Capítulo 19 - Eu vou explodir a sua cabeça, Malfoy

288 25 7
                                    

POV Gina

Todos nos acomodamos em torno da ampla mesa da cozinha, porém o clima era tão denso que poderia ser cortado com uma faca. Harry e Rony estavam sérios e podia se ver claramente o quanto a presença de Draco os incomodava, suas mãos não saiam de perto de suas varinhas um minuto sequer e tenho certeza que o Sonserino não teria chance nenhuma se tentasse alguma coisa. E isso por alguma razão me fez relaxar, afinal, quem seria idiota o bastante para entrar em uma casa com quatro pessoas que estariam dispostas a explodi-lo se ele desse algum passo em falso? Malfoy não faria nada, não com todos nós juntos.

Draco se sentou na ponta da mesa, mas não sem antes olhar para a cozinha com o seu costumeiro olhar de desdém e nojo. Harry e Rony se sentaram um de frente para o outro ao lado de Malfoy. Eu me sentei ao lado de Harry enquanto Hermione servia o chá para todos nós. Ela olhou para mim, sorriu discretamente e eu claro, dei o sorriso mais bobo e apaixonado do mundo, mas foi à hora errada. Assim que Hermione se inclinou para servir Rony, eu pude ver Draco me encarando com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso irônico no canto dos lábios finos e pálidos. Eu o encarei de volta sem medo algum. Será que ele tinha visto alguma coisa? Claro que ele tinha visto, eu sou a pessoa mais idiota e óbvia do mundo, ele não estaria me olhando desse jeito se não tivesse visto. Burra, burra, burra, burra. Fiz uma cara de quem não estava entendo o que ele queria, revirei os olhos e me forcei a encarar a minha xícara fumegante com um líquido âmbar claro. Burra.

Hermione encheu uma xícara para si mesma e se sentou ao lado de Rony e de frente para mim. Tentei ao máximo não olhar para a minha namorada e foquei minha atenção completamente na situação na minha frente, depois eu lidaria com o Malfoy.

– O que você faz aqui, Malfoy? – Harry foi logo ao ponto.

– Não é óbvio, Potter? Eu vim a mando de McGonagall, ou melhor, Dumbledore que fez questão que fosse eu a entregar isto a vocês.

Draco colocou a mão dentro do sobretudo negro e tirou de seu bolso interno um livro muito velho e surrado. Olhei para a minha namorada e vi o brilho que eu conhecia tão bem toda vez em que ela via um livro que lhe interessava. Draco colocou-o sobre a mesa e Hermione logo avançou sobre ele e o abriu delicadamente, folheando-o com cuidado para não rasgar as folhas puídas e amareladas.

– Dumbledore te mandou aqui? Impossível – disse Harry rindo sem achar a menor graça – Você tentou matá-lo, Malfoy.

– Eu não estava tentando matá-lo – Draco disse na maior calma do mundo, entrelaçando os dedos e colocando as mãos em cima da mesa.

– Claro que estava, eu mesmo vi – Harry falou visivelmente tremendo em sua cadeira.

– Não, eu não estava. Pare de achar que tudo o que você vê é a verdade, Potter. Dumbledore não te contava tudo e isso era uma delas. Eu nunca quis matar o velho. Dumbledore me pediu para fazer isso, por alguma razão ele queria que eu enrolasse a situação, mas de repente apareceu o professor Snape, tudo virou uma confusão e ele morreu – falou Draco um pouco nervoso. Aquilo claramente o afetava de alguma forma.

– Por que Dumbledore te pediria para fazer uma coisa dessas? Não faz o menor sentido. Muito menos por ser você – Rony disse.

– Como eu disse, Dumbledore não contava tudo a vocês.

– Eu não estou entendendo nada. Por que você? Por que justamente você ajudaria Dumbledore? Por que você nos ajudaria? – Harry perguntou enquanto se levantava e encarava o, até então, inimigo.

Draco levantou-se tão rápido quanto Harry e o encarou duramente, apoiando os punhos fechados em cima da mesa.

– Por que eu não suporto mais tudo isso. Meu pai é um idiota que não tem uma vida própria, tudo o que ele faz é em função do cara de cobra, um obcecado imbecil. Minha mãe vive morrendo de medo que alguma coisa aconteça comigo ou com o meu pai e provavelmente está ficando louca. E eu? Eu não consigo ser eu mesmo, eu não gosto de nada disso. Não sou a melhor pessoa, eu admito, sempre fiz da vida de vocês um inferno, mas eu nunca quis machucar ninguém. Eu não sou mal – disse Draco com a voz cansada e levemente embargada, parecia que estava tentando convencer a si mesmo daquilo – Eu não sou mal.

De um jeito diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora