"Entre o medo de ser visto e o desejo de ser notado, o coração de Jisung florescia nas sombras."
Jisung observava atentamente cada movimento do garoto, os olhos fixos no rosto dele, iluminado pelos raios de sol que atravessavam. O brilho dourado da manhã realçava as feições delicadas do menino, criando um halo ao redor de sua cabeça, como se ele fosse uma figura angelical em meio ao cenário banal do terraço. Havia algo hipnotizante naquela cena: o contraste dos raios dourados dançando sobre a pele pálida do menino, destacando sua expressão serena. Ele era tão lindo.
Jisung estava tão imerso em seus pensamentos, absorto naquela visão quase onírica, que mal notou quando seus pés o levaram a esbarrar, sem querer, em uma fileira de vasos de plantas dispostos na plateia. O som dos vasos tombando e se quebrando no chão ecoou pela sala, cortando o silêncio como uma faca. Ele prendeu a respiração, congelando no lugar.
— Mas que merda — murmurou Jisung, a voz tão baixa que nem ele mesmo pôde ouvir direito. — Por que diabos tem tantas plantas aqui?
Ele tentou, desesperadamente, não fazer mais barulho. Ficou imóvel como uma estátua, os músculos tensos, a respiração presa na garganta. Seus olhos se moveram rapidamente para Minho, o garoto que tanto o fascinava, e ele percebeu que o som tinha chamado sua atenção. Minho se virava na direção do barulho, os olhos curiosos procurando a fonte do distúrbio. Cada passo que Minho dava em sua direção parecia ecoar como um trovão nos ouvidos de Jisung.
O coração do garoto batia descontroladamente. Ele estava com medo, medo de ser descoberto. Seria assim que tudo acabaria? Ele sabia que, se Minho o visse, provavelmente pensaria que ele era estranho e pararia de se importar. A ideia de perder a única pessoa que parecia ter algum interesse nele era aterrorizante.
Ele nem sabia ao certo o que significava alguém se preocupar com ele. Era um conceito estranho e desconfortável. Durante toda a sua vida, Jisung foi tratado como alguém que precisava ser consertado, alguém que era problemático. Ele não entendia por que Minho, um garoto que parecia ter tudo, se importaria com ele. Mas, se Minho descobrisse que ele estava ali, escondido, observando-o durante toda as semanas, certamente o acharia um lunático, como todos os outros.
Minho se aproximava cada vez mais. Jisung podia ouvir o som dos passos dele no piso. cada um como um tambor batendo em sincronia com seu próprio coração acelerado. Tudo terminaria ali. Ele o veria. E, então, seria o fim. Seu corpo inteiro estava em alerta máximo, como se a qualquer momento fosse preciso correr ou se esconder melhor.
Mas, quando Minho estava a poucos passos de descobrir seu esconderijo, o som do elevador se abrindo ecoou pelo corredor, interrompendo o momento. O ruído metálico das portas deslizando assustou Minho, que parou de avançar e se virou. Ele lançou um olhar rápido para o elevador, franzindo a testa em irritação.
— Você não pode estar aqui sem supervisão, senhor Lee Min'ho. — Uma enfermeira apareceu, saindo do elevador com os braços cruzados e uma expressão severa no rosto. Seu uniforme branco brilhava sob a luz fluorescente, e seu rosto estava marcado por uma mistura de alívio e frustração. — Sabe o quanto eu te procurei? Venha, vamos para o quarto.
— Mas... tem alguém ali.
Minho tentou protestar, a voz cheia de urgência, mas a mulher não deu ouvidos. Ela agarrou-o pelo braço, puxando-o de volta para o elevador. Na pressa, Minho deixou cair um pedaço de madeira que segurava. Antes de entrar no elevador, ele lançou um último olhar na direção de onde o barulho tinha vindo, os olhos semicerrados em suspeita. A porta do elevador se fechou com um som abafado, e Jisung soltou um longo suspiro de alívio.
Ele não tinha percebido que estava segurando a respiração desde que se fingiu de estátua. Seu peito subia e descia rapidamente enquanto ele tentava acalmar o coração acelerado. A tensão nos ombros diminuiu lentamente, e ele se permitiu relaxar, ainda escondido atrás das plantas derrubadas. Seus pensamentos estavam um turbilhão. Ele se perguntava se Minho realmente tinha visto algo, ou se estava apenas desconfiado por causa do barulho.
