O Acordo com um Aviador

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O Acordo com um Aviador

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O Acordo com um Aviador

Os sapatos de Puri encontravam a terra e o chão feito de tijoleiras mal postas, saltitando enquanto segurava as alças de sua mochila cor-de-rosa. A sujeira alcançou a cauda quadriculada de sua vestimenta, que variava entre quadradinhos xadrez e um preto sólido. Uma polaina contornava seus tornozelos, ligada aos seus sapatos de salto delicados.

Era impressionante analisar o visual da palhaça e, depois, compará-lo com o de Eldrey em estado de ressaca ao seu lado, utilizando as mesmas roupas da madrugada anterior, suadas e cheirando a álcool barato. Uma expressão emburrada o acompanhava, coberta, junto de seus cabelos e orelhas espetadas, por um cobertor nada suspeito.

Os olhos verdes, caídos e donos de uma visão turva, iam das casas coloridas, e praticamente coladas, até a garota animada ao seu lado. A mente de Eldrey girava em torno da dor de cabeça e de pensamentos que o levavam a refletir sobre algo como: essa garota irá me sequestrar, cortar minha cabeça e vendê-la em um leilão por algumas milhares de cédulas.

Afinal, para onde ela estava levando-o?

O nó que trancava sua garganta finalmente se desfez, dando espaço para uma voz rouca e fraca.

— Vai me dizer para onde estamos indo ou irá guardar para meus momentos finais? — Jogou a cabeça para o lado, juntando suas sobrancelhas, deixando suas olheiras ainda mais aparentes.

O olhar azul e cintilante passou a refletir aquela figura acabada, sendo achatado assim que sua dona sorriu.

— Acha que sou assim tão mórbida? — Suas escápulas se encontraram, e sua maria-chiquinha foi levada pelo vento. O queixo pontiagudo foi movido para frente. — Não tô a fim de ser perseguida pela guarda real e seus atiradores de glitters, se quer saber.

Isso é algo que uma sequestradora diria, Eldrey pensou enquanto seus saltos esmagavam as concentrações de terra. Voltou a prestar atenção nos arredores, recebendo olhares de julgamento e de desconfiança. Encolhendo-se, puxou ainda mais o cobertor que o cobria.

— Então... — Flutuou seus olhos verdes por cada cara feia que encontrou. — Vai me dizer para onde está me levando? — Mais olhares. — E, se possível, quanto tempo irá levar? Essa gente está me estranhando.

Uma risada sarcástica foi emitida pelos lábios de Puri.

— Ah, desculpe, majestade, se essa gente não tá acostumada com um esquisito, coberto por um pano preto, perambulando por aí. — Revirou os olhos, fechando a expressão junto de um bufar. — Não tenho como voar até sua nuvenzinha de algodão-doce e pegar um daqueles seus jatos caros.

Os olhos de Eldrey encontraram sua nuvenzinha, o lugar onde seu lar se encontrava. A grande nuvem cobria o céu, deixando nas sombras o dia da periferia de Hebey. Suspirou, mirando em seus pés, chutando as pedras que entravam em seu caminho.

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