Capítulo 32 - Revelações

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POV Gina

– Entregue-me, Gregorovitch.

Minha voz ecoou pelo ar com uma nitidez cruel, minha varinha apontava para frente, segurada por uma mão de dedos longos e pálidos. O homem diante de mim pairava de cabeça para baixo, desafiando a gravidade de maneira inexplicável. Não havia cordas visíveis o sustentando, mas ele oscilava de forma sinistra no vazio, como se estivesse aprisionado por forças invisíveis e malignas. Seus membros estavam torcidos ao redor de seu corpo, uma postura grotesca que denunciava o desespero que o consumia. Seu rosto, uma máscara de terror, estava nivelado com o meu, e sua pele estava vermelha devido ao sangue que se acumulava em sua cabeça.

Seu cabelo era uma cascata de brancura obscura, contrastando com sua barba densa e cerrada, composta por pêlos espessos. A imagem evocava a sinistra semelhança de um Papai Noel grotescamente empalado em um espeto, uma visão que causava arrepios e arrependimento em qualquer um que ousasse testemunhar aquela cena.

- Não a tenho, não a tenho mais! Roubaram-me há muitos anos! - balbuciou Gregorovitch em desespero, sua voz ecoando no silêncio aterrorizado.

- Não minta para Lorde Voldemort, Gregorovitch. Ele sabe... Ele sempre sabe - sibilou a voz de ameaça, impregnada de um poder obscuro que dominava a sala.

A pupilas do homem pendurado estavam enormes, dilatadas pelo terror que o dominava, parecendo se expandir a cada instante, até que seus olhos negros me absorveram por completo, envolvendo-me em um escuridão crescente e desesperadora.

E, naquele momento, eu me vi numa corrida frenética por um corredor escuro, perseguindo a figura atarracada de Gregorovitch, que mantinha uma lanterna erguida, a única fonte de luz naquela escuridão. O bruxo entrou apressadamente em um aposento no final do corredor, e a luz vacilante da lanterna revelou o que parecia ser uma oficina. Fragmentos de madeira e lampejos dourados brilhavam sob o trêmulo foco de luz, criando um contraste sombrio e intrigante.

No peitoril da janela, como um pássaro majestoso empoleirado, havia um jovem de cabelos dourados. Num breve lampejo da luz da lanterna, eu pude discernir um traço de prazer em seu belo rosto. Mas antes que pudesse reagir, o intruso lançou um Feitiço Estuporante de sua varinha e saltou de costas do peitoril com um grito de triunfo, mergulhando na escuridão, escapando como uma sombra fugaz.

E de repente, me encontrei retrocedendo em disparada, afastando-me daqueles olhos dilatados que pareciam túneis profundos, o rosto de Gregorovitch retratando um pavor incontornável.

- Quem foi o ladrão, Gregorovitch? - indagou a voz, cortando e glacial de forma determinada.

- Não sei, nunca soube, um jovem... não... por favor... POR FAVOR! - suplicou Gregorovitch, sua voz carregada de desespero, ecoando pelo espaço.

Um grito agudo e angustiado se prolongou indefinidamente, cortado abruptamente por um clarão de luz verde...

- Gina!

Eu ouvia meu nome ser chamado ao longe. Lentamente comecei a recobrar a consciência, meu corpo parecia estremecer a cada lembrança daquela luz verde explodindo na minha frente. Tudo estava confuso e minha mente estava turva. Pisquei várias vezes, tentando me adaptar à luz fraca que banhava o acampamento. Aos poucos, as vozes e os sons ao meu redor começaram a fazer mais sentido.

Primeiro, notei o crepitar suave da fogueira, o calor que dançava contra minha pele, criando uma sensação reconfortante. Em seguida, percebi as sombras das árvores, balançando suavemente sob a brisa noturna, projetando padrões cambaleantes no chão iluminado pela lua.

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