Enquanto isso, Minho, voltando para o quarto, teve que ouvir a enfermeira tagarelar sobre a importância de os pacientes não saírem sem acompanhamento ou permissão. Cada palavra dela parecia uma agulha perfurando seus pensamentos, mas ele não conseguia parar de pensar no barulho que ouvira mais cedo. Não era a primeira vez que escutava sons estranhos naquele lugar; pensava que eram gatos ou, quando ouvia risadas distantes, imaginava que fosse o vento brincando com as folhas. Mas aquele barulho... aquele barulho foi muito forte. Não havia como o vento derrubar tantas coisas de uma vez.
Era como se vários vasos tivessem sido deixados cair de propósito. Minho sentia uma sensação estranha no peito, uma mistura de curiosidade e algo mais profundo, algo que ele não conseguia nomear. Ele queria saber quem estava ali, e por que sentia que essa presença o observava há algum tempo.
Chegando ao quarto, a enfermeira continuou a falar, mas Minho já não ouvia mais. Seus pensamentos estavam longe, tentando montar um quebra-cabeça que não conseguia entender. Ele deitou-se na cama, ainda vestido, olhando para o teto com os olhos semicerrados. As luzes do quarto piscavam ocasionalmente, como se estivessem tentando contar um segredo.
Enquanto isso, Jisung estava vagando pelos corredores vazios do hospital, seus passos leves ecoando nas paredes estéreis. Ele passou a mão pelos carrinhos das enfermeiras, sentindo a textura fria do metal sob seus dedos. Estava perdido em pensamentos sobre o que acontecera há poucos minutos, tentando entender por que Minho parecia tão curioso, tão determinado a descobrir quem estava ali.
Ele parou ao passar por um carrinho de medicação em frente ao quarto vinte e seis. Seus olhos se fixaram em uma folha de papel parcialmente coberta por outros documentos. "Lee Min'ho" estava escrito no topo em letras claras. A curiosidade tomou conta de Jisung, e ele rapidamente pegou o papel, dobrando-o e escondendo-o debaixo da camisa.
— Garoto? Você não pode sair dos quartos sem um acompanhante! — uma voz soou atrás dele. Jisung se virou, encontrando um jovem enfermeiro loiro, um pouco mais alto que ele, com sardas espalhadas pelo rosto. Havia algo de gentil em seus olhos, algo que fez Jisung hesitar por um momento.
— Claro, eu me perdi sem querer — Jisung respondeu, forçando um sorriso. Ele sabia que era um sorriso falso, mas esperava que fosse convincente o suficiente.
— Sou Felix, o novo enfermeiro. Cheguei a uma semana muito prazer! — Felix disse, estendendo a mão.
— O prazer é todo meu — Jisung começou a dizer, mas foi interrompido por uma mulher baixa que apareceu de repente.
— Han Jisung, você sabe as regras, o que faz fora do quarto?
— Han estava me acompanhando, ele foi fazer uns exames, senhora — Felix disse rapidamente, lançando um olhar cúmplice para Jisung. A mulher pareceu satisfeita com a resposta, e os dois apressaram o passo para voltar ao quarto de Jisung.
Quando chegaram, Jisung virou-se para Felix, uma expressão de curiosidade e cautela em seu rosto.
— Por que você mentiu? Pode dar problemas para você.
Felix deu de ombros, sorrindo de forma tranquila. — Então é o Han Jisung? Eles falam mal de você, têm medo de você. Eu só não acho que é para tanto.
— Ah, você já sabe disso, então. Tem medo de mim também? — Jisung perguntou, tentando entender o que Felix realmente pensava.
— Não, por que eu teria? — o loiro respondeu com um sorriso doce.
— Talvez porque há boatos de que eu mat... — Jisung começou a dizer, mas foi interrompido.
— Vou provar para eles que você não é o que falam, e você deveria sorrir mais. Seu sorriso é lindo. — Felix disse, saindo rapidamente do quarto sem esperar uma resposta.
Jisung ficou parado, ligeiramente confuso pela súbita gentileza. Ele não estava acostumado com esse tipo de tratamento. Assim que ficou sozinho, tirou o papel debaixo da roupa e começou a ler, curioso sobre o que encontraria na ficha de Lee Minho.
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Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSung
FanfictionJisung perde a memória depois da morte de seu pai, porém uma pergunta prevalência em sua mente "será que fui eu que o matei?" Seu passado era como uma grande incógnita, um mistério. Várias perguntas predominaram desde aquela época, mas era impossíve...