Passarela

Capítulo 2

Na vila Guryong os moradores lutam bravamente por sua sobrevivência, vivendo com pouco contrapondo a realidade de uma das maiores economias asiáticas. Mesmo se tratando de um polo de riquezas, a Coréia também abriga essas pessoas que vivem em situações precárias.

Nesta vila vive Changbin com seus irmãos mais novos, Jeongin e Jisung. Abandonados pelos pais os meninos precisaram adquirir uma estrutura familiar para sobreviver sozinhos, onde Changbin, o mais velho, largou os estudos no último ano do ensino fundamental a fim de cuidar da casa assim garantindo que os irmãos pudessem concluir seus estudos e terem um futuro melhor.

Após um grande incêndio a 9 anos atrás, Changbin, com apenas 19 anos, precisou abdicar do pouco que tinha para salvar os irmãos e, com absolutamente nada, construir uma nova moradia para sua família. Foi assim que o jovem conheceu Choi San, um bombeiro novato que agiu no trágico incidente e se solidarizou com os três meninos. O corpo de bombeiros que agiu na ação arrecadou fundos para a reconstrução da vila e o novato em questão se afeiçoou a muitos dos moradores dali.

Atualmente Changbin passa seus tempos arrumando bicos para sustentar os irmãos. Jeongin, agora com 17 anos, é um jovem promissor que gosta de estudar e trazer orgulho ao irmão, ao contrário do irmão Jisung que, aos 23 anos, já formado na escola, nem ao menos tenta arrumar um emprego ou ir para a universidade.

O silêncio da manhã é cortado pelas batidas na porta da casinha simples onde os meninos residem.

– San, pode entrar, amigo. Quanto tempo não te vejo. – Changbin recebe o amigo de forma calorosa.

– Estava com saudades de vocês. Realmente não estou tendo tempo para nada.

– San. – O mais novo corre para abraçar o bombeiro.

– Como está, pirralho? Estudando muito?

– Bastante. Você vai ver, vou passar em primeiro lugar na SNU.

– Uau, a maior universidade da Coréia. É uma grande universidade. – San e Changbin se entreolham.

– Mas eu consigo, sei que consigo. Vou ser um grande médico.

– Tenho certeza que sim. E estamos precisando de bons médicos. – San afaga o cabelo do mais novo.

– É sábado, pra que tanto barulho? – Jisung surge do pequeno quarto que divide com os irmãos.

– É bom te ver também, Jisung.

– Ah, oi San. – Ele senta na mesa do café. – O que tem pra comer?

– Ah, temos um pouco de suco e um resto de kimchi. – Changbin fala com a voz fraca, parecendo um pouco envergonhado.

– De novo?

– Eu trouxe kimchi novinho, uns lattes e, obviamente, uma sopa de legumes que Wooyoung fez.

– Oba. – Jeongin pega as sacolas e coloca na mesa com animação.

– Finalmente algo decente para comer. – Jisung dispara de forma áspera. 

Os amigos se juntam aos meninos a mesa de café e trocam trivialidades de suas vidas. Changbin descobre que San agora faz um bico como segurança em uma empresa de modelos, e faz menção a estar nauseado, afinal ele odeia esse tipo de vida. Para o rapaz, modelos são pessoas fúteis que nem ao menos pensam.

Terminando o café Changbin leva o amigo até a entrada da vila, no caminho ele situa o amigo de que os quatro trabalhos estão massacrando sua saúde. Ele precisou gastar com remédios, um valor que não estava previsto em seu orçamento, por isso os cafés da manhã têm sido mais escassos e, nem sempre, enche os três pratos.
– Meu amigo, sinto muito mesmo, preciso visitar vocês mais vezes. Mas agora como esta?