Na segunda-feira, o caos tinha se instaurado na empresa, aliás, eu mal imaginava que a semana seria conturbada até demais.
― Garota, você não acredita ― Christian entrou na copa, desorientado. ― Estamos com um problema dos grandes no departamento financeiro. ― Ele foi até a máquina de café expresso.
― O que deu? É tão grave assim? ― Olhei o rapaz depositar uma moeda e refleti por um momento. Quando o Chris recorria ao café expresso a coisa era braba!
Ele deixou escapar uma risada irônica e então me avistou, notei um desespero em sua expressão.
― Acho que o chefinho vai me demitir... ― comentou angustiado. ― Houve uma confusão nos boletos dos fornecedores e alguns não foram pagos.
― Eita, ferrou ― resmunguei. ― Isso pode acarretar o adiamento das entregas das nossas matérias-primas.
― Exatamente! ― Christian fez uma careta.
― E o Christopher já ficou sabendo disso?
― Ainda não. ― O rapaz pegou o copo de café e assoprou. ― Vem comigo? ― suplicou. ― Assim ele se distrai com você. ― Estreitei os olhos em sua direção constatando sua intenção. ― Dá essa forcinha para esse coitado aqui? ― Esboçou um sorriso interesseiro.
― Vai ficar me devendo uma, hein. ― Apontei o dedo para ele.
― Beleza! ― O rapaz passou um de seus braços em torno dos meus ombros. ― É só pedir qualquer coisa, gatinha.
Nós caminhamos pelos corredores indo até a diretoria e ao pararmos em frente da porta, Christian me impediu de girar a maçaneta.― Acho que seria melhor se você abrisse um pouco esses botões aí. ― Ele abaixou a cabeça, fitando minha blusa.
― Ah, garoto, que abusado! ― Coloquei uma mão na cintura. ― Só falta querer que eu sente no colo dele também.
― É uma ótima ideia. ― Revirei os olhos, não por não desejar isso, mas pelo seu descaramento.
Quase desisti de ajudá-lo, mas então, no instante seguinte, a porta se abriu. Christopher apareceu me encarando, suas íris cor de âmbar pareciam faiscar.
― Oi, o que tá acontecendo? ― perguntou sem desviar sua atenção de mim.
― Oi... ― Segurei uma mecha do meu cabelo, enrolando um dedo pelo fio. Só consegui formular isso de resposta.
― Precisamos conversar, chefinho.
― Entrem. ― Ele se virou e deu alguns passos em direção ao interior da sala. Eu permaneci parada, ainda impactada por sua presença. Seu dorso largo, as pernas robustas, as nádegas bem delineadas... Cada movimento exalava virilidade.
― Vai logo, Dulce! ― O endiabrado me empurrou, resultando em uma colisão. Trombei nas costas do Ucker.
― Christian! ― protestei, fuzilando-o. Ele sussurrou de volta um "foi mal".
Demorei alguns segundos para me recuperar, o calor de seu corpo contra o meu causou arrepios na minha pele. Christopher soltou uma risada ao se apoiar na frente de sua mesa, cruzando os braços, esperou que alguém começasse a falar. O sem noção do meu amigo contou o motivo de nossa visita, para a surpresa de todos, Ucker não reagiu mal. Pelo contrário, sugeriu que Chris conseguisse programar esses pagamentos o mais rápido possível que ele aprovaria. Depois de dispensar o rapaz, o chefinho pediu para eu continuar ali.― Tranque a porta, Dulce. Preciso conversar com você sem que ninguém interrompa.
― Tá bom. ― Eu segurei a maçaneta, girando a chave. ― É algo a respeito desses boletos dos fornecedores?
Notei Christopher se aproximando e quando pensei em me virar, a boca dele tocou o meu pescoço. Esse gesto surpreendente fez minha respiração se tornar irregular, além de ser incapaz de processar qualquer coisa no momento.― Não... ― Senti a vibração de sua voz rouca contra a pele arrepiada. ― Não é sobre boletos ou negócios. ― As mãos do Ucker deslizaram pelo meu corpo, explorando cada curva. ― Desde aquele dia que se inclinou sobre a mesa para me ajudar, não consigo tirar essa imagem da cabeça.
Seus lábios continuaram a traçar um caminho de beijos perto da minha orelha. Minhas mãos se apoiaram na madeira da porta para tentar me equilibrar, enquanto as pernas pareciam desistir.― Você tem uma reunião daqui a pouco ― murmurei com muito esforço.
