3. Não tenho coragem...

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"Mesmo que descartem certas dores ou traumas, você ainda sofrerá as consequências dos atos e sentirá aquela dor de insuficiência."


Jisung sentia-se vazio, com uma sensação constante na garganta que lhe parecia como se estivesse engolindo um bolo de fios de cabelo. A sensação de cortar e sufocar o impedia de respirar e o fazia desesperar. Ele se arranhava e se enforcava, tentando desesperadamente aliviar a dor e a sensação ruim. O gosto metálico de ferro tornou-se predominante, e ele se engasgava com as palavras que tentava dizer.

A dor parecia interminável, transbordando em seu corpo e pedindo ajuda através das marcas que carregava.

Um garoto estranho lhe prometeu que o encontraria e ficaria lá até vê-lo. Seria isso um novo motivo para viver? Uma ilusão? Ou simplesmente uma curiosidade insaciável? O que o garoto tanto procurava encontrar em Jisung?

Jisung sentia uma conexão estranha com aquele garoto, já se passará uma semana e tinha um sentimento que não conseguia explicar. Estava intrigado e com uma agonia ansiosa no peito. Ele queria entender o que era aquele sentimento que experimentou pela primeira vez. Talvez fosse uma pequena obsessão, seja pelo garoto ou pelo próprio sentimento.

Ele queria entender o que o garoto tinha feito com ele e estava disposto a usá-lo para isso. No fundo, Jisung queria o garoto. Ou seria este Jisung, a versão de si mesmo que apagou da memória? Dizem que as pessoas tendem a esquecer o trauma profundo ou eventos tão dolorosos que preferem descartá-los.

Por um lado, ele tinha medo de seus desejos fossem longe demais, que fosse de sua outra metade que não se lembrava. O menor não sabia o que poderia fazer e isso o enlouquecia. Uma promessa quebrada o levou ali, e se outra promessa se quebrasse, ele sentia que voltaria a estaca zero e então saberia. Talvez enfim entenderia o Jisung que tinha sangue nas mãos.

Ele não tinha certeza de nada, mas a mesma pergunta sempre lhe assombrava:

"Eu realmente posso matar alguém? Por que mataria se sou incapaz até de tirar minha própria vida?"

As pessoas a sua volta começaram a culpá-lo e a tratá-lo estranho nos últimos meses, a três anos sua vida virou de cabeça para baixo, algo que ele nem se lembrava do motivo, mas era o culpado.

Pode ter sido há três anos, mas foi em messes atrás que essa notícia começou a crescer. O assassinato de seu pai.

As últimas coisas que lembrava era da sensação do sangue quente em suas mãos, e dos gritos acusatórios de sua mãe.

- Você sabe o nome do garoto de cabelos roxos?- Jisung que estava voltando a realidade e saindo um pouco dos seus pensamentos, diz para enfermeira que colocava o remédio esbranquiçado em sua veia.

- Você sabe que não posso fornecer informações sobre outros pacientes, já tivemos essa conversa. - A enfermeira o encara com uma expressão séria.

- Não custa tentar né?- ele dá um sorriso falso nos lábios, ele não fazia questão de ser simpático com as pessoas, apenas quando ele queria algo.

- O diretor pediu para lhe avisar que você terá sessões de terapia as sextas.- a enfermeira diz meio relutante com os olhos do garoto presos em si.

- Dês de quando tem terapia nesse hospital? Não vou.- o sorriso se desmancho do rosto.

- Apenas não questione, foi a pedido de sua mãe ao diretor.

- Aquela mulher pode conseguir qualquer coisa apenas com esse dinheiro sujo.- Jisung diz mais para si como se estivesse cochichando.

A mãe de Jisung o culpava ternamente pela morte do pai, tentou se livrar de todas as formas do filho até que conseguiu colocá-lo nesse hospital com uma parceria com o diretor. Queria que Jisung sumisse, assim não afetaria sua empresa quando o assassinato do marido ficasse "famoso". Ela lidou com essa notícia por três anos, mas não sabia como guardá-la mais, já que ela estava se espalhando involuntariamente aos poucos.

Jisung era o único que estava na sala quando seu pai foi morto, mas não tinha nenhuma evidência ou prova que fosse realmente ele, mesmo tendo sangue nas mãos ele não poderia ser julgado pela perda de memória.

Só havia Jisung e o pai.

Jisung lembrava vagamente do rosto pálido do pai e da sensação do sangue nas suas mãos, nada mais. Suas memórias sumiram, era difícil se lembrar de coisas antes do ocorrido. Às vezes ele se perguntava que até oque podia se lembrar vagamente não era fruto da sua imaginação ou até um sonho.

Desde pequeno, Jisung tinha um vínculo forte com o pai, enquanto sua mãe estava mais preocupada com a estética e com os negócios do marido do que com a família. O relacionamento deles começou a se deteriorar, e seus pais começaram a agir estranhamente na presença do filho.

Depois de todo o ocorrido, Jisung começou a passar de hospital em hospital por quase três anos, fez exames e mais exames. Ele mesmo não tinha ideia do que tinha, mas nunca perguntou a ninguém, apenas assentia tudo oque faziam com eles, os remédios estranhos, os exames frequentes, soros, cirurgias. Ele via isso como uma forma de pagar pelos seus pecados.

Tudo feito em seu corpo tinha autorização da mãe, até mesmo sem ela vir ver o filho. Fazia mais de seis meses que ela não aparecia desde que trocaram de hospital, mas sempre tinha algum coisa com ela envolvida. Sempre.

- Peça ao diretor que a mande me visitar, ou me recusarei a ir. - Jisung exige, com uma voz firme.

- Não posso pedir isso ao diretor.- sua fala foi baixa, Jisung conseguia ver a mentira saindo da boca da mulher, ela não queria entra em contato com o diretor a respeito do garoto.

- Você não pode nada?- Jisung altera levemente a voz, ele estava começando a ficar impaciente com a mulher.- peça ou eu mesmo vou pedir pessoalmente.- a sua última fala saiu mais como uma ameaça do que um diálogo comum.

A mulher, meio apreendida e com medo de Jisung, apenas não diz nada.

Lin uma das enfermeiras que antes cuidava de Jisung tinha sumido, dês de então vem vindo enfermeiras em seu quarto com um grande intervalo de tempo. Isso era meio inapropriado, mas todas tinha um pé atrás com o garoto.

- Imprestáveis.

A mulher que antes estava ali sai apresadamente do quarto com a cabeça baixa.

Estava bem escuro, sozinho no quarto, Jisung resolveu ir para o terraço, estava interessante aquela historia do garoto de cabelos roxos ir até la para o velo.

Aquilo o entretinha de certo modo e o deixava com vontades de conhecer mais sobre ele, além de se sentir feliz.

Talvez estivesse começando a ficar realmente obcecado pela persistência de um estranho? Ou...

Take me out of here | Me Tire Daqui- MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora