4. Um barulho estranho.

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"Minho buscava um sorriso no vazio, como se esperasse que a luz da lua pudesse iluminar o caminho até um desconhecido que só ele conhecia."


Era o começo de mais uma segunda-feira, e Minho estava completamente sozinho no hospital pela primeira vez desde que foi internado. Na noite anterior, havia seguido o mesmo ritual de sempre, sem sucesso em descobrir algo novo sobre o garoto, mas manteve isso em segredo dos amigos.

— Oi, hyungg! — Felix, um garoto loiro e sardento, entrou no quarto do mais velho com um uniforme branco de estágio, semelhante ao das enfermeiras.

— O que você está fazendo aqui, Felix? — Minho, inicialmente sério, logo esboçou um sorriso surpreso e feliz ao ver o amigo inesperado.

— Este é o meu novo estágio. Lembra que eu estava estudando para conseguir um emprego no hospital? Mesmo que seja temporário, é uma ótima oportunidade para aprender — Felix falava rápido, sua voz transbordando entusiasmo. O reencontro trouxe um brilho aos seus olhos marejados, revelando o carinho genuíno que sentia por Minho.

— Acalma lixie- Minho diz se levantando com dificuldade e se aproximando.- e bom te ver- o maior dá um pequeno abraço rodeando sua cintura deixando o sardento meio chocado e travado, tanto que não conseguiu reagir ao abraço

—Desculpa...Eu sinto sua falta Minho— o garoto diz com um sorriso triste e com os olhos meio marejados, ele era sempre muito sentimental e expressivo. Sempre estava lá por todos e era um amor até com as piores pessoas.

Para Felix, Minho sempre foi como um irmão mais velho, alguém que oferecia conselhos e apoio constante. A presença de Minho em sua vida era algo fundamental, e vê-lo em um estado tão debilitado o entristecia profundamente. Mas não queria que o amigo o visse naquela situação, se sentia meio envergonhado.

- Não se desculpe, minha situação que é deplorável- estava com o rosto afundado nos ombros do amigo

- Não diga isso- o loiro em fim colocou as mãos nos cabelos roxos de Minho o fazendo um pequeno carinho, sentia que o garoto não estava tão bem. Ele precisa de companhia mais que tudo.

(...)

O dia passou rapidamente. Felix não pôde permanecer no quarto de Minho por muito tempo, pois precisava cumprir suas responsabilidades de estágio. No entanto, sempre que tinha uma pausa, ia visitá-lo.

O garoto de cabelos roxos passou a maioria do tempo sem companhia, Sully teve que ir trabalhar e como era dia de semana nenhuma de seus amigos além do Felix tinha condições de visitá-lo.

Estava de noite, seria a primeira vez que passaria sozinho no hospital, ele estava levemente nervoso, mas nada que o tirasse de órbita, as horas se passaram e como tinha feito nos outros dias o garoto foi ao terraço,chegou mais cedo do que o habitual. O terraço, com sua sensação de liberdade e tranquilidade, era o único lugar onde Minho conseguia se afastar das preocupações e do tédio.

Minho estava se acostumado a ir lá, sentia que era uma forma de esparecer, estava sozinho, era o que sentia, mas não era vazio igual a seu quarto ou aos corredores, era calmo e o dava uma boa sensação. Não tinha tirado o garoto da cabeça, lembrava repentinamente do sorriso dele, era como se estivesse obcecado em algo que não compreende, que não podia ter e se sentia com vontade de ajudar.

Às vezes se perguntava se tudo oque fazia não era uma idiotice, mas sentia que deveria ficar ali, e agora não achava o lugar ruim. Sempre falava sozinho para tentar consertar seus "problemas" como se estivesse com alguma certa companhia que o dava apoio.

—Eu sou idiota por tá aqui? Eu fiz uma promessa para alguém que nunca vi, ele nem sabe quem eu sou ou que estive aqui.- o garoto se encontrava no chão do terraço, onde a luz da lua refletia em um dos muros

—Talvez ele tenha se deslocado para outro hospital, mas eu ainda sinto que vou revelo de novo, eu quero de certa forma ajudá-lo a ver o mundo de outro jeito- Minho fala com uma voz mais falhada e triste, dando grandes pausas em cada frase.

— No fundo, sentimos o mesmo, mas quero mudar isso para ele, dar a ele uma segunda chance, quero consertar isso hoje, porque não pude consertar isso antes. Com ela.

—Bom, mudando um pouco o assunto, a mamãe ainda não veio me visitar, parece que cada dia mais ela se maltrata remoendo aquilo. Mas ela ainda e a minha mãe, apesar de tudo, ela não tem ninguém, apenas a mim.- Minho falava com uma dor em suas palavras, uma voz mais rouca e trêmula.

Horas se passaram, Minho falava sobre coisas que o deixavam impacientes como se tudo fosse se resolver, se deixasse ir em bora com o vento, assim tinha virado a noite, mas já não via problema e sim estava se transformando em seu cotidiano.

O lugar estava silencioso, mas tinha uma brisa leve e boa.

— Garoto de sorriso bonito, sinto que se você voltasse, eu não me sentiria tão solitário. Talvez pudéssemos nos tornar amigos, compartilhar nossos sentimentos — Minho disse, olhando para os primeiros raios de sol que começavam a aparecer no céu.

De repente, um barulho alto quebrou o silêncio do lugar. Minho se levantou rapidamente, assustado, e se aproximou da origem do som com cautela, segurando um pedaço de madeira como se fosse uma arma.

— Quem está aí? — Ele se aproximou de uma pequena cabine de onde o som parecia vir, sentindo uma mistura de ansiedade e medo.

Antes que pudesse ver o que estava causando o barulho, um novo som surgiu, intensificando o suspense. Minho estava agora na iminência de descobrir algo, com a respiração acelerada e o coração batendo forte.

Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora