02 - JOEY

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O céu ficava cada vez mais cinza à medida que o treino de Joey e sua guarda se prolongaram. Usando sua espada longa de duas mãos, Joey simulava duelos individuais quase que com perfeição. Revestido com cota de malha por baixo de uma túnica azul com detalhes em branco formando uma andorinha. Símbolo de sua família que a muito tempo foi perdida. 

Os guerreiros que o cercavam estavam aguardando para atacar Joey, que permanecia numa posição defensiva com a espada baixa. Respirando lentamente e prestando atenção em cada um daqueles que o rodiavam. Zanny Koen, o mais esguio e jovem, avançou empunhando uma lança com as duas mãos. Esticou-a numa estocada que Joey apenas varreu o golpe. Assumindo uma forma ofensiva, Joey arrastou o pé na lama da arena e contra-atacou Zanny. O golpe soou quando atingiu o centro do peito do jovem guerreiro. Zanny guinchou de dor e o distraiu o suficiente para Joey colocar o calcanhar atrás dos pés do jovem, derrubando o mesmo.

O som do corpo de Zanny caindo na lama soou alto e molhado. O ar de seus pulmões saíram, fazendo-o guinchar e se contorcer no chão. Já estava fora de combate de acordo com as regras dos duelos. Joey garantiu a vitória apontando a espada para Zanny, que praguejou raivosamente pela derrota. 

Por baixo do elmo, Joey sorriu triunfantemente. Apesar de estar ali para treinar junto com sua guarda, o sabor da vitória por cada duelo sempre enchia sua boca a cada vez que derrubava um de seus companheiros. Um sentimento que ele guardava para si. O gosto por lutas era uma coisa que sempre esteve em sua família, seu pai, um dia, foi um dos maiores guerreiros de todo o continente. Sua mãe, apesar de ser voltada à magia, não recusava pegar uma espada para lutar, quando necessário. 

Virando-se para o próximo oponente, escolheu um que seria um grande desafio. Nathan Florest apertava o cabo do machado, ansioso para entrar em batalha contra o príncipe do Vale Estelar. Joey apontou para o homem com sua espada, chamando Nathan para a luta.

Feliz, Nathan caminhou para dentro da arena, empunhando seu machado de batalha. Seria uma luta diferente para Joey. Era acostumado a enfrentar lanceiros e outros espadachins, mas lutar contra machados era um tanto diferente. 

 Nathan pisou forte no chão e se aproximou de Joey. O machado desceu rápido, mas Joey saltou para trás rapidamente. O machado ruiu no ar. Joey girou, um golpe no flanco de Nathan, que usou seu machado para bloquear o golpe. Ambos recuaram.

Joey procurava alguma abertura para atacar. O alto corpo forte e robusto de seu companheiro era intimidador.  O olhar fixo em Joey como uma coruja que encontra uma presa. Joey nunca poderia medir forças contra Nathan, mas tinha uma vantagem: a agilidade.

Joey avançou empunhando sua espada com firmeza. Suas botas de couro fixaram-se no chão quando Nathan balançou o machado num golpe horizontal que mataria qualquer um se não fosse um duelo de treino. Com os pés fixos no chão, Joey desviou levando seu corpo para trás, com a lâmina do machado passando perigosamente perto de seu corpo. Se aquele golpe o acertasse, quebraria seu braço, mas isso é um perigo que os guerreiros sabem que correm durante os treinos. 

Era a chance de Joey. Ele moveu sua espada em um golpe na perna de Nathan. O golpe estalou no ar e Nathan caiu de joelhos guinchando de dor. Joey foi rápido em pousar a espada perto do rosto de Nathan. Assim foi sua segunda vitória. 

Nathan soltou um riso que mostrava seu orgulho ferido por uma perda tão rápida. 

一 Tá bom, Joey. Eu desisto! 一 Largou o machado.

Por baixo do elmo, Joey sorriu.

一 Desistência aceita, amigo. 一 Abaixando sua espada, Joey estendeu a mão para o colega. 

Após ajudá-lo a levantar e elogiá-lo pela luta, sons de palmas distantes chamaram a atenção dos guerreiros ali presentes. Perto da sala de armas, um homem alto e de pele escura se aproximava. Tinha cabelos com dreads puxados para trás, como longas vinhas que escorriam pelo seu ombro. Vestindo roupas elegantes feitas de seda e lã, com um desenho de um dente de leão cosido do lado esquerdo do peito, já no lado direito, havia uma rosa de cor azul.

SANGUE SOBRE A NEVEOnde histórias criam vida. Descubra agora