― Bom dia, flor do dia ― Christian disse ao chegar na copa.
― Oi.
― Ih, que carinha é essa? ― Ele me analisou preocupado.
― Acho que tô criando coisa na cabeça. ― Enchi minha xícara com café.
― O que o Deus Grego aprontou dessa vez?
― Nada, não fez nada. Sou eu que... ― Suspirei. ― Às vezes tenho a sensação de que tudo vai dar errado.
― É compreensível, já que você passou por muita coisa antes. Se sentiu abandonada, deve ser medo disso acontecer de novo, né?
― Talvez ― respondi sem saber direito das minhas aflições.
― Mas, o chefinho não falou que quer ficar com você? Aliás, já não acertaram as pontas?
― Sim, estamos ótimos.
Melhor impossível! Recordei dos últimos dias em que namoramos pela casa inteira, menos no quarto da Anahí. Mordi o lábio travessa, pois até na máquina de lavar houve safadeza.― Pelo visto, adeus teias de aranha!
― Você não tem noção, não conseguimos manter nossas mãos longe um do outro. ― Soltei uma risadinha.
― É isso aí garota, explora bem aquele pedaço de mal caminho. ― Arfou cheio de intensidade.
― Você provavelmente está certo, deve ser medo ― conclui sorrindo. ― Vou voltar para o trabalho, te vejo no almoço. ― Eu me despedi em um aceno.
***
No meio da tarde, eu descobri o motivo de me sentir tão esquisita hoje. Um desconforto começou a se manifestar, primeiro minhas pernas começaram a pesar como se fossem de chumbo, procurei uma posição agradável na cadeira. As dores nas costas surgiram em uma espécie de pressão constante. Por último, veio o incômodo na região abdominal. Maldita cólica menstrual! A paciência também já se encontrava por um fio, eu havia brigado com a impressora minutos atrás, tive um acesso de raiva, devido ao seu atrevimento ao engolir as folhas.
― Dulce, preciso da sua ajuda ― Ucker me chamou pelo telefone.
― Agora? ― perguntei tentando acalmar meus ânimos.
― É rapidinho.
― Tá bom.
Quando entrei na sala do rapaz, ele me convidou para se aproximar de sua mesa.
― Recebemos alguns feedbacks daquelas cerâmicas que você fez dos moldes.
― Odiaram? ― questionei chorosa.
― Não! Eles amaram. ― Christopher franziu a testa me encarando. ― Elogiaram a precisão de seus traços, pareciam muito mais definidos.
A surpresa inundou meus olhos, mas ao invés de ficar feliz, uma onda de emoções represadas me atingiu. Era como se um reservatório que há muito tempo estivesse contido não conseguisse mais ser controlado, prestes a transbordar.― Dulce, o que aconteceu? ― Ele levantou da cadeira. ― Pensei que isso te animaria a voltar para o curso.
― Você acha que pode decidir tudo por mim? ― De repente, minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia. ― Eu já disse que o momento passou!
Fechei os olhos, uma chama de irritação espalhou pelo meu sangue.― Por que não tira o resto do dia de folga? ― Ucker declarou com o semblante sério.
― Eu...
― É uma ordem. ― Voltou a se sentar na cadeira, digitando no computador.
Oh desgraça, suspirei derrotada me retirando de sua sala, deixando a porta bater atrás de mim.
Após chegar no apartamento, resolvi tomar um banho quente para acalmar os nervos, além de ser um ótimo remédio para as terríveis cólicas. Os hormônios estavam se comportando igual um furacão, agitando meus sentimentos. Ao terminar de jantar, mais tarde naquela noite, eu me preocupei se ele retornaria para casa... Pois sinceramente, eu teria me odiado! Coloquei um filme de comédia romântica para assistir, aninhada no canto do sofá, eu chorava descontrolada a cada cena. Perto das dez horas, caminhei desanimada até o meu quarto, certeza que os olhos incharam, enquanto me acomodava na cama, implorando para o analgésico fazer efeito logo, ouvi um barulho vindo da cozinha e deduzi que os passos eram de Christopher.
Alguém adentrou no cômodo de Anahí ao mesmo tempo que meu coração ansiava por sair do colchão e correr para os braços dele, porém tudo o que consegui concretizar foi me afundar ainda mais nas cobertas. Quinze minutos depois, eu me revirava no lençol incomodada.― Dulce? ― o rapaz espiou pela fresta da porta. ― Comprei chocolate para você.
― O quê? ― Levantei o tronco para fitar seus olhos. ― Por quê? ― Algumas lágrimas escorreram pela minha bochecha.
― Eu escutei sua briga com a impressora...
― Ai, não! ― Tapei o rosto. ― Sinto muito, Ucker.
Ele sorriu adentrando o cômodo, o cheirinho de sabonete invadiu o ambiente, usava apenas a calça de moletom.― Não queria discutir com você ― continuei a explicação. ― Desculpe, não estou no meu melhor dia.
― Eu imaginei que seria isso. ― Enfiou uma mão no bolso.
― Como? ― perguntei surpresa.
― Lembra que já namoramos por seis meses?
― Nem se eu quisesse me esqueceria ― retruquei.
Então houve um momento de silêncio, Christopher ameaçou sair do quarto.
― Vem aqui. ― Convidei-o para se deitar ao meu lado.
Ele se acomodou junto de mim, logo depois me aconcheguei em seus braços sentindo o calor reconfortante. Descansei minha cabeça no peito dele e pela primeira vez desde que fui atingida por todos os hormônios, experimentei uma sensação de conforto.― Engraçado, o Matheus tem a mesma marquinha que você ― comentei ao reparar a coincidência enquanto alisava sua pele desnuda.
― A minha é de nascença. ― Ele acariciou meus cabelos.
Eu tentei manter os olhos abertos, mas o cansaço começou a se apossar do meu corpo.― Que curioso... A dele também ― murmurei sonolenta para em seguida adormecer.
---Quem estava com saudades do Christian? Quase rolou briga hoje, mas ainda bem que no fim se resolveram!! Hum... mais alguém também achou curioso essa última informação? 🤔
Gente, queria avisar que teremos 5 capítulos + 1 epílogo e chegaremos ao final... Soocoorro 😢 e que o próximo capítulo talvez saia só na terça-feira, então até mais amores ;*
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coração Ferido
Fanfic|+16| Há seis anos, Dulce e Christopher se entregaram a um amor avassalador, uma paixão desenfreada os consumiu, apaixonaram-se perdidamente. No entanto, quando o rapaz recebe uma proposta irrecusável de estudar e estagiar no exterior, o relacioname...