"A vida monótona cansa."
Han estava adormecido na maca, mas ao começar a se mexer, sentiu seus braços presos a algo frio e metálico. Abriu os olhos devagar, analisando tudo ao seu redor até que sua visão, antes embaçada, clareasse.
O loiro à sua frente estava sério, ansioso para iniciar uma conversa. Han percebeu que seus braços estavam algemados. Não era a primeira vez que se encontrava nessa situação. Na verdade, era irônico estar ali novamente.
Ele não se lembrava de como havia chegado ali, de como o fizeram dormir, se foi sedado ou se tomou seus remédios matinais. Mas, no fundo, isso pouco importava.
Felix continuava a encará-lo, sério e preocupado, a respiração pesada preenchendo o silêncio.
— Por que você está me olhando assim? — Han perguntou, imóvel. — Onde está Minho? Foi só um sonho, certo? Pode me soltar. — Ele balançou as algemas, fazendo um grande barulho com a força empregada.
— Querido, estou aqui do seu lado. Não vou te machucar, mas infelizmente, não posso te soltar — disse Felix, abaixando um pouco o tronco para se aproximar de Han.
— Mentira. Ninguém se importa, nunca se importou. — Han tentou se levantar, forçando seu corpo e seus braços. — Se alguém realmente se importasse comigo, eu já estaria morto. As pessoas não iriam apenas me agredir física e mentalmente. Entende? Elas me matariam. Mas não o fazem porque não se importam com minha vida; apenas se aliviam no meu corpo. Felix... se esse for mesmo seu nome, sabe, eu realmente não me importo, mas não sou ingênuo. Posso não entender as coisas mais simples desta vida, deste cotidiano. Mas para alguém que sente dor constantemente e causa dor, eu entendo bem.
Sou taxado de maluco, psicopata, ou seja lá o que dizem. Eu sei o que esses termos significam. E não me importo. Mas vou fazer jus ao que me chamam se eu não conseguir o que quero.
Felix prestava atenção em cada palavra de Han. Era raro vê-lo fazer um discurso tão extenso.
A pressão que Han fazia para se soltar era tanta que seus pulsos começaram a sangrar nas algemas.
— Pare com isso! — Felix, ao perceber o sangue escorrendo, correu para segurar as mãos de Han, tentando evitar que ele piorasse os ferimentos.
Os dois lutavam, Felix tentando detê-lo e Han insistindo em continuar.
Um sorriso surgiu nos lábios de Han. Ele gostava da dor? Ou da atenção?
Felix sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ver o sorriso nos lábios de Han. Aquela expressão era um misto de desafio e prazer que ele não conseguia decifrar completamente. A dor que Han estava causando a si mesmo parecia alimentar algo mais profundo, algo que escapava da compreensão de Felix.
— Han, por favor, para com isso — Felix insistiu, apertando os pulsos de Han com mais firmeza, tentando conter o sangramento. — Eu estou aqui para te ajudar, mas você precisa parar de se machucar.
Han soltou uma risada baixa, quase sarcástica, enquanto observava Felix se esforçar para controlar a situação. A tensão entre os dois era palpável, como se o ambiente ao redor estivesse prestes a explodir a qualquer momento.
— Ajudar? — Han repetiu, o sorriso ainda presente, mas agora mais sombrio. — Você realmente acredita nisso? Acha que essas algemas, essa dor, essa prisão, são para o meu bem?
Felix hesitou, sentindo o peso das palavras de Han. Ele sabia que havia uma verdade amarga ali, algo que ele não podia negar. Mas também sabia que deixar Han livre naquele estado seria ainda mais perigoso, tanto para ele quanto para os outros.
— Eu sei que parece cruel, mas é a única maneira de garantir que você não se machuque mais, Han. Eu não quero te ver sofrer. — A voz de Felix tremia ligeiramente, uma mistura de compaixão e desespero.
Han o observava, seus olhos estreitando-se enquanto estudava cada nuance da expressão de Felix. Ele podia ver a luta interna que o loiro enfrentava, dividido entre o desejo de protegê-lo e a necessidade de controlá-lo.
— Você tem medo de mim, não tem? — Han sussurrou, como se estivesse compartilhando um segredo. — Medo do que eu posso fazer... ou talvez do que eu já fiz.
