Capítulo 31

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Após um dia completamente exaustivo de trabalho Changbin chega em casa e encontra Jeongin e Seungmin jogando vídeo game. Enquanto isso, mesmo em meio a barulhos, Jisung dorme no sofá. A cena completamente doméstica de uma família unida e feliz enche quase por completo seu peito, sempre faltando aquele espaço em especifico a ser preenchido.

Chegando na cozinha um café preparado por Wooyoung que aguarda a chegada do amigo.

– Amigo, como foi o dia de trabalho?

– Bastante cansativo, mas foi ótimo. – Changbin oferece um sorriso, claramente, entristecido.

– Sei... Olha, eu e o San pensamos em fazer uma noite de comida italiana, então a janta vai demorar, porque não termina seu café e vai dormir um pouco? Eu te chamo.

– Tem certeza? Eu posso ajudar em algo?

– Não, de verdade. Qualquer coisa eu chamo os meninos. Vai, vai.

– Ta bom. – Ri levemente da pressão do amigo. – Obrigado amigo.

Wooyoung oferece um sorriso largo e o rapaz sobe as escadas sem nem estudar os meninos que riem e falam alto para o jogo de vídeo game. Ele sobe as escadas com passos cansados e se dirige para o quarto.

Mesmo muito cansado ele leva um grande susto quando encontra alguém sentado em sua cama. Com o rosto bastante abatido por, aparentemente, ter chorado, uma expressão corporal demonstrando um misto entre timidez e receio, Hyunjin nem parece aquele mesmo modelo debochado, descarado e confiante de si. Os dois se encaram por alguns segundos sem conseguir trocar palavras até que o modelo se encoraja.

– Jisu disse que eu podia entrar.

Mesmo após a declaração do modelo Changbin permanece sem disparar qualquer palavra, porém ele desvia o olhar do modelo tentando se relembrar o porquê de não terem conversado mais e não estarem mais juntos. A decepção lhe toma o peito ao se recordar das atitudes e palavras do modelo naquele dia.

– E-eu... eu sei... – Ele pigarreia na tentativa de recobrar a coragem. – Sei que eu fui um babaca. – Algumas lágrimas surgem em seu rosto. – Eu sinto...

– Estou cansado demais para isso. Você pode sair? –Changbin assume um olhar frio e encara o modelo.

– Não. – Hyunjin agora chora tentando se manter firme para debater. – Não eu não posso.

– Hyunjin.

– N-não... não me chama assim, por favor... – A súplica deixa escapar alguns soluços e derrama lágrimas mais grossas.

– Não faz isso...

– I-isso... o... que? Te amar?

– Eu não quero ouvir.

– Changbin, p-por fa-avor.

– Já chega, Hyunjin... como pode dizer que me ama? Você realmente pensou que eu... que eu pudesse... e envolver meu irmão?... – Algumas lágrimas escapam dos olhos de Changbin que se aproxima sem perceber.

– Des-culpa.

– Desculpa? Eu te amei, amei de verdade, quase morri quando soube que você estava correndo perigo... eu levei meus irmãos para sua casa.... você por um acaso sabe o que é amor?

– NÃO, EU NÃO SEI... – O modelo perde completamente o controle das lágrimas e Changbin lhe encara surpreso. – C-como... você que-er que eu saiba?... eu nunca tive ninguém... s-sempre... se-empre... que alguém se aproxima... sempre que eu chego perto de ser amado eu perco tu-udo... foi assim com meu pai, com minha equipe, até quem eu achei que era meu amigo. – Ele funga e consegue controlar melhor a fala. – Não, Changbin, eu nunca soube de verdade o que era o amor... até... até chegar perto de você. Até abraçar o Jisu, até presentear o Jeongin... eu nunca entendi o que era amar até conhecer sua família. E definitivamente... eu nunca soube o que era estar apaixonado até acordar em seus braços.

Changbin passa a perder o controle de algumas lágrimas que escorrem pelo rosto estarrecido. Ele tenta segurar a emoção que as palavras do modelo lhe causaram, tenta se manter racional em meio a situação.

