Capítulo 11

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No hospital, Hyunjin assume um olhar triste e completamente frustrado. Acompanhado de cinco seguranças e uma enfermeira, o rapaz sente-se sozinho e abandonado, novamente com a sensação de ser um produto. Ao mesmo tempo, permanece se culpando por sentir-se bobo ao deixar-se criar um sentimento por uma pessoa que, ao seu ver, não lhe enxerga de verdade, não passa de mais uma pessoa que tem o modelo como um simples produto vazio.

Em uma sala afastada no hospital, o CEO entra em uma reunião online com o guarda costas através de um notebook da equipe.

– COMO DEIXOU ISSO ACONTECER? – O CEO inicia a reunião completamente eufórico e aos berros. – EU CONFIEI EM VOCÊ... A VIDA DELE ESTAVA EM SUAS MÃOS... COMO? ME EXPLICA COMO? – Ele bate tão forte na mesa que a tela treme. 

– Senhor. – Changbin inicia a reunião de cabeça baixa. – Sinto muito, eu não... fiquei desatento e... não ocorrerá novamente.

– OBVIO QUE NÃO OCORRERÁ, PELO AMOR DE DEUS, CHANGBIN... PELO AMOR DE DEUS.

Então, um silêncio de instaura e Bang Chan tenta se recompor do outro lado da linha. Caminhando de um lado para o outro ele executa um exercício de respiração no intuito de tentar prosseguir a reunião com profissionalismo.

– Ouvi que ele está machucado... quanto?

– Al-algumas... lacerações no rosto, punhos e pernas.

– Meu Deus... e como ele está? – Ele demonstra real e sincera preocupação com o estado do modelo.

– Está machucado, senhor, sendo cuidado pela enfermeira no momento...

– Não, idiota, como ele está? Está triste? Apavorado? Chorou?

Foi então que Changbin, com alegria, percebeu que o CEO estava realmente preocupado com o rapaz como pessoa e não como um produto, um lado que ele talvez não imaginara existir no empresário.

– Ele... está recolhido, senhor. Parece... traumatizado. 

– Certo, fique com ele, não o deixe sozinho. – O CEO pareceu estar arrumando algumas coisas na mesa. – Estou indo agora mesmo com o jatinho, devo demorar algumas horas, então consiga um psicólogo para verificar a saúde mental do Jinnie.

"Jinnie"? – Changbin pensou. Nunca percebera a clareza da relação deles, então passa a pensar sobre isso, onde pode ter começado e o quanto Bang Chan realmente se preocupava com o rapaz. Nitidamente o CEO não tem o rapaz como 'apenas mais um modelo', então as dúvidas surgem em sua mente, sem qualquer intuito de sana-las no momento. 

O guarda costas se encaminha aos aposentos do modelo encontrando o rapaz adormecido no leito rodeado de seguranças. Ele encara Hyunjin adormecido com curativos pelo rosto, ataduras nos punhos e um semblante fragilizado.

O rapaz adormecido acorda assustado, o suor escorrendo por seu rosto, respiração ofegante e olhos arregalados atraem o guarda-costas que se preocupa com a imagem em sua frente.

– Calma, ta tudo bem, estou aqui.

Hyunjin lhe encara se acalmando aos poucos, mas logo lhe afasta.

– Sai... sai de perto de mim. - Ele se afasta e deita de costas.

Lágrimas escorrem por seu rosto entristecido com a dor de sentir-se abandonado. Seu sentimento é de vazio, um grande e grotesco vazio se instaura em seu peito após sentir-se como um produto, tanto nas mãos dos sequestradores carrascos quanto nas mãos do rapaz que a pouco era possuidor de seu maior afeto, de um sentimento que nem ele ao menos imaginava possuir.

Changbin compreende logo seu erro, mas não consegue ter alguma atitude imediata sobre a situação, sente-se como um mal profissional, só consegue se culpar pela maneira como foi desatento e permitiu todos os com o rapaz bem na sua frente. Mas profundamente também sente um afeto mutuo, sua visão ante o rapaz mudou, não consegue mensurar o quanto sofreu ao vê-lo machucado, ao perceber que não tinha controle sobre a situação e que poderia nunca mais volta a vê-lo, a verdade é que, desde o momento em que subira na moto, o profissionalismo não o atingira, na realidade seu coração tomou a frente da situação e a razão que deveria vir em primeiro plano se perdeu no meio do caminho.

Com a chegada do psicólogo Changbin precisa se retirar, mas matem uma distância segura do modelo, após o trauma não quer proporcionar qualquer chance de tudo ocorrer novamente.

O psicólogo se retira da sala e logo Changbin lhe questiona.

– Senhor, como ele está?

– O senhor é o que dele?

– Preciso reportar ao meu chefe como ele está, sou... funcionário dele. – Changbin mente, nada foi pedido referente a visita do psicólogo, sua questão é puramente uma preocupação que possui com o modelo.

– Certo... ele está traumatizado, seu estado natural de choque e medo é uma resposta comum. – O psicólogo lê algumas anotações e Changbin não consegue evitar a tentativa de enxergar as anotações, mas falha. – É importante conversar com ele. O rapaz se sente sozinho e precisa se ouvido, por mais que seja resistente em conversar.

– Mas... Ele... ele não está falando comigo.

– Bem, é necessário que ele esteja acompanhado, com família e amigos ao seu redor... ele tem mais algum amigo próximo com quem se sinta confortável de conversar?

– Creio que não. – Changbin baixa o olhar. – E... acredito que não tenha familiares também.

– Bem... você pode tentar. – O psicólogo guarda s anotações no bolso. – Ele precisa conversar, precisa se sentir acolhido ou... – Ele considera não falar, mas resolve que precisa. – O rapaz está com muitos traços de alguém depressivo. Realmente é necessário que possua uma rede de apoio.

O psicólogo se retira deixando Changbin sozinho com seus pensamentos. Seu erro pesa mais no peito após a afirmação do psicólogo. Ele tem completa compreensão que sua aproximação com o rapaz oi afetada após sua reação no momento do resgate, mas ao mesmo tempo precisava ser profissional, não poderia se entregar aos sentimentos. No fundo de seu peito, no momento do resgate, queria apenas tomar Hyunjin em seus braços e desabar. Seus pensamentos enquanto estava naquela moto, perseguindo a van em movimento, eram de completo desespero como se alguém muito importante para si estivesse sendo sequestrado, um sentimento completamente diferente de um segurança com seu protegido.

Bang Chan chega ao hospital correndo, sem se preocupar em disfarçar sua preocupação com o modelo, ele entra no quarto rapidamente e Changbin se levanta para recebe-lo, mas é ignorado. Hyunjin, sentado em seu leito segurando um livro é abraçado com afeto e preocupação. Hyunjin recebe o abraço no primeiro momento com receio, mas logo entrega carinho.

– Como está? Sente alguma dor? Precisa de algo? Quer comer algo diferente, eu peço pra você. – Ele pega o celular, mas log é impedido pelo modelo.

– Chan, calma. – Ele pega, carinhosamente, o CEO pelos ombros. – Estou bem, não estou com dores e nem fome.

Changbin estranhou a firmação, pois não viu o modelo comer nas últimas horas em que lhe acompanhou. Porém julgou desnecessário tecer comentários no momento.

– Certo. – Bang Chan vira para Changbin. – Nós vamos conversar.

– A culpa foi minha. – Hyunjin atrai a atenção dos dois. – Eu... – Ele olha para o guarda costas que esta com os olhos arregalados e volta o olhar para o CEO que lhe encara incrédulo. – Sabe como sou quando quero privacidade, precisava de um momento e dei um perdido nos seguranças. – Fala com uma voz amena transmitindo naturalidade

– Mas eles não poderiam te perder de vista, principalmente ele.

– Chan, sabe como consigo fugir quando quero.

O modelo então amolece o coração do CEO que volta a abraça-lo com afeto. Os dois sorriem, finalmente Changbin compreende que a relação dos dois é mais fraternal, podendo ser até mais quando ambos possuem tempo para tal.

Changbin deixa os dois a sós conversando um pouco como grandes amigos, trocando trivialidades e sorrisos. Ainda assim não compreende porque o modelo, que aparenta estar decepcionado em brabo com ele, lhe defendeu de tal forma. Tinha certeza que o próprio modelo iria pedir sua demissão ou algo do tipo, mas ocorreu o completo oposto e isso lhe deixou extremamente intrigado. 

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