2. Eu entendo sua dor

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"Entre o desejo de se perder e a necessidade de se encontrar, a busca pela brisa revela que, às vezes, o que se procura está também nas respostas que não foram feitas."



Era uma manhã de sábado, Minho tinha passado a noite pensando no tinha acontecido, com isso surgiu pequenas olheiras de cansaço em seus olhos.

Não entendia porque deu tanta importância a alguém que não conhece ou que nunca viu na vida. 

Não era a primeira vez que via alguém em uma situação daquela, era explicito a vontade do outro de ser levado pela escuridão da noite. Era como se olhar no espelho, o maior se via naquela vontade estranha que conseguia sentir no desconhecido. Se lembrava da vontade avassaladora de seguir esses mesmo passos em seu passado.

Minho se perguntava se sua preocupação com um estranho se devia ao fato de reconhecer naquela pessoa uma parte de si mesmo. A ideia de que alguém pudesse estar passando pelo mesmo sofrimento que ele, especialmente a ideia de brincar com a morte, o deixava angustiado. Talvez tenha se importado tanto com alguém que nunca tinha visto antes por ter seus pecados compartilhados, por sentir a mesma dor de querer tirar a sua própria vida.


Enquanto olhava fixamente para um canto vazio do quarto, seu olhar cansado e a falta de sono deixavam qualquer um que o visse preocupado.

Ele tinha olhos grandes e redondos, mas nitidamente mostrava seus esforços diários, os cabelos roxos desbotados com um corte comum mostrava o lado desleixado dele.

- Minho?- um garoto mais baixo que o mesmo diz com uma feição de preocupação. Ele tinha cabelos meio enrolados e sua cor era um marrom-claro, seus lhos eram pretos e continha uma feição cansada no rosto

- Sim, Chan?- as palavras saíram automaticamente da boca dele, como se estivesse vivendo no automático.

- Eu cheguei a uns cinco minutos já e você nem me deu oi, ta tudo bem?

- Aham.

O enrolado vai até a cama do maior, era um quarto não tão grande mas também não era nada pequeno. Era branco com uma mesinha e três cadeiras, no canto ao lado da maca apenas um sofá que virava cama para os acompanhantes e uma TV na parede.

Bangchan passo sua mão em frente ao rosto do garoto a fim de certificar que estava no seu próprio planeta, assim não obtendo respostas.

- Oque tanto pensa que nem me deu atenção?- ele diz fingindo esta com raiva do maior.

O garoto leva seu olhar ao amigo e começa a se levantar com um pouco de dificuldade, mas foi parado pelo menor, por mais que quisesse contar sobre oque aconteceu na noite passada, sabia muito bem que ele falaria para esquecer e não se meter na vida dos outros, ou que fosse, para mim, deixar na mão de alguém que tinha condições de ajudar. Mas Minho sabia o quão difícil e para receber ajuda nesses momentos.

A maioria das pessoas acha que é algo apenas para chamar atenção e nunca levam a sério, Minho queria ajudar, seria quem poderia salvado. Ele queria ser esse alguém. Pelo menos dessa vez...

- Eu to bem cara, relaxa- diz afastando as mãos do maior de si- bom meu querido amigo, tudo bem? Como você esta?- Minho estava sendo irônico e brincalhão com o menor, sabia que o deixaria irritado.

- Você gosta de brincar né? Mas eu tô bem, já você não está muito bem e as enfermeiras me informaram assim que entrei.- Seus olhos estavam semi-cerrados, de uma forma brincalhona.

- Aquelas fofoqueiras- suas palavras saíram baixas, mas o amigo conseguiu escutá-las muito bem e soltou uma pequena risada.

Minho era alguém bem serio na maioria do tempo, nunca seguia seu coração, apenas ouvia a razão que ecoa em sua cabeça, tentava de tudo para parecer mais aberto e carinhoso com os amigos mesmo sendo algo muito difícil para si.

