Passarela

Capítulo 30

As sessões de fisioterapia de Jisung trazem bons resultados e animam o rapaz. A notícia de que sequelas físicas não serão evidenciadas em seu futuro são quase que um milagre clínico. Após sua sessão o rapaz aguarda no corredor, juntamente com o amigo, alguém em particular.

– Será que você pode contar esse mistério, quem a gente ta esperando?

– Se acalma, ele ta chegando.

No final do corredor, com passos apressados surge o rapaz de terno e um porte bastante social.

– Oi Jisu, vim o mais rápido que pude, você está bem?

– Sim, Chan, claro. Tudo bem, obrigada por vir. – Ele percebe o amigo e o CEO se entreolhando e lhes apresenta. – Ah, acho que você já conheceu o Minnie.

– Não conversamos muito, mas estava no aniversário de Jeongin, certo?

Seungmin fica estático encarando o CEO que sorri para ele. Jisung, percebendo a situação do amigo, resolve desfocar o assunto do menino.

– Enfim, eu preciso saber como está o Hyunjin e se ele não me odeia.

– Jisu. – Chan sorri aliviado. – Ele não te odeia, garoto. Ele me perguntou ontem mesmo de...

– Chan, você não está entendendo. – Ele interrompe o CEO. – Eu quero falar com ele, pessoalmente.

– Ah... – O CEO fica em palavras e surpreso por alguns segundos. – Eu... certo. Eu posso conseguir isso.

– Hoje?

Jisung e o amigo encaram o CEO aguardando uma resposta, ao que ele permanece um pouco atônito.

– Espera você... certo... entendi. – Saca o celular do bolso e procura alguma informação no aparelho. – Agora... Ele não tem nada agora.

– Espera, neste momento, tipo agora? – Seungmin complementa.

– Nossa, acho que vocês se completam pela lerdeza, hein. Vamos de uma vez. – Jisung pega as muletas e sai apressado sendo seguido pelos dois rapazes preocupados.

O CEO, que havia chegado no hospital com seu carro particular, corre com os meninos para dar tempo de Jisung conseguir conversar com o modelo antes de seus próximos compromissos. Logo ele recebe uma mensagem que fala do painel do carro que o próximo compromisso do modelo, que seria em 20 minutos, precisou ser reagendado devido a uma divergência de agenda com o modelo que lhe acompanharia na sessão de fotos, dando a oportunidade de Jisung conseguir conversar por mais um tempo além dos poucos 20 minutos que tinha. O menino fica animado com a informação, mas conforme chegam perto da mansão o coração acelera, ele se recorda de toda a situação e fica receoso de como o modelo irá recebe-lo. O CEO tenta tranquilizar o rapaz e, juntamente a Seugmin, lhe ajuda a descer do carro e subir os poucos degraus da entrada da mansão.

Quando o CEO some para buscar Hyunjin em um escritório, as mãos do menino começam a suar de nervosismo com o reencontro.

– Ei, Jisu, ouviu o bonitão, Hyunjin não te odeia, vai dar tudo certo.

– Eu... sei... na verdade, eu quero muito acreditar nisso. – Ele encara o amigo com um olhar receoso e logo se recorda. – Pera... bonitão? – Ele ri mais leve e Seungmin fica vermelho.

Antes que possam prosseguir com a conversa descontraída o CEO surge com o modelo que, ainda muito disperso, encara o celular. Bang Chan preferiu apenas dizer que ele possuía uma visita e não explanar quem era, portanto o modelo deduziu que eram negócios e só o acompanhou sem protestar. Ainda olhando pelo celular ele não percebe a presença de Jisung que já possui um olhar umedecido.

– Hyunjin. – A voz doce e embargada de Jisung lhe alarma.

Hyunjin levanta o olhar e encara o jovem completamente perplexo sem esboçar reação inicialmente, mas logo ele solta um largo sorriso acompanhado de lágrimas e corre para abraçar o rapaz.

