Capítulo 26

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Infelizmente os almejos do guarda costas são em vão, pois seu irmão e namorado permanecem em um galpão sujo sob a mira de dois delinquentes armados. No dito galpão Jisung espreita e aproveita uma oportunidade de distração dos sequestradores para desamarrar o modelo encapuzado.

– Sou eu... não faça movimentos bruscos. – Ele sussurra no ouvido do modelo que assente.

– EI. – Cairo dispara puxando Jisung pelos cabelos. – Sai daqui. Você não fica perto dele.

O homem afasta Jisung como a um animal indesejado chutando pelo chão. O que não agrada o comparsa Logan, mesmo que muito grotesco, o rapaz nutre algum sentimento por Jisung.

– Ei, para com isso.

– Ta protegendo o namoradinho?

– Quer mesmo entrar nessa?

Os dois se encaram de uma certa distância, com um olhar ameaçador, o que deixa o rapaz impactado e atônito. Então eles deixam a discussão de lado, pois o silêncio do ambiente é quebrado com algum barulho muito distante.

Ao longe eles escutam sirenes cada vez mais próximas e Cairo volta seu olhar para Jisung. Então ele revista o menino encontrando seu celular, logo jogando o aparelho no chão e pisoteando.

– Seu merdinha. – Fala com raiva desferindo um tapa forte no rosto do menino.

Logan fica apavorado ao ver pela janela as viaturas se aproximando com velocidade, seguidas de algumas motos. Ele não consegue imaginar uma forma de escapar daquela situação, o que o apavora.

O comparsa, muito mais sanguinário e frio, passa a chutar o menino caído no chão que se encolhe e passa a gritar para Hyunjin correr e se esconder. A polícia chega ao local e Cairo, completamente fora de controle saca uma arma e começa a atirar. Jisung tenta correr na direção de Hyunjin, mas é interceptado por Logan que o puxa para um canto protegido.

Os tiros permanecem e Hyunjin consegue se esconder em um canto isolado do galpão. Suas roupas sujas e rasgadas, hematomas tomam seu corpo, o lábio cortado complementa um rosto machucado com expressão de desespero.

Um vulto preto surge em sua direção e ele fecha seus olhos precedendo seu fim. Logo seu corpo é levantado com rapidez e o rapaz lhe encaminha a uma moto. Então Hyunjin percebe que o homem em meio a escuridão era Changbin.

Ao se dirigirem a um terreno um pouco afastado e desconhecido, Changbin tenta tirar o rapaz da garupa da moto, ao que o mesmo se afasta com força.

– SAI, O QUE VOCÊ... COMO? DE ONDE SURGIU?

– Se acalma, Hyunjin.

– ME ACALMAR? ME ACALMAR? EU QUASE FUI MORTO... ERA... ERA MESMO SEU IRMÃO... O QUE?

– Preciso que você se acalme. – Ele pega o rosto do modelo com delicadeza tentando lhe acalmar.

Hyunjin arregala os olhos e logo se afasta das caricias do rapaz com receio. Ainda muito desnorteado sua respiração é ofegante, ele tenta colocar os pensamentos em ordem. 

– Todos querem algo de mim... todo mundo quer alguma coisa... – Seu olhar volta para a estrada remota e se torna mais melancólico. – O que você quer de mim?

Logo eles escutam barulhos ao longe o que alarma o guarda costas.

– No momento, só quero que você permaneça vivo. – Ele lança sua mão para Hyunjin que hesita brevemente, mas pega com receio.

O modelo não consegue mais discernir o que foi real e o que pode ter sido interesse, ele se recorda do rapaz lhe questionando quanto aos sequestros de seu passado e seu peito pesa em cogitar a possibilidade de que ele realmente possa ter se corrompido.

Os tiros ainda podem ser ouvidos na distância em que o modelo e guarda costas estão. Changbin não para de andar de um lado para o outro esfregando o rosto com evidente sinal de preocupação, enquanto Hyunjin, sentado em uma pedra, o encara estudando o rapaz.

– Está preocupado com seu irmão ou com seus comparsas? – Fala por fim, com certa incerteza no olhar.

– Como é? – Changbin dispara incrédulo.

– Seu irmão me confirmou... o dia em que me perguntou sobre os sequestros te deu alguma ideia? – Hyunjin dispara alterado sendo observado com incredulidade por Changbin. – Você por um acaso já gostou de mim realmente, ou a necessidade falou mais alto? – O modelo passa a derramar lágrimas.

– Hyunjin, do que você está falando?

– É por isso que deixou seu irmão, não é? Porque sabe que seus comparsas vão cuidar bem dele.

– EI. – Changbin se exalta. – CHEGA. Meu irmão pode estar morto neste exato momento e você agindo feito um louco.

– LOUCO? EU FUI SEQUESTRA...

– EU SEI. – Os dois se encaram mais próximos. – Eu sei, ta legal? Estou me sentindo um idiota, um bosta, um incompetente. Ao mesmo tempo impotente por nem conseguir salvar meu irmãozinho. E ainda por cima preciso ficar escutando o cara que eu amo duvidar do meu caráter.

– O c-cara que o que?

– Sim, Hyunjin, eu te amo. Sempre amei, acho que desde o primeiro instante que conheci quem você era, mas..., mas isso? Você realmente achou que eu pudesse fazer uma coisa dessas?

– O Jisu... ele me falou...

– Você entendeu errado, só pode, ou o Jisu teve que mentir por algo, mas você realmente acreditar.... é demais pra mim. – Changbin passa a tentar segurar as lágrimas que vencem a batalha. – Sabe?... Esquece, vem cá.

Ele se aproxima de Hyunjin com um pequeno estojo de primeiros socorros para tratar seus ferimentos. O silêncio árduo paira no ar e o olhar do guarda costas começa a pesar no peito de Hyunjin. Em toda sua vida recebera olhares de diversas formas que nem sempre lhe abalaram, inveja, raiva, desprezo, ganância, luxúria, mas vindo da pessoa que declaradamente lhe ama o olhar de decepção pesava em seu peito como toneladas. O modelo pensa, por um breve momento, como se desculpar, mas logo a tristeza do momento abre espaço para uma grande preocupação.

– Jisu...

– Que? – Changbin, que destinava sua atenção aos machucados no pulso do modelo se atenta.

– Jisu, ele... como saberemos como ele está?

Os dois se atentam ao silêncio do ambiente, sinal que o tiroteio teria sessado e poderiam retornar aonde as viaturas de polícia estavam. Ambos sobem apressadamente na moto e chegam rapidamente ao local onde duas ambulâncias estão a postos. Ambos os feridos tem ferimentos a bala em seus peitos e, ao chão, disposto um saco preto coberto com um celular ao lado e um boné em cima. Ambos pertences de seu irmão, Jisung. 

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