26| Completos

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― Ai, Meu Deus, Anahí! ― Abri a porta do banheiro. ― Não consegui esperar até chegar em casa. ― Desviei minha atenção do teste de gravidez.

A loira precisou dar uma passada na casa dos pais antes de irmos para o apartamento, olhei para os lados procurando qualquer sinal dela, então ouvi o barulho da campainha.

― Oi meu amor, que surpresa... ― Annie disse ao abrir a porta. ― O que vocês dois estão fazendo aqui?

― Cadê a Dulce? ― Christopher perguntou e eu congelei no lugar.

― Hoje não é um bom dia... Ela não está bem. ― Anahí parecia receosa. ― Acabou de saber que o Matheus vai mesmo morar em outra cidade, inclusive a essa hora eles já devem estar viajando.

― Cadê ela? ― Escutei o ruído de passos no corredor, eu tentei sair do caminho.

― Quando você retornou de Nova Iorque? ― a loira declarou espantada.

― Seu irmão não tá batendo bem das ideias, não ― Poncho sussurrou meio alto. ― Ele me ligou mais cedo, dizendo que havia voltado e queria sair para beber. Surtou quando eu contava sobre um caso do escritório em que alguns pais entraram com uma ação contra o hospital por trocar os bebês.

― Dulce, onde você está? ― Ucker falou desesperado, a cada instante eu sentia que ele me encontraria ali parada feito uma estátua na frente do banheiro.

Meu coração acelerou, por um instinto guardei depressa o teste na bolsa, mal tinha processado os últimos acontecimentos e o rapaz já vinha na minha direção.

― Eu... ― Balbuciei assustada.

― O Matheus é nosso filho. ― Christopher parou perto de mim.

― Quê? Como assim? ― Franzi a testa.

― Acho que ele foi trocado no hospital, você não disse que possuímos a mesma marquinha? Aquela de nascença.

― Isso é apenas coincidência ― murmurei.

― Não é, vem comigo.... ― Ele me puxou pela mão. ― Nessas duas semanas em que estive fora, não consegui tirar da cabeça seu comentário.

Ucker me arrastou pela sala espaçosa da casa de seus pais, encarei a minha amiga sem entender nada enquanto ele vasculhava um armário.

― Olha aqui, ― o rapaz me entregou algumas fotografias antigas. ― o menino é a minha cara, só que eu tinha os cabelos mais claros.

Segurei o retrato achando que Christopher havia bebido demais, entretanto quando me deparei com o rostinho dele criança, um lamento escapou dos meus lábios.

― Minha nossa... ― Coloquei uma mão na frente da boca. ― Não pode ser. ― Balancei a cabeça em negação.

A dona Alexandra estava completamente coberta de razão, os dois eram idênticos! Meus olhos lacrimejaram e uma enxurrada de recordações invadiram a minha mente, esse tempo todo eu tentava me convencer que era impossível uma coisa dessa acontecer.

― Meu Deus, a gente precisa impedir a Mai de levá-lo para aquele lugar ― mencionei desesperada.

― Deixa eu ver esse álbum. ― Annie pegou das minhas mãos, olhando as fotos. ― É a cópia esculpida e escarrada, não acredito, como a gente não viu isso...

Não sabia o que sentir naquele momento, um misto de alegria junto de uma angústia.

― Dul, não sou perfeito, foi tentando acertar que coloquei os pés pelas mãos, não posso prometer que não vou te magoar outra vez, mas tentarei consertar cada burrada.


Ucker me fitou em uma expressão séria.

― Dessa vez, quero as coisas do jeito certo. Eu voltei para ficar...

Então, ele se ajoelhou diante de mim, um pequeno objeto reluzia em sua mão, percebi que era uma caixa pequena. Meu coração começou a pulsar desesperado, espantada pelas palavras do rapaz.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora