13. Me tornarei louco se for preciso.

189 26 5
                                    

...

Eles se encararam por um tempo. Minho resolve se levantar mesmo estando fraco ainda, não é devido ao machucado do braço que ele estava assim, mas não queria mais preocupação para dar a jisung, esse que o vê tentando se levantar e estende a mão para que Minho a segure 

— Você não pode recusar minha ajuda agora.— aceita, e é levantado por jisung, se lembrando da noite em que o ajudou a ir para o quarto.

O leva para a cadeira em que ele já havia se sentado mais cedo, levando o caderno que tinha pegado e o entregado.

— Me desculpa, eu não deveria ler, eu fiquei curioso com o que seria. — Dá uma pausa na sua fala.— Você tem alguém?

— Não tem com o que se desculpar, e eu não tenho ninguém.

— O que você quis dizer com o que escreveu, e com o que me disse?

— Você leu as primeiras páginas do caderno, de anos atrás. Eu não queria que você visse as que eu havia acabado de escrever. Essas que você acabou vendo são de mágoas e dores passadas.

— Ah, mesmo assim fui inconveniente o bastante para isso tudo ter acontecido.— jisung abaixa a cabeça assim que se senta em frente a Minho, leva sua mão ao braço que estava dolorido e começa a massagear o lugar que doía.

— Você está desidratado, está comendo bem? Bebendo água?— fala sem olhar para Minho, estava preocupado com ele e se sentindo culpado por deixar aquele sentimento fajuto de "ciúmes" o levar e o fazer ler o caderno.

— Tô, sim, parece que sabe desse assunto.— O mais velho o encarava fazendo a massagem, vendo o quanto estava sério e vidrado naquilo, deixando suas bochechas meio infladas e fofas.

— Acontece muito comigo, eu não como muito bem e nem bebo água, tudo aqui tem um gosto muito ruim, aí eu acabo tendo muitas veias rompidas. Doí bastante, as enfermeiras ficaram tão impacientes com isso que me ensinaram essa massagem para que parasse de doer.— Minho o olhava preocupado, parecia que tudo na vida dele tinha uma versão ruim, um lado triste e doloroso.

Eles ficaram em silêncio por uns minutos e Jisung começou a cantarolar a música que ele estava cantando naquele dia. Mesmo que não a conhecesse, ela o deixava mais calmo.

— Você ficou estranho naquela hora.— Ele estava com medo de perguntar e pensamentos ruins o invadirem, mas desde que começaram a conversar melhor sempre quis saber o que o rondava e o atormentava.

— Eu acho que me lembrei de algo que aconteceu comigo.

— Isso não é bom? Você se lembrou de algo.

— Não foi uma boa lembrança, e por isso que não acho que seja bom que continuemos com isso.— O olhar suave do maior some, e a seriedade surge tirando o braço de perto do garoto.

— jisung, tem algo que você queira me contar? — Mesmo tendo uma ideia do que seja, ele queria que Jisung falasse com suas próprias palavras, isso seria bom para ele e Minho enfim entenderia.— Eu prometi que iria te ajudar, e nada do que você for falar vai mudar isso.

Jisung o olhava com um olhar triste, pensando se responderia ou apenas ignoraria aquela pergunta.

— Eu... Não sou uma boa pessoa. — lágrimas começaram a cair.— Eu não quero perder o único amigo que fiz, bom, somos amigos, né?— Minho assente sem falar uma palavra, não queria que ele parasse o que estava falando.

— Minho, há três anos eu fiz algo que não tem salvação. Eu destruí minha vida e tudo o que eu um dia poderia conquistar, e eu nem sei como. E tudo um grande branco, é, eu não consigo resolver.— Ele abaixa a cabeça e coloca as mãos em cima dos olhos.

— Tá tudo bem, vai ficar tudo bem.

— Minho, eu matei alguém.— cansado de escutar que tudo um dia ficaria bem, até de si, jisung conta o que tanto temia, o que estava o machucando mais que esses anos presos, mais que cortes em sua pele, remédios excessivos e os vícios duvidosos.

Minho apenas o olha, não foi algo que o deixou tão surpreso, afinal, ele já sabia, mas o fato de nem ele saber o que realmente pode ter acontecido só mostra que ele talvez não seja alguém verdadeiramente ruim, e ele não desistiria de ajudá-lo. 

Mesmo que Jisung tivesse matado uma pessoa, ele já havia se atirado no fogo pelo garoto no momento em que o salvou pela segunda vez.

— jisung, eu não vou sair do seu lado, mesmo você sendo um suposto assassino.

— Você é louco, todos aqui têm medo e se repreendem por minha causa. Eu achei que...

— Me tornarei louco se for preciso.— Minho o corta e se inclina com dificuldade, para ficar mais perto de jisung.

Ele o envolve em seus braços, sentia que o menor precisava daquilo mais que ele mesmo. 

E ele não estava com medo, porque mesmo em pouco tempo, ele nunca achou que iria se importar tanto com alguém que ele nem sequer conhece direito.

Jisung se assusta com o ato repentino, de todos os que foram em bora, e o deixou, aquele garoto estranho que ele conheceu em pouco tempo, o abraçou mesmo após saber quem era. O garoto se deixa levar pelo abraço e algumas lágrimas caem, era quente e aconchegante, e aquele perfume surgiu novamente.

Tava tudo mudando tão rápido. Mas nem sempre mudanças drásticas são boas eternamente.

~

Um feliz Natal atrasado e um feliz ano novo adiantado, boas festas!!!

E obrigada por me apoiarem, isso me deixa feliz.

Sou grata a todos que estão lendo! espero que estejam gostando.

Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora