Capítulo 30 - O segredo de Draco

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POV Hermione

Acordei no meio da madrugada com fortes dores de cabeça. Tudo o que estava sendo jogado para cima de nós acontecia em uma velocidade tão rápida que às vezes era difícil acompanhar. Olhei para o lado e a luz fraca da vela iluminou o rosto angelical que invadia meus sonhos e me despertava sentimentos que até então eu nunca havia sentido na vida. Gina dormia tão profundamente que agradeci ao universo que a poção de Murtisco estava funcionando perfeitamente. Ela merecia descansar sem sentir dor.

Tentei voltar a dormir, mas foi em vão. Minha mente estava longe de encontrar a paz necessária para o sono. Meus olhos permaneciam fixos no teto laranja com desenhos florais da barraca, mas meus pensamentos continuavam a vagar pelo que havia acontecido no Ministério da Magia.

Lembranças daquela manhã angustiante invadiram minha mente como uma enxurrada. Senti meu corpo todo estremecer ao lembrar da adrenalina correndo pelas minhas veias enquanto relembrava o que havíamos enfrentado para sairmos de lá com o medalhão de R.A.B.

Gina se mexeu um pouco ao meu lado, mas não acordou. Dei um beijo na testa da minha namorada que apenas franziu o nariz e continuou a dormir. Sorri com aquela cena antes de sair pelo véu que separava o quarto principal do resto da barraca gigantesca do Sr. Weasley. Rony roncava em um sono pesado no outro quarto que havia ali na outra extremidade do espaço.

Peguei minha bolsinha de contas e vasculhei até encontrar uma poção para dor de cabeça. Tomei tudo em um único gole, o gosto amargo de pus de bubotúbera fez minha cara se contorcer em uma careta nada agradável. Peguei meu casaco de frio que estava pendurado nas costas de uma cadeira e o vesti, estremecendo com o pouco vento que entrava pela fresta aberta da barraca.

Saí para noite fria e silenciosa, envolvendo meus braços no meu próprio corpo como se isso fosse ajudar a me esquentar. O único som era o farfalhar das folhas das árvores. Olhei ao redor e nenhum sinal de Harry. E nem de Draco. Automaticamente peguei minha varinha do cós do meu jeans e a empunhei, pronta para qualquer tipo de situação. Andei ao redor da barraca cautelosamente. Nenhum sinal dos meninos. Franzi o cenho. Aquilo era muito estranho. Eu deveria acordar Rony e Gina, mas resolvi adentrar mais um pouco a floresta.

Tudo estava em um silêncio assustador, tirando os sons da própria floresta e dos meus passos, nada ali fazia nenhum som sequer. Depois de alguns minutos, eu já estava extremamente preocupada e decidida a chamar os irmãos Weasley para irmos em busca dos garotos, quando escutei vozes vindas de algum lugar à minha direita. Rapidamente me escondi atrás da maior árvore que achei, no sentido oposto que vinha os sons estranhos.

- Me poupe, Malfoy - e a voz de Harry soou irritada pela floresta silenciosa - Você ter sido um idiota todos esses anos não tem nada a ver comigo.

- Eu não quis dizer que a culpa é inteiramente sua - Draco disse. A voz soando um pouco mais distante do que a do meu amigo - Meu pai tem uma grande parcela de culpa nisso também.

- Me desculpa, mas devo dizer que teu pai tem toda a culpa nisso - Harry disse - Tirando claro, todas as infinitas vezes que ele tentou me matar.

O silêncio caiu mais uma vez na floresta, apenas os passos lentos dos garotos podiam ser ouvidos naquela escuridão.

- Eu não consigo apagar o passado, mas eu prometo tentar me redimir de todas as coisas que minha família causou em ti e nos seus amigos - Draco disse e essa foi uma das únicas vezes que pude sentir culpa vindo de um Malfoy.

- Eu juro que estou tentando acreditar nisso, Draco - disse meu amigo - Mas ainda é difícil.

Eu me arrisquei a espiar um pouco na direção em que eu ouvia as vozes. Os dois garotos andavam vagarosamente, como se tivessem em uma espécie de patrulha ao redor do nosso acampamento. Harry andava mais a frente, olhando atentamente qualquer movimentação suspeita, enquanto Draco estava um pouco mais atrás e não tirava os olhos do meu amigo.

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