– Você não confiou em mim, Hyunjin.

– Eu sei e eu sinto muito. – Hyunjin se aproxima alguns centímetros. – Sei que estou pedindo demais ao vir aqui e implorar seu perdão, mas quando você foi embora... ficou um vazio no meu peito, quando você foi embora... você... – Hyunjin suspira tentando se recompor e caminha na direção do rapaz devagar. – Changbin você me fez sentir vivo e quando você não me procurou, quando nunca mais pude sentir você, ouvir você... eu me senti morto de novo. – Agora o modelo se aproxima a ponto de ficar poucos centímetros do rapaz. – Por favor, me desculpe por tudo, pela falta de confiança, por ser cego e não ver que te amava, mas acima de tudo isso, me desculpe por ser egoísta... você pode, por favor, me devolver a vida... me devolver o amor... me devolver você. Volta pra mim, por favor. – A respiração deles se encontra e o espaço entre seus corpos é quase nulo.

– H-Hy... Hyunjin...

O ex guarda costas acaba se entregando e, em meio a proximidade ao ponto de sentir a respiração do outro, eles se beijam. O beijo é doce porém significativo carrega a dor da decepção, da separação, da saudade, mas além disso deixa claro o sentimento forte que eles dividem. Os dois se abraçam muito apertado sem querer se soltar.

– Por favor, me desculpa. – Hyunjin fala com o rosto apoiado no ombro de Changbin.

Changbin pega o rosto de Hyunjin delicadamente com as duas mãos, secando um pouco suas lágrimas com os dedões.

– Acho que, no fim, eu terei que ser egoísta... – Hyunjin encara o rapaz aguardando a conclusão da frase. – Eu te perdoo e me trago de volta pra sua vida, porque não sei mais se consigo viver sem você, seu mimadinho idiota.

Os dois sorriem em meio às lágrimas e novamente se abraçam forte. Por mais que tenha ficado triste e decepcionado com o modelo, Changbin compreendeu a situação do rapaz e, ao mesmo tempo, sentia o mesmo vazio, a mesma dor, ele sabia que os irmãos sentiam a falta de Hyunjin também e não conseguia mais imaginar a palavra família estando sem o modelo.

Por mais alguns instantes os dois ficam abraçados. Seus rostos ficam a milímetros de distância até que o jovem casal sela o momento com um beijo doce. O modelo é envolvido pelos braços de Changbin que rodeiam sua cintura, enquanto Hyunjin tem os braços sobre os ombros do outro. Eles se encaram por alguns segundos com sorrisos leves nos lábios e olhos brilhando.

– Eu estava com tanta saudade. – Hyunjin fala brincando com um cacho solto do cabelo do rapaz a sua frente. Changbin recebe a carícia com um sorriso fechando os olhos. – Precisamos descer. – Ele escora a cabeça no ombro do rapaz.

– Porque? – Changbin fala deixando um beijo na têmpora do rapaz. – Passaria horas nesse abraço.

– Eu também. – Hyunjin fala com um enorme sorriso no rosto. Ele beija a testa do rapaz. – Mas prometi que iríamos descer de mãos dadas.

Changbin lhe olha sem entender, mas, após alguns segundos, parece compreender algo não dito.

– Jisu? – Hyunjin responde positivamente com a cabeça. – Óbvio.

Os dois se encaram novamente e trocam alguns selinhos, querendo permanecer ali. Quando descem as escadas de mãos dadas os gritos de comemoração dos amigos são ouvidos. Ambos sorriem tímidos, mas terminam de descer as escadas. Jisung, ainda sentado no sofá sorri largo e é encarado pelo irmão.

– Seu pestinha, era pra permanecer de repouso.

– Se eu permanecesse de repouso os dois idiotas estavam choramingando cada um no seu canto.

Todos riem e o casal se aproxima para fazer cócegas no garoto. As risadas da família preenchem o ambiente com muita alegria. O jantar especial foi preparado na intenção de celebrar o jovem casal que nem ao menos tinham voltado, mas os amigos tinham essa esperança. 

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