O Presidente de Knácion

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O Presidente de Knácion

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O Presidente de Knácion

Puri teve de segurar-se para não bater no homenzinho que abriu a porta. Ao notar ser Atho, com a aparência de um senhor ruivo e barbudo, exibindo as vestes de Knácion que ela mesma costurou – calças estufadas como um balão, presas a um suspensório, com sapatos ridiculamente pontudos e uma boina perdida entre os cachos –, arrependeu-se de não seguido seus extintos e batido nele de uma vez.

Diferente da palhaça, Ander adentrou com um sorriso de orelha a orelha no rosto. Com os olhões arregalados, analisava o feérico dos pés a cabeça.

— Tá ótimo! — Em pulinhos, girou em torno de Atho, que exibia o visual a partir de poses vergonhosas, tentando destacar o muque inexistente. Com as peças entre os dedos, Ander virou-se para Puri em um giro; os olhinhos castanhos cintilavam mais uma vez. — Tá idêntico à Knácion, Puri! Como conseguiu?

Erguendo o queixo e levando as mãos para a cintura, ela gostaria de responder que fora completamente ideia sua, que havia adivinhado por mero destino, agradecendo, assim, pela atenção de Ander a seu trabalho. Porém, ao separar os lábios, Atho interviu:

— Conheço Knácion muito bem, sabe, Ander? — Ao esticar o braço para mesinha do centro e pegar uns papéis, sua forma verdadeira tomou conta; a roupa seguia a mesma, adaptando-se a qualquer forma que ele utilizasse. — Veja só.

Puri franziu o cenho em um bufar e moveu as mãos para baixo dos sovacos. O aviador, então, ficou nas pontas dos pés ao admirar as folhas e, ao reparar nos desenhos de peças de roupa de Knácion, ao notar ser uma revista de seu próprio país, arrancou-as de Atho, colocando na frente dos olhos com um sorriso.

QUE LEGAL, ATHO! — Com saltinhos, abraçou as páginas junto das roupas. — Você é demais!

A palhaça deixou o queixo cair junto de um revirar de olhos e seguido de muxoxos. Atho isso, Atho aquilo... Bateu o pé. Que cara insuportável! Em um passo, deu de costas para os dois adoradores de Knácion e jogou-se no assento mais afastado do cômodo. Mantinha o queixo para cima e um v entre as sobrancelhas; as bochechas ardiam de tanto morder. Atho, Atho... Fui eu quem costurou! Ao olhar de soslaio para um Ander contente e um Atho exibido, teve de virar a cabeça para o lado oposto, arrastando para longe a poltrona consigo. Não vai ficar...

Foi a um cheiro de grama molhada infiltrar por suas narinas, em conjunto a passos contra a madeira, que a birra fora deixada de lado. No mesmo instante, sua atenção voltou-se à direção do corredor mal iluminado e, em seguida, focou-se no que surgia dali.

Um Eldrey ajustava as mangas de sua camisa preta e bufante. Os cabelos loiros-escuros caiam sobre o olhar cansado, sobre as olheiras marcadas, sobre a pele pálida que refletia as chamas dos lampiões. As asas de fada escondiam-se atrás do sobretudo verde musgo, que cobria parte da legging preta e encostava nos coturnos de mesma cor. Nas orelhas pontudas, brincos dourados e com formato retangular sacudiam de um lado para o outro, acompanhando o andar do feérico até a frente do espelho.

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