12| Tarde de domingo

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― Posso assistir televisão? ― Matheus perguntou quando saímos do quarto.

― Sim, mas daqui a pouco vamos almoçar.

― Tá bom!

O menino pulou contente indo para o sofá e eu olhei meu relógio de pulso, marcava meio-dia e meia. Dormimos demais hoje! Então, meus olhos buscaram por Christopher, fitei a porta do quarto de Anahí fechada.

― Oi, bom dia, ou melhor, boa tarde ― O rapaz apareceu carregando algumas sacolas, vinha da rua. ― Acordaram os belos adormecidos!

Caminhou na minha direção, notei que ele iria beijar meus lábios, porém no último minuto mudou o trajeto, encostando na bochecha.

― Quem vai querer batata frita? ― Sacudiu uma sacola na mesma hora que um garotinho respondeu animado.

― Alguém irá ficar muito mal-acostumado. ― Balancei a cabeça.

― Então é melhor eu avisar que trouxe chocolate só para mais tarde ― Ucker falou baixinho para mim.

― Acho bom mesmo porque senão terei que aplicar um castigo ― murmurei levantando uma sobrancelha. ― E dos grandes!

― Depois eu que sou cruel? ― disse próximo a minha orelha.

Fechei os olhos, um arrepio percorreu o meu corpo.

― Vem, Mati. ― Engoli em seco, com essa tensão no ar era difícil controlar o ímã que nos atraía. ― Hora de lavar as mãos para comermos.

Após umas lamentações do menino, ele me obedeceu e quando saímos do banheiro, Christopher terminava de arrumar a mesa.

― Por que vocês estão olhando um para o outro desse jeito? ― Matheus comentou assim que enfiou uma batata frita na boca.

― Que jeito? ― Desviei o olhar para o meu prato por um instante.

― Ah, com uma cara engraçada. ― Ele deixou escapar uma risadinha.

― Sabe o que é, Matheus? ― Ucker disse sorrindo me encarando e eu acenei negativamente com a cabeça. ― A Dul possui um pouco de molho bem aqui... ― O rapaz apontou para o canto de sua boca.

― Onde? ― questionei, tentando limpar.

Christopher se levantou parcialmente, seus dedos encostaram na minha pele para tirar a sujeira.

― Esse tempo todo eu fiquei parecendo uma palhaça? ― Meus olhos se arregalaram surpresos.

― Até que não, só um pouquinho ― o filho da mãe retrucou em um tom travesso.

Sorrindo sem graça, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. O garotinho observou a cena curioso, cheio de interesse. Sua expressão revelava uma descontração divertida pelo momento. Eu imaginei que a presença de uma figura masculina pudesse deixá-lo constrangido, porém seu semblante demonstrava o contrário. Havia uma luminosidade de inocência infantil, totalmente à vontade.

Depois do almoço, nós três fomos para a cozinha, cada um ajudou em uma tarefa, lavamos, secamos e guardamos a louça.

― Que tal assistirmos um filme? ― Ucker declarou ao terminar de guardar um prato no armário.

A ideia do rapaz empolgou tanto o Mati que ele saiu pulando pelo corredor atrás do seu cobertor.

― Nossa, é batata frita, chocolate, filme... Alguém tá cheio de segundas intenções aqui. ― Brinquei, espiando-o com o canto dos olhos.

― Você não viu nada ainda, mais tarde tenho outros planos. ― Ele se aproximou, unindo nossos lábios em um beijo rápido.

Pensamentos luxuriosos invadiram a minha mente, por um instante imaginei como seria ser tocada mais uma vez por suas mãos fortes.

― Posso escolher o filme? ― o garotinho perguntou dispersando as fantasias e em resposta acenei de um modo positivo. ― Oba! ― Ele saiu saltitante com o controle da televisão na mão.
Assim que diminuí as luzes, fechando as cortinas, nós nos aconchegamos no sofá retrátil. Matheus se enfiou no meio, entre mim e Christopher, expressando sua alegria. A tela então ganhou vida, transportando-nos para uma aventura de criaturinhas amarelas. Comentários, além de algumas risadas, surgiram a cada cena engraçada, até mesmo alguns suspiros de emoção escapavam durante os momentos comoventes. De vez em quando, eu me pegava encarando os dois como se minha cabeça pregasse uma peça, pois era algo que havia me conformado que nunca existiria.

