A Busca de Ander

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A Busca de Ander

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A Busca de Ander

Pé ante pé, Ander buscava uma oficina mecânica no centro de Puyei. Chutava pedrinhas com sua botina marrom, ao mesmo tempo em que segurava a alça de sua bolsa tiracolo, marcando o tecido com o suor de seus dedos trêmulos.

Todavia, em meio a tantas ruas lotadas e lojas movimentadas, o aviador não se concentrava nos arredores, mas sim no que, em breve, teria de explicar para um mecânico: alguém com conhecimento suficiente para saber que a peça que ele procurava pertencia apenas a jatos da realeza. Seria o mecânico intrometido e curioso, ou alguém que não questionaria por que um garoto qualquer gostaria de uma peça desse tipo? Ander pedia aos santos para ser a segunda opção, porém, sabia não poder depender de suas crenças e, por isso, revisava o que teria de falar para ambas as possibilidades:

Certo, ele pensava. Entrarei na loja, tirarei meu caderno da bolsa e mostrarei a peça. Se ele tiver, saberá para que serve e, se souber, poderá perguntar por que a quero...

Inspirou e expirou, olhando de soslaio para sua bolsa, tentando conter suas suposições enquanto desviava daqueles que cruzavam seu caminho. Franziu o cenho e mordeu o interior de sua bochecha: não gostava de ambientes movimentados, que aumentavam o suor que escorria por seu rosto e aceleravam os batimentos de seu coração. Mesmo com um plano em mente, seus pensamentos sempre rondavam pelas possibilidades de falha, e Ander não podia falhar.

Se me perguntar, responderei a verdade: estou consertando um jato abandonado. Ele poderá suspeitar, talvez se recusar a vender para mim. Mas, se isso acontecer, eu procuro outra mecânica e...

Engoliu em seco, paralisando. E se ele me denunciar para a rainha?!, a possibilidade tomou conta de si. Não, não é fácil comunicar-se com a rainha, mas com um guarda...

Foi quando algo o impulsionou para o lado, acompanhado por um xingamento abafado pelos sons das conversas e músicas de estabelecimentos próximos, fazendo-o despertar de seus pensamentos. Seu corpo chocou-se contra uma parede de tijolos tingidos em verde.

Ei! — Virou-se de imediato, atordoado, perdendo seu olhar na maré de corpos ao seu redor. Ajustou seus óculos de aviador para o meio de seus cabelos e olhou para direita e, em seguida, para a esquerda, repetidas vezes. Não fazia ideia de quem poderia ter o empurrado.

Escorou-se na plataforma atrás de si, puxando sua pochete. Levando uma de suas mãos até a nuca, curvou seus lábios e ergueu-se mais uma vez, sacudindo sua cabeça para retirar os cachos loiros que atrapalhavam sua visão. Independente de quem tenha sido, aquela ação fez com que Ander desse de si.

Primeiro preciso encontrar uma mecânica, conformou-se. Afastado da multidão, balançou a cabeça, dispensando qualquer invenção de sua mente. Girou o corpo e deixou seu olhar flutuar por cada loja, cada placa, cada humano e ser feérico que passava por si.

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