19 - JOEY

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Hannah terminava de desenhar os últimos símbolos em um círculo no chão de seu quarto enquanto Joey observava com atenção o manejo preciso com o giz que Hannah tinha. Desenhando símbolos sinuosos em torno de um grande círculo onde no centro havia uma grande espiral que se estendia até as bordas.

一 Precisa disso tudo mesmo? 一 Indagou Joey, curioso.

Hannah se levantou, passando as costas da mão na testa.

Eu preciso 一 respondeu enquanto suspirando. 一 Se não eu vou acabar ficando em coma por três dias e noites.

一 Interessante. Eu não pensei que existia amplificadores de magias. Mamãe nunca usou isso.

Hannah deu uma risada, pondo o giz em cima de uma cômoda e amarrando os cabelos curtos em um rabo de cavalo.

一 Sua mãe nunca precisou de um amplificador.

Ela se dirigiu até o centro do círculo e se sentou no chão, cruzando as pernas e mantendo a coluna ereta.

一 Pode trazer aquela vela para mim? Isso, a vermelha. Coloque na minha frente.

一 Essa vela vai servir para que mesmo?

一 Você se interessou em saber magia, não? He-heh. É uma vela perfumada. Eu acho que deixa o ambiente agradável.

Joey fitou-a com as sobrancelhas franzidas. Foi ele que buscou essa vela por todo o castelo após o pedido de Hannah para formar o símbolo de amplificação. Demorou o bastante para Joey ter encontrado os serviçais acordando para mais um dia de trabalho e vê pelas janelas o céu começando a clarear e a nevasca diminuir.

一 Vou dizer nada quanto a isso. 一 Ele disse, sério.

一 Relaxa, guri. Todos nós temos nossas manias e jeitos de se fazer nossas coisas. Enfim. 一 Hannah suspirou nervosamente e acendeu a vela com a ponta de seus dedos. Houve um pequeno clarão e o pavio se incendiou. 一 Irei começar o feitiço. Vou demorar pra voltar. Se quiser, pode sair e tomar café da manhã, ler um livro, treinar, o que cê preferir.

一 Vou permanecer. 一 Joey disse firmemente. 一 Vou querer saber o que você descobrir da minha irmã.

一 Certo. Ah, qual é o nome dela mesmo?

Joey parou para se recordar do sonho que teve.

一 Lazuli. 一 Respondeu, sentindo algo em seu peito, uma certa satisfação de saber o nome dela. 一 Um amigo dela a chamava de Laz.

一 Criativo. 一 Hannah curvou o lábio em um sorriso. 一 Bom, irei começar. Me deseje sorte.

Hannah suspirou com os olhos fechados, com uma expressão relaxada. Em menos de um segundo, ela ficou em um estado de concentração que era raro de vê-la assim. Joey arrepiou ao sentir o ar do ambiente vibrar de uma forma esquisita. O fogo da lareira e o da vela oscilaram como se fossem tomados por uma brisa. O círculo desenhado abaixo de Hannah começou a emanar luzes sobrenaturais que aos poucos se intensificaram. Então, Hannah abriu os olhos, que brilhavam em um amarelo intenso do amanhecer de um dia de verão. Seus cabelos sacudiram-se, mesmo sem uma brisa aparente, apenas com a aura amarelada que surgiu ao seu redor. O círculo intensificou o brilho, emanando uma aura diferente. Múltiplas cores eram emanadas dele que se rodeavam Hannah feitos auroras boreais, que gradativamente ficavam amarelas, intensificando a aura de Hannah.

Joey olhava aquilo tudo com admiração. Já tinha visto feitiços sendo conjurados, mas sempre eram motivos de parar para admirá-los. Mas também ele sempre sentia uma inveja que o fazia apertar os lábios. Afinal, era filho de uma feiticeira, que por si só tinha um pai que também tinha acesso a magia, mas Joey não tinha nada de magia. Não sabia nem sequer fazer algo considerado simples.

SANGUE SOBRE A NEVEOnde histórias criam vida. Descubra agora