Capítulo 24

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Ao amanhecer Hyunjin acorda mais feliz e empolgado que jamais parecera para o rapaz dormindo ao seu lado. Ao descer as escadas Changbin segue ao encontro de Hyunjin que já os aguarda na sala de jantar com uma imensa mesa de café da manhã. Os meninos, que ali dormiram por ficarem até muito tarde, descem as escadas passando rapidamente pelo irmão indo direto a Hyunjin para cumprimenta-lo. Em seguida o casal de amigos desce encontrando Changbin na beira da escada.

– Que família linda, hein, meu amigo. – San brinca batendo no ombro de Changbin que lhe retorna com um sorriso.

Todos sentam-se a mesa para apreciar o café em família, pois logo precisam retornar a suas rotinas. Após um café reforçado e repleto de conversas casuais, os meninos, junto com o casal de amigos de Changbin, se encaminham a suas rotinas despedindo-se dos que ficam. Os irmãos de Changnin se demoram abraçando e agradecendo o modelo, deixando nítida a proximidade maior que os meninos adquirem.

Hyunjin então se encaminha a um ensaio agendado por Bang Chan que acabou dormindo na mansão também, mas não quis participar do café para não atrapalhar o momento em família.

No carro, encaminhando-se para o local do ensaio, Bang Chan vai citando as tarefas do dia para Hyunjin. O dia turbulento termina tarde e o retorno a mansão é tão cansativo que o jovem casal resolve ir deitar e comer algo simples no quarto mesmo. Changbin faz dois sanduíches e leva para o quarto.

– Dia cansativo, hein. – Fala depositando a bandeja com os dois sanduíches na cômoda.

– Muito... você é um amor, mas não sei se tenho apetite. – O modelo fala se virando na cama.

– Não, não, não. – Changbin fala virando o modelo para olhar em seus olhos. – Você precisa comer, passou o dia apenas com o café da manhã que eu sei. – Ele acaricia o rosto do rapaz amorosamente.

– Eu sei... é que.

Changbin percebe a melancolia voltando aos olhos do rapaz, o que lhe causa muita preocupação.

– Me fala, o que aconteceu?

– Nada, só... gostei de hoje de manhã. Queria que pudéssemos fazer isso todos os dias. – Ele recebe um selinho amoroso. – E... tive que falar dos meus sequestros na entrevista.

– É um assunto delicado pra você?

– Até que não. – Ele ri debochando um pouco. – Meio que já estou acostumado... só foi... chato.

Os dois trocam alguns selinhos e Hyunjin perde a batalha de teimar em não comer. Após o lanche finalizado os dois deitam lado a lado em silêncio contemplando o momento juntos, mas Hyunjin percebe a expressão séria e vaga do guarda costas.

– Fala, o que esta passando nessa cabecinha, hein?

– Nada não.

– Binnie... fala, podemos falar qualquer coisa um para o outro.

– Não quero tocar em assuntos delicados. – Ele abaixa um pouco a cabeça e Hyunjin movimenta-a pelo queixo para olhar em seus olhos.

– Confio totalmente em você... Pode falar. – Ele oferece um sorriso cansado, mas decidido.

– É que não consigo parar de me perguntar... Porque você é sequestrado tantas vezes... com tanta frequência, sabe?

– Ah, é isso. – Ele solta um riso bufado demonstrando não se importar tanto com o assunto. – A verdade é que é mais simples que parece... – Os dois se olham, Changbin com um olhar de dúvida que Hyunjin acha muito doce. – Dinheiro... simples assim.

O modelo volta a deitar-se ao lado do rapaz com os braços cruzados na nuca, ao que o guarda costas permanece com suas dúvidas.

– Pode me chamar de burro, como você costumava fazer. – Fala brincalhão se posicionando em cima do modelo e encarando seu rosto doce. – Realmente não entendi.

– Já disse que você é um fofo? – Beija delicadamente os lábios do guarda costas que senta ao seu lado. Então senta novamente para esclarecer suas dúvidas – Eu movimento muito dinheiro, sabe? A marca que represento me valoriza demais e usa para absolutamente tudo. E... bem... – Ele hesita, mas prossegue. – Não posso dizer que é uma marca respeitosa. Eles monopolizam muitos âmbitos no mundo da moda e massacram sem dó outras marcas, por isso eu sou alvo de grande parte de seus inimigos.

– Espera.... então você corre risco de vida? não é apenas para resgate ou coisa do tipo?

– Você ficaria chocado se soubesse quantas pessoas já tentaram me matar... por isso você está aqui, amorzinho. – Beija delicadamente a bochecha do outro.

Nitidamente Changbin fica mais transtornado com a situação que Hyunjin, ele pega o rosto do modelo com delicadeza e olha em seus olhos com firmeza.

– Prometo proteger você nem que isso custe minha vida.

Hyunjin sorri cansado novamente, entendendo que o rapaz de fato não havia entendido, até aquele momento, o real motivo de sua contratação. Ele beija os lábios de Changbin com delicadeza e logo o beijo se transforma em caricias demoradas e quentes. Os dois deixam o assunto de lado para viver um momento ardente.

Após Hyunjin dormir, o guarda costas, ainda transtornado com o que o modelo lhe confessara, resolve buscar notícias sobre sequestros do modelo no passado. Ainda abraçado ao modelo adormecido, ele pega seu celular no intuito de entender um pouco melhor, através de notícias, o que o modelo passou referente aos sequestros citados. Em seu tempo trabalhado, foram quatro tentativas, sendo uma com sucesso, o que intrigou demais o guarda costas que mal consegue parar de pensar o quanto a vida do rapaz é envolta de pessoas que querem seu mal.

Ao colocar o nome do modelo associado a palavra sequestro no buscador de seu telefone ele se depara com inúmeras notícias relacionadas de alguns casos diferentes. Começando sua breve investigação curiosa ele abre uma das notícias de quando o menino tinha apenas 15 anos.

"Adolescente, grande nome de marca famosa, é sequestrado em Praga a caminho de sua nomeação como embaixador"

Um pouco mais abaixo, duas notícias com datas completamente distintas.

"Modelo famoso foge em perseguição gigantesca pelas ruas de New York"

"Após desfile marcante, modelo é vítima de sequestro relâmpago em Berlim"

Changbin pausa sua leitura para observar um pouco o modelo que dorme sereno em seu peito. Ele sente pena e angústia por tudo que o rapaz já sofrera e a forma como sua vida é regulada, sem ao menos ter espaço para expressar opiniões e vontades, como um verdadeiro prisioneiro de sua própria trajetória.

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