Na metade do filme, decidi preparar uma pipoca. Quando escutei o alarme do micro-ondas, abri a porta para então sentir o aroma delicioso de manteiga que preencheu o ambiente, criando uma atmosfera acolhedora. Ao retornar para a sala, Ucker apareceu carregando uma sacola.

― Olha só o que encontrei. ― O rapaz exibiu os chocolates.

― Esse é o melhor domingo de todos!! ― Matheus disse muito empolgado, colocando uma porção de pipoca na boca. ― Tio Ucker, você vai ficar pra sempre aqui? ― Seus olhinhos encararam o homem repleto de ansiedade.

― Daqui a três semanas preciso voltar pro meu serviço.

― Ah que pena... ― O semblante do menino ganhou uma feição desanimada, mas logo sua atenção voltou para a televisão.

Ele apoiou sua cabeça no meu tronco, parecia meio triste enquanto eu comecei a acariciar seus cabelos cacheados. Nesse momento, avistei Christopher pensativo como se aquela pergunta tivesse tocado seu coração de alguma forma.

No final da tarde, depois do café, resolvi levar o Mati para passear no parquinho para gastar as energias do chocolate que alguém trouxe.

― Não se preocupe pelo que o Matheus disse, crianças são assim mesmo ― mencionei para o rapaz. ― Daqui a pouco ele esquece esse assunto. ― Observávamos de longe o garotinho brincando no escorregador.

― Mas sabe que ele me fez refletir sobre uma coisa. ― Ucker se virou, segurando na minha mão. ― Acho que não tem mais nenhum sentido eu continuar em Nova Iorque. Meu pai não irá conseguir administrar a empresa direito com essa piora da mamãe e... ― Limpou a garganta, parecia relutante em prosseguir.

Seus olhos me fitaram com uma certa intensidade, eu senti um nó no estômago diante do que ele poderia estar prestes a falar.

― Não quero deixar você, Dulce. Pra quê tentar um relacionamento a distância se temos a opção de ficarmos juntos? ― Christopher entrelaçou seus dedos nos meus com ternura em um gesto que transmitia sinceridade.

Minha mente rodopiava pela magnitude do que ele estava sugerindo. A ideia do rapaz de permanecer na cidade, de termos uma chance real de recomeçar, era avassaladora. Tantos pensamentos fluíram naquele instante, mas tudo o que consegui executar foi sorrir igual uma tola. Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, emocionada. Dessa vez, Ucker havia nos escolhido! À medida que a adrenalina passava, uma certeza cruzou a minha cabeça, definitivamente precisávamos conversar sobre aquele assunto pendente. Apreciando o final da tarde de domingo ao seu lado, percebi que não desejava mais adiar isso. Annie possuía razão, seu irmão deveria saber a verdade.

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São tantas coisas acontecendo hoje aqui, vamos por partes... Ucker vai ficar, é isso mesmo Brasil!? Que momento esse domingo nos trouxe <3 e essa família? Tô apaixonada! Dulce, pois conte logo mulher! Já estamos sem unhas, sem cabelo de tanta aflição aqui... (Só sei que dessa semana = na fic - não passa :o) 

Avisos: Para quem não leu meu recadinho mais cedo, teremos maratona aqui!! Tentarei postar até o dia 11/11 caso não consiga, eu comunico vocês. Será um dia sim e outro não!! Estarei viajando para assistir o show do RBD e por isso quero recompensar vocês pelos dias que ficarei ausente. (Inclusive se alguém também vai, manda direct pra mim! Podemos ver o dia e tentar nos encontrar lá). 

Então é isso, beeijos amores ;*  




Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora