Após deixar o Matheus na escolinha, eu corri apressada pelas ruas movimentadas da cidade, como de costume. O relógio sempre estava contra mim, chegava atrasada no trabalho frequentemente, pois depender dos ônibus e do trânsito caótico era um desafio diário. Por sorte, há seis anos, minha melhor amiga conseguiu um estágio para mim na empresa de sua família. Quando comecei, recebi um breve treinamento, mas logo ofereceram uma oportunidade de fazer um curso técnico na área administrativa, já que precisei largar a faculdade. Hoje ocupo a posição de assistente pessoal do pai de Anahí, não foi o que sonhei para a minha vida, mas sou muito agradecida por todos eles me estenderem a mão no momento em que mais necessitei.
― Bom dia, flor do dia ― Christian do departamento financeiro me cumprimentou. ― Quando é que você vai aceitar sair com esse pobre coitado?
― Deixa eu pensar... ― Levei uma mão no queixo. ― No dia trinta de fevereiro, anota aí na sua agenda.
― Destroçou meu coração, agora. ― Enquanto ele fingia desmaiar, nós gargalhamos.
Começamos a trabalhar no mesmo dia, e até hoje eu nunca sabia se suas investidas eram de verdade ou apenas zoação. Christian possuía as pontas dos cabelos tingidos de loiro, olhos castanhos, um porte forte, além de ser muito alto! Eu quase encostava a cabeça no pescoço para falar com ele.― Então, acho que contrataram alguém para ficar no lugar daquele gatinho do TI. ― O rapaz não possuía distinções, saia com homens também, por isso, nunca soube se seu interesse por mim era real.
― É mesmo? ― perguntei meio desinteressada, pegando dois copos para encher de café.
― Nossa, sua animação é muito empolgante ― o rapaz reclamou. ― Mas tudo bem, eu vou descobrir quem será meu novo alvo.
― Pelo menos alguém aqui tem tempo para se divertir ― falei à medida que adoçava o líquido.
― Você não tem porque não quer! ― Revirei os olhos e observei o relógio na parede, constatando que o seu Luís deveria estar me esperando para a reunião matinal.
― Preciso ir, a gente se fala no almoço? ― Peguei os copos.
― Com certeza. E, quem sabe depois do serviço, a gente não se encontra para brincar um pouquinho, hein?
― Você não aguentaria ― respondi entre uma risada, saindo de seu campo de visão.
Caminhei apressada para a sala do meu chefe, mais do que atrasada, se é que era possível! Assim que abri a porta, a escuridão me espantou.― Cadê esse homem? ― sussurrei enquanto procurava meu celular no bolso do blazer. ― Será que está parado no trânsito? ― Retornei para a minha mesa, carregando seu café.
Deixei o copo dele ao lado do meu em cima da escrivaninha ao mesmo tempo que olhava as mensagens. Nada! Nem um sinal de fumaça, estranho... Resolvi olhar a agenda do dia, talvez ele possuísse algum compromisso que acabei esquecendo. Eu folheava o pequeno caderno quando recebi uma ligação.― Oi Dulce, bom dia ― a voz do seu Luís não parecia muito boa. ― Eu não vou conseguir ir para a empresa hoje, a Alexandra passou mal à noite e ainda não melhorou.
― O senhor quer que eu desmarque as reuniões do dia?
― Bem, não sei. ― Ele suspirou frustrado. ― A Anahí disse que depois das sessões de fotos viria para cá, mas não sei o horário certo.
― É, ser uma fotógrafa renomada, a agenda sempre lota.
― Verdade.
― Então, vamos fazer o seguinte, a reunião das quatro não desmarco e qualquer coisa, o senhor me avisa.
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Coração Ferido
Fanfiction|+16| Há seis anos, Dulce e Christopher se entregaram a um amor avassalador, uma paixão desenfreada os consumiu, apaixonaram-se perdidamente. No entanto, quando o rapaz recebe uma proposta irrecusável de estudar e estagiar no exterior, o relacioname...