― Apenas cinco minutos, Dulce. Só para matar essa saudade. ― Ele então contornou a minha cintura, em um movimento me virou.
Christopher acariciou minha bochecha com o polegar. Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante todas as responsabilidades se dissiparam. Tive a impressão que o homem esperava por uma resposta minha. Enrosquei meus dedos em seu cabelo macio, unindo nossas bocas em um beijo apaixonado, as línguas se moveram juntas em uma carícia lenta.
De repente, seus braços me conduziram até a sua mesa. Ele afastou suas coisas sem interromper o contato dos nossos lábios.― Ucker, o que... ― Tentei falar, mas as palavras travaram na garganta quando o rapaz me fez sentar na tábua de madeira.
― Shhh... Quietinha. ― Tocou com o dedo indicador na minha boca, em um gesto para pedir silêncio.
Christopher desceu as mãos para a minha coxa, gentilmente subiu minha saia, me beijando uma última vez, como se fosse uma despedida, e depois sua atenção se desviou para o centro da minha intimidade. Oh, minha nossa, ele não vai fazer isso... vai?
***
― O que há entre vocês? ― Christian perguntou na hora do almoço.
― Como assim? ― Tentei disfarçar, já que Christopher e eu nos encaramos de um jeito cúmplice desde que nos sentamos na mesa.
Provavelmente a cena de eu desfalecendo de prazer em cima da mesa não saía de sua cabeça também.― Vocês se olham de um jeito tão... ― O rapaz franziu a testa, pensativo. ― Ai meu Deus! Vocês estão transando! ― Sorriu cheio de maliciosidade.
― Ninguém tá transando aqui ― declarei entre dentes.
Fitei todos os lados do refeitório, encabulada e o Ucker tossiu, engasgando com a comida.― Aham, sei! Mas digamos que não, acho que é só uma questão de tempo. ― Ele deu de ombros. ― A carinha de vocês não nega. ― Christian pegou sua bandeja, levantando-se. ― Fico feliz que você resolveu liberar o parque de diversão, aproveitem crianças! ― Piscou para nós dois antes de partir.
Enquanto Christopher tomava um gole do seu suco, eu o olhei sem graça. As bochechas coraram, apesar de não termos chegado nos finalmente, aquela prévia de manhã já foi suficiente para me deixar querendo mais. Entretanto, logo um pensamento alarmante ecoou na minha mente.
― Ah, não, agora a fofoca vai se espalhar pela empresa toda. ― Levei uma mão na testa.
― E por que isso seria ruim? ― o rapaz perguntou não compreendendo a situação.
― Com certeza serei taxada de vadia por dormir com o chefe, e é bem capaz de falarem que só estou na diretoria por causa disso.
― Dulce... ― Ele pegou na minha mão.
― Não! ― Eu o afastei. ― A culpa sempre cai em cima da mulher, não será a primeira vez que isso acontece ― sussurrei.
Encarei o Ucker, angustiada.― Preciso ir atrás do Christian, pedir para ele não comentar suas teorias.
O rapaz protestou quando me ergui, mas eu estava muito atordoada para escutar qualquer coisa agora, só queria encontrar o desmiolado do meu amigo e implorar para sua língua não ser maior que a boca!Mais tarde, enquanto preparava o jantar, refleti sobre como a segunda-feira tinha sido agitada. Aqueles cinco minutos que se transformaram em longas horas, pelos menos na minha imaginação, foram um doce refúgio de toda a conturbação do dia. Infelizmente, na empresa havia alguns limites para impor, porém, em casa, a história era outra.
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Então, vamos começar uma semana que muuitas estão aguardando, preparem-se pois os mistérios serão descobertos!! Estão preparadas? Façam suas apostas que logo vamos ver quem ganhou!
Ps: Dulce vai fazer uma surpresa pro Ucker no próximo capítulo... O que será 👀?
Vejo vocês na sexta, beijos ;*
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Coração Ferido
Fanfiction|+16| Há seis anos, Dulce e Christopher se entregaram a um amor avassalador, uma paixão desenfreada os consumiu, apaixonaram-se perdidamente. No entanto, quando o rapaz recebe uma proposta irrecusável de estudar e estagiar no exterior, o relacioname...