre as mãos de Ander.

O líquido ardente perfurou a pele bronzeada.

EI! — O menino ergueu suas mãos junto do copo que segurava, cerrando seus olhos e mordendo o interior de suas bochechas. — Quente, quente, quente! — Assoprava seus dedos enquanto os abaixava, apoiando o objeto no móvel à frente, começando a sacudir suas mãos.

O drama conseguiu chamar a atenção de Puri, que soltou sua risada mais profunda, deixando seus olhos lacrimejarem enquanto abraçava a sua barriga. Mia, mais uma vez, apenas suspirou, devolvendo a colher para a panela, utilizando seus dedos enrugados para apertar seus olhos.

— Já disse que não fiz nenhum favor... — Apoiou-se na bancada, fazendo-a tremer. — Pare de agradecer, menino idiota!

Ander saltou, fazendo bico e juntando suas mãos ainda nervosas. As sobrancelhas do menino se juntaram e seu queixo foi erguido.

— VELHA MAL AGRADECIDA!

O coque da velha agitou-se assim que seus olhos, repletos de fúria, encontraram Ander.

— O QUE VOCÊ DISSE, JASU?!

Enquanto os risos de Puri atingiam escalas sonoras cada vez mais altas, Ander ergueu seu torso e juntou suas escápulas, mirando seus olhos castanhos, grandes e nada-apavorantes, em Mia.

Com um pulo, o nariz convexo do menino encontrou o da velha.

— O que é... — sussurrou em tom de dúvida, deixando rugas aparentes em sua testa. — O que é um jasu?! — indagou ao exclamar.

Antes de Mia ter a oportunidade de responder a uma pergunta tão ridícula para ela e para qualquer falante do idioma das fadas, um rangido, vindo da porta de seu banheiro, interrompeu a cena.

Puri, imediatamente, pausou seu riso, virando-se para a direção do som e, em seguida, suspirando ao ver o que o causou.

Na verdade, ao ver quem o causou.

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