Capítulo 9

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– Você fez o que? – Bang Chan fala surpreso do outro lado da linha.

– Eu não tive escolha, senhor, ele se engalfinhou com outro modelo.

– Deixa eu adivinhar, o Felix?

– Acho que era esse o nome, na verdade ele se apresentou, mas não lembro. – Changbin tenta puxar da memória. – Na verdade, Hyunjin chamou ele de Basti Varál, Varral... – Ele escuta Bang Chan rir do outro lado da linha.

– Bastiaan Van Gaalen... – O CEO ri mais um pouco. – Esse garoto não tem limites.... Enfim, pelo menos ele não se machucou?

– Um pouco, senhor.

– Como? – Se ouve um barulho, perceptivelmente de algum movimento brusco do CEO na cadeira. – No rosto? Pelo amor de Deus, me diz que não foi no rosto.

– Não senhor, ele só está com os braços um pouco roxos e um arranhão no pescoço.

O silencio se instaura na ligação e a respiração preocupada de Bang Chan é nítida.

– Tudo bem, só garanta que isso não ocorra novamente.

Após a finalização brusca da ligação o rapaz tenta comunicar-se com o modelo através da porta do quarto trancado, porém não tem sucesso. Então o guarda costas desce para pegar o jantar do rapaz e, ao entrar no quarto, encontra o modelo sentado na sacada. Mesmo chamando e tentando convencer o rapaz a comer, o modelo permanece de costas sem qualquer movimento brusco.

– Será que vou ter que alimentar ele agora. – Changbin sussurra para si.

– Eu não sou surdo, idiota. – Hyunjin se levanta e cruza os braços. – Só não estou com fome.

– Não posso dizer que a comida é... apetitosa. – Changbin fala observando o prato.

Hyunjin solta um sorriso espontâneo, mas logo se desfaz, não querendo demonstrar que achou o comentário do guarda costas divertido. Então o modelo se direciona a penteadeira do quarto, onde começa o processo de skin care, ignorando a presença do guarda costas. Changbin então observa o rapaz, elegantemente, retirar a maquiagem de forma delicada.

– O que está olhando?

– Eu?

– Não, idiota, meu amigo imaginário. – O modelo debocha e revira os olhos.

– Vem cá, hein, você por um acaso já interagiu com algum ser humano?

– O que? – Hyunjin indaga, realmente confuso.

– Não sabe nem conversar... nem ao menos, ser educado.

– Como é? – Ele vira para encarar o guarda costas.

– Você poderia, ao menos, agradecer por ter trazido sua comida.

– Mas é sua obrigação. – O modelo fala, de fato, sem parecer entender o ponto do rapaz.

Os dois se encaram, Hyunjin com uma expressão realmente perdida, sem entender. Changbin, por outro lado, começa a perceber que o rapaz não tem tanto contato com muitas pessoas.

– Você, por um acaso, já conversou ou interagiu com alguém que não fosse seu funcionário?

Os olhos do modelo vagam pelo desconhecido, assumem então uma melancolia bem habitual, ele morde seu lábio com certa timidez em responder a questão.

– Sério? E você não escolhe sua comida nem... – Changbin começa a lembrar o que o irmão lhe fez refletir e liga os pontos.

– Que foi, imbecil? – A voz de Hyunjin sai falhada.

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