– Jisu... que saudade. – Ele abraça forte o menino.

– Eu também estava com saudades. – Fala com a voz embargada. Após se soltarem um pouco para olhar um no rosto do outro ele prossegue em meio a lágrimas. – Des-descu-culpa, Jinnie.

– Ei, para para. – O modelo seca as lágrimas do menino. – Eu sei que não foi culpa sua.

– Então... porque você e o Binnie... – Ele olha para baixo chateado.

Hyunjin não consegue lhe responder e faz um sinal para que Chan se retire. Bang Chan compreende o sinal e convida Seungmin para comer algo na cozinha, o menino, muito encabulado, lhe segue compreendendo o momento.

– Jisu, vem cá, eu quero te mostrar uma coisa.

O modelo leva o rapaz até um quarto onde existem alguns de seus quadros guardados onde um em particular está coberto. Em sua grande maioria eles refletem paisagens e algumas silhuetas sem rosto, mas um em particular está em destaque no quase no meio da sala coberto por um pano dourado.

– Sabe o quanto eu amo sua família, não sabe?

Jisung sinaliza positivamente com a cabeça esbanjando um sorriso doce atrás dos olhos marejados. Hyunjin fica feliz com a expressão do rapaz e retorna com as explicações.

– Eu... bem, Chan me atualizou bastante sobre vocês, me mantive afastado por saber que era um momento importante em família, mas... meu coração sempre esteve com vocês. Quando Chan me mandou uma foto do reencontro de vocês eu tive que registrar esse momento, mas se todo aquele clima de hospital.

Jisung demonstra não entender muito bem o que o modelo quer dizer, mas logo se depara com a pintura que o modelo possui em baixo do pano dourado. Na pintura Jisung esbanja um sorriso com olhos fechados, sendo abraçado pelos dois irmãos que aparecem de perfil. Changbin beija sua cabeça de forma fraternal e Jeongin tem o nariz encostado do outro lado com um largo sorriso. Todos estão de olhos fechados, claramente aproveitando o momento. Eles não aparecem de corpo inteiro, como se tivessem sendo vistos de uma janela ou, no caso, uma foto no celular.

– Que lindo. Eu amei. – Jisung fala com um imenso sorriso.

– Se... se quiser, é sua.

– Porque ela está separada das outras?

– É que... é a mais especial. – Hyunjin parece tímido ao declarar. Ele recebe um sorriso largo de Jisung.

– É linda, Jinnie, de verdade.

Hyunjin parece um pouco melancólico com algo e o menino repara nesta expressão do modelo com certa estranheza.

– O que foi?

– É que.... fazia muito tempo que ninguém me chamava de Jinnie.

– Bom, se você e o cabeça dura do meu irmão conversarem alguém irá sempre te chamar assim. – Jisung brinca sorrindo levemente, ao que Hyunjin sorri envergonhado.

– Jisu... eu... – O modelo olha cabisbaixo. – Eu fiz besteira... duvidei da lealdade e até do amor de seu irmão por mim.

– Sei... e você, sei lá. Já tentou, quem sabe, pedir desculpas?

– Eu... não... bem...

– Então está resolvido, você vem, pede desculpas e vocês voltam.

– Jisu, não é tão simples.

– Estão simplifique, dá seu jeito, ou apenas faça o difícil que é enfrentar o problema. Hyunjin, eu posso ter sido um idiota egoísta e ainda acho que tenho muito que aprender, mas se tem uma coisa da qual tenho certeza é do sentimento de meu irmão por você. Eu nunca vi o Binnie tão apaixonado e eu tenho certeza que se vocês conversarem tudo vai dar certo.

– Não sei, Jisu... – O modelo fica receoso.

– Então vamos descobrir? – Hyunjin ainda possui o olhar distante e Jisung conclui. – Hyunjin, você quer mesmo deixar esse amor pra trás sem nem... tentar?