Capítulo 5

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Bang Chan entra na enorme mansão, acompanhado de Changbin que carrega uma sacola grande com seus pertences. Os dois são recebidos por um mordomo no hall de entrada e Changbin não consegue controlar sua admiração com o lugar, pois nunca em sua vida havia estado em um ambiente tão luxuoso.

– Guarda-costas ou lixeiro, eis a questão. – Hyunjin fala escorado no corrimão no topo da escada trajado de um roupão Louis Vuitton cor marfim.

– Para um modelo você é bem brega. – O rapaz fala com uma expressão debochada.

– Creio que o convívio vai ser bem agradável. – Bang Chan sussurra para a funcionária que os recebeu, ganhando um riso contido da garota.

Hyunjin desce as escadas devagar sem a menor vontade de receber o rapaz, mas ainda assim é melhor que manter os quatro homens que ficam o seguindo para todo canto.

Frente a frente, o modelo e o guarda-costas se encaram sem qualquer afinidade.

– Se forem se beijar eu me retiro. – Bang Chan corta a tensão e solta um riso doce.

Bang Chan encaminha os dois para um escritório onde poderão conversar e alinhar os próximos passos, já que agora eles precisarão conviver diariamente juntos.

Hyunjin e Changbin entram no escritório, se estranhando desde o primeiro momento. Cada um senta em uma das poltronas, dispostas lado a lado em frente à mesa. Os tramites da rotina são acordados, o guarda-costas precisa de, pelo menos, um dia na semana para estar na companhia dos irmãos, os demais dias deve passar ao lado do modelo lhe acompanhando em eventos e viagens, sendo nas viagens podendo ultrapassar os dias acordados, mas, como não se tratam de rotina, Changbin acaba aceitando. O modelo não coloca muitos empecilhos, visto que já sabe como é viver com pessoas completamente estranhas a seu redor.

– Bem... – Bang Chan fala se levantando e indo em direção à porta. – Como já alinhamos todo o necessário creio que minha presença não faça mais sentido.

–Espera, o senhor vai deixar a gente sozinhos. – Changbin dispara.

– 'Nós' ficaremos sozinhos, hora ou outra. Isso foi o que alinhamos em toda a conversa, bobão. – Hyunjin fala, levantando-se de braços cruzados.

– Eu entendi, só não imaginei que fosse... agora.

– Você quer um ritual de iniciação?

– Certo, vou deixar vocês... se conhecendo. – O CEO fala um pouco sem jeito e sai em direção ao carro onde o motorista lhe aguarda.

Após se encararem por alguns segundos, Hyunjin segue até seus aposentos sendo seguido por Changbin. Na porta, o rapaz para abruptamente, quase causando uma colisão entre os dois, suspira fortemente e encara o que lhe segue.

– Você não precisa colar em mim não, bobão.

– Nós precisamos estar juntos o tempo todo, princesa. – Changbin fala em tom de deboche.

Hyunjin não suporta a ideia nem a pessoa que lhe segue, ele revira os olhos e segue seu caminho até a grande biblioteca. Sendo seguido por Changbin que, automaticamente, fica admirado com o ambiente repleto de inúmeros livros, uma escrivaninha grande para leitura, grandes poltronas e um divã escorando a uma janela gigantesca. A biblioteca, de tirar o folego, ainda conta com um grande lustre luxuoso que, por conta da luz do dia, encontra-se apagado. Como conclusão de um ambiente digno de filmes antigos, um quadro complementa a visão luxuosa, nele estão Hyunjin e sua família, sendo o modelo ainda um bebê.

– Uau. – Changbin solta, sem a menor intenção.

– Nunca viu uma biblioteca antes?

– Claro que sim, mas nunca para apenas uma pessoa usufruir.

– Tsc. – Ele revira os olhos empunhando um livro e sentando em uma poltrona. – Claro, duvido que tenha algum livro.

– Você está certo, não tenho.

– Claro que não.

Changbin segue admirando a biblioteca e sendo admirado por Hyunjin que lhe encara disfarçadamente. O modelo passa a observar o rapaz que traja roupas simples, mas reveladoras, uma regata branca com os braços a mostra deixam Hyunjin completamente hipnotizado.

Quando o segurança vira novamente o modelo disfarça e volta seu olhar para o livro.

– Você já leu tudo isso?

– Alguns. – Hyunjin fala sem tirar os olhos do livro. – Nunca tenho tempo.

– Claro. – Changbin ri de forma debochada.

– Qual a graça?

– Você, um riquinho que vive de tirar foto me diz que não tem tempo para ler?

Hyunjin solta um riso debochado e encara o rapaz.

– Veremos o que vai achar do meu 'tempo' de agora em diante.

Changbin mostra um sorriso sem dentes, ainda sendo encarado por Hyunjin.

– Realmente acha que ser modelo é tão fácil assim? – Hyunjin se levanta atirando o livro na poltrona. – "só tirar fotos", isso?

– Me explique, senhor super modelo, como sua vida é tão difícil.

– Você não sabe nada sobre a minha vida. – Hyunjin assume um olhar melancólico.

Changbin observa a melancolia no olhar do modelo, sem entender muito bem o porquê, porém respeita em silêncio a possível dor do rapaz. Então, o modelo deixa o livro de lado e se encaminha ao seu quarto, dessa vez, sem ser acompanhado pelo guarda-costas que permanece na biblioteca.

Hyunjin aproveita que o rapaz não o seguiu para mudar seu curso e se encaminhar ao atelier secreto onde se sente mais confortável e feliz. O rapaz pega uma de suas telas brancas e começa algum desenho aleatório que vem a sua mente, aos poucos aparece uma silhueta na tela, costas muito bem delineadas em uma regata branca um pouco reveladora, braços musculosos vem em seguida e é aí que Hyunjin finalmente se dá conta que seu subconsciente trouxe a tela o guarda-costas que tanto lhe incomoda. Logo o rapaz trata de esconder a imagem a fim de tirar o rapaz de sua mente.

A grande mansão se torna um labirinto para Changbin que se arrepende de ter dado espaço para o modelo aproveitar sua solidão.

Seus passos apressados enchem o corredor silencioso de desespero quando, em uma curva, os dois se encontram de forma bruta e desabam ao chão.

O modelo cai de costas com Changbin em cima de si. A evidente inimizade se torna ainda mais nítida quando se encaram numa proximidade milimétrica.

- Sai de cima de mim, miniatura de segurança. - o modelo quase grita.

Changbin levanta com dificuldade e bastante irritado.

- A culpa não é minha, eu não conheço nada aqui e você me deixou sozinho.

- Ah, agora a culpa é minha?

- Foi você quem saiu todo triste querendo ficar sozinho.

Hyunjin revira os olhos fortemente e bufa.

– Com o tempo, você vai aprender que eu não tenho escolhas... se tivesse, você nem estaria aqui. - Ele vira as costas e segue para seu quarto.

– Acredite, 'senhor', temos o mesmo sentimento. – Changbin conclui a conversa o seguindo com a cara fechada.

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