Felix não respondeu imediatamente, o silêncio entre eles se estendendo por alguns segundos que pareceram uma eternidade. Ele podia sentir o suor frio em sua testa, cada palavra de Han penetrando em sua mente, como facas afiadas.
— Não é medo, Han. — Felix finalmente falou, sua voz baixa e carregada de sinceridade. — É preocupação. Eu me importo com você, mesmo que você não acredite nisso. E é por isso que não vou desistir de tentar te ajudar, mesmo que você me odeie por isso.
O silêncio na sala foi quebrado por um som inesperado. Han, que até então mantinha uma expressão endurecida, deixou escapar um soluço. Seus ombros tremeram levemente, e suas mãos, antes tão firmes na luta contra Felix, agora começavam a perder a força.
Felix olhou para ele, surpreso. Os olhos de Han, que antes carregavam desafio, agora estavam marejados de lágrimas. As lágrimas rolavam silenciosamente por seu rosto, caindo sobre as algemas e manchando o metal frio com sua dor silenciosa.
— Han... — Felix começou, sem saber como lidar com essa súbita mudança.
— Eu... não quero que Minho morra... — Han sussurrou entre lágrimas, a voz embargada. — Ele... ele é tudo o que eu tenho. Ele é a única coisa que me mantém aqui. Eu não quero que ele sofra por minha causa, Felix. Mas eu sei que... eu sei que estou destruindo tudo.
As palavras saíam entrecortadas, como se cada uma delas fosse arrancada à força de seu peito. O rosto de Han estava contorcido em angústia, revelando um lado vulnerável que ele raramente mostrava, talvez nunca tivesse mostrado antes.
Felix, ainda segurando as mãos de Han, sentiu um aperto no coração. Vê-lo assim, tão despedaçado, fazia com que todos os seus instintos de proteção se acentuassem. Ele sabia que, debaixo de toda aquela dor, havia um medo genuíno de perder alguém que Han realmente amava.
— Minho não vai morrer, Han — Felix respondeu suavemente, tentando trazer um pouco de conforto para o caos interno que via nos olhos do outro.
Han balançou a cabeça, os soluços se intensificando. Ele fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas, mas era como tentar barrar uma enchente. O peso de suas emoções era esmagador, e a culpa que sentia por envolver Minho em sua própria dor o consumia.
— Eu só... eu só quero que ele seja feliz, que ele tenha uma vida normal, longe de todo esse inferno. Mas toda vez que eu abro os olhos, vejo que estou arrastando ele comigo, para um lugar onde não há saída. E se um dia... se um dia ele acabar morrendo por minha causa, eu não vou me perdoar. Eu nunca vou me perdoar, Felix.
Felix sentiu um nó se formar em sua garganta, lutando contra as lágrimas que ameaçavam surgir em seus próprios olhos. Ele sabia que não havia palavras mágicas que pudessem apagar o sofrimento de Han, mas também sabia que, naquele momento, o que Han mais precisava era de alguém ao seu lado, alguém que o entendesse e que pudesse suportar aquele fardo junto com ele.
— Han, você não precisa carregar isso sozinho — Felix disse, a voz suave mas firme. — Minho está ao seu lado porque ele quer estar. Ele sabe dos riscos, ele sabe o que está em jogo, mas ele escolhe ficar porque ele se importa com você.
— Me deixa ver ele.
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Deve tá sendo um saco ler, eu entendo, mas to fazendo de tudo pra escrever oque eu pensei dês do início. É sempre foi um han de duas caras que faria qualquer coisa, da mais inocente a mais intensa e agressiva.Se não estiverem gostando eu agradeceria se me notificassem :) aceito críticas!
To tentando dar uma revisada e uma melhora nos capítulos anteriores então se algo estives diferente é pq eu troquei, sinto muito ser tão confusa. Só que na minha cabeça eu queria que a história fosse perfeita pra vcs.
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Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSung
FanfictionJisung perde a memória depois da morte de seu pai, porém uma pergunta prevalência em sua mente "será que fui eu que o matei?" Seu passado era como uma grande incógnita, um mistério. Várias perguntas predominaram desde aquela época, mas era impossíve...