A Fuga

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A Fuga

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A Fuga

O metal das algemas tilintou ao cair na pedra. Os cabelos rosa se afastaram do rosto de Puri, que mantinha o olhar fixado na garota. Pelo arder que contornava seus punhos, os observou, baixando o tecido para analisar as marcas das correntes que marcaram sua pele, cutucando-as com o indicador junto de um ranger de dentes, tanto pela dor do local quanto da ferida de seu ombro, que parecia ter piorado.

Estava prestes a levar seus dedos para em torno do local quando congelou. Ao levantar as pupilas, engoliu em seco, sentindo seu rosto aquecer sob os olhos negros que a encaravam, sem ao menos se moverem. Não foi a primeira vez que a palhaça os encontrou fixados em si; Ignês parecia gostar de contato visual, o que fazia Puri indagar para si própria se havia algo de errado com sua aparência – além da maquiagem borrada, dos machucados e da tran...

Ajustou seu penteado.

O rosto da garota manteve-se sereno. Puri queria perguntar, mais uma vez, quem ela era e por que ela a soltou – algo que sua desconfiança a obrigava a repetir e repetir, na esperança de uma resposta –, mas a menina se recusava a falar qualquer coisa, não reagindo a nenhuma tentativa que a palhaça fez para conhecê-la.

Então, no momento em que agarrou a mão que estava estendida para si e impulsionou-se para levantar, manteve os olhos fixados na de cabelos rosa, afastando-se com uma sobrancelha erguida ao recuperar o equilíbrio.

E, conforme Puri andava para trás, para direção das cadeiras, os olhos pretos seguiam-na.

Todos os pelos de seu corpo arrepiaram. Aquela menina parecia uma marionete, sendo controlada por alguém de fora, alguém que quisesse caçá-la. Puri forçou piscadas e averiguou a tenda, buscando alguma pessoa que pudesse estar esperando para atacar, mas não havia nada, tampouco alguém.

Repetiu o engolir em seco. Sinistro, pensou, tremendo ao voltar-se para frente.

Forçou os lábios pintados a curvarem-se em um sorriso.

— Vou... pegar minha mochila, tá legal? — Mais um passo para trás.

E, então, se virou, levando uma das pernas até um dos degraus da arquibancada.

Trancou a respiração quando uma dor a consumiu, no instante em que uma mão tocou em um de seus punhos e a puxou para trás.

Em um salto, deu um tapa nos dedos de Ignês.

MEU PULSO TÁ DOENDO, CARA! — Girou o corpo na direção da equilibrista, juntando as sobrancelhas.

A menina afastou a mão, mas logo agarrou um dos ombros de Puri, balançando a cabeça em um sinal negativo, tentando levá-la para o lado da cortina vermelha.

A palhaça não se mexeu. Que caralho, aquela estranha estava começando a irritá-la.

— Qual o seu problema?! — urrou, indo para trás e deixando a mão dela flutuar. — Não vou deixar minhas coisas aqui.

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