Bangchan fez companhia para ele o dia inteiro, Sully tinha que cuidar da avó que não estava se sentindo tão bem, e também tinha que seguir sua vida trabalhando e tendo seu descanso do hospital de onde vinha acompanhado Minho.

Sully era a meia irma do maior, desde que os pais se separaram e que eles se conheceram ficaram bem próximos e estavam sempre lá em tudo um para o outro.

(...)

O dia se passou com os dois amigos conversando sobre suas vidas, Chan contava como Minho fazia falta na roda de amigos, nos encontros e nas encrencas que entravam.

- Sully me Mando mensagem, ela disse que vai ter que ficar com a avó, e pergunto se eu poderia ficar aqui- o enrolado diz encarando o celular em suas mãos enquanto estava deitado no sofá do quarto, era mais ou menos umas nove horas da noite e já estava ficando bem tarde.

- dês de quando você tem o número dela?- Minho o encara com uma feição surpresa no rosto.

- Desde que eu pedir uai.- sua voz sai um pouco mais baixo que o normal.

- Hum, então tá né - solta uma respiração pesada -não vai ser incomodo para você? Eu me viro sozinho aqui- ele não queria incomodar ou dar algum trabalho ao amigo, mas, no fundo, torcia para que ele ficasse.

- Não Minho, amanhã e domingo, então ta tudo bem.

À imagem do sorriso do garoto que Minho havia visto na noite anterior não saía de sua cabeça de forma alguma e ele tentava não demonstrar a ansiedade para procurá-lo novamente no mesmo lugar. Era sua única pista, já que não conseguiu ver o rosto dele.

(...)

Resolveu seguir os mesmos passos daquela noite. O mesmo horário se aproximou, e Minho levantou-se com dificuldade. Chan dormia profundamente ao lado dele, o que o tranquilizava.

Minho saiu em silêncio, segurando o suporte do soro, e começou a andar pelos corredores até o elevador. Apertou o botão para o terraço. Era um espaço amplo e aberto, com grades de proteção e um muro onde o garoto havia se sentado na noite anterior. Era vasto, com algumas "cabines" e a presença da luz das ruas e da lua.

Quando as portas se abriram, Minho se voltou rapidamente para o muro. Não havia ninguém.

"Será que ele não vem mais? Ou cheguei tarde demais?" Minho pensou, a expectativa e a ansiedade o consumiam. Resolveu esperar, acreditando que o garoto poderia aparecer. Horas se passaram e o sol começou a nascer. O terraço iluminado pelos primeiros raios de sol se encheu de uma luz suave e reconfortante. Minho fechou os olhos e sentiu a brisa fresca, pensando no que havia dito sobre gostar da liberdade que a brisa trazia. O que antes era escuridão agora se transformava em luz.

Pequenos feixes de sol tocaram o rosto de Minho, quentes. Aquele momento ficaria gravado em sua mente por um bom tempo.

- Eu realmente pensei que ele estaria aqui de novo. Ele disse que gostava da brisa, que vinha aqui para se sentir livre -Minho murmurou para si mesmo, achando a conversa um pouco estranha, mas reconfortante.

-Vou vir aqui todos os dias até te encontrar. Quero saber quem você é e por que sinto tanto desejo de te ajudar.-Essa é uma promessa. - Minho disse, decidido. Ele voltou para o elevador, desceu os corredores em silêncio, e retornou ao seu quarto, deitando-se novamente na cama, com cuidado para não acordar seu companheiro.

(...)

— Eu espero que cumpra essa promessa, garoto. - Disse o garoto mais baixo, que estava escondido atrás de uma das "cabines", após se certificar de que estava totalmente sozinho.

- Seja o primeiro a não quebrar uma promessa comigo. Quero ver onde sua curiosidade te levará... ou se não será o segundo a se sujar de sangue. - Foram suas últimas palavras antes de sair em direção ao elevador.

O lugar ficou novamente em silêncio e vazio.

Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora