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.Aquela criança chorava, na maioria das vezes quando eu chegava perto, mas eu não entendia, eu sou idêntica a mãe dela, tem alguma coisa de errada.
Mamãe finalmente a conseguiu fazê-la dormir mas disse diversas vezes pra mim ficar longe daquela garotinha.
Eu já a tinha como minha filha, ela era linda, a filha dos sonhos que Lalisa com certeza queria, eu não a devolveria, ela seria minha, ela seria a minha princesa, o pedaço de Lalisa que foi roubado.
-Sabe por que ela não gosta de você?
-Hum.
-Porque ela vê sua real aparência, Jennie, uma bruxa velha, cheia de rugas, não uma mulher que você vê toda vez que se olha no espelho, a magia está te destruindo internamente e só você não tem notado.
-VOCÊ ESTÁ MENTINDO!!
Gritei com ela e joguei aquela taça nela, mamãe estava blefando, eu sou linda, magia nenhuma está me distraindo.
-Quando você se olhar realmente no espelho e ver o seu eu de verdade, você vai entendê-la.
Mamãe disse e um espelho ao meu lado se quebrou, eu não era daquela jeito, eu sou linda, jovem, com a postura certa, não tenho rugas, toquei meu rosto desesperada e meus olhos lacrimejavam.
-Essas são as consequências de quando usa magia para o mal dos outros.
Mamãe sussurrou no meu ouvido e saiu do quarto e logo todas as janelas e portas se fecharam, corri para a saída mas a magia de mamãe sempre foi mais forte, bati várias vezes na porta mas ninguém parecia me escutar.
-ME TIRA DAQUI!!!
Gritei aos quatro cantos mas meus ouvidos doíam quando eu mesma conseguia os escuta-los.
-Aperiant fores quoties peto, nihil me hic capiat!
Repeti três vezes e nada, então eu teria que apelar usar mais da minha magia. Estava ficando frustrada ficar presa ali.
-Si hic mansurus sum, omnes mecum adhæsi maneant!
Dava pra escutar todas as portas dos castelos se fechando e a porta do quarto se abriu mas meu nariz estava sangrando novamente, o limpei e sai do quarto vendo todo o castelo no maior escuro.
Esbarrei em alguma coisa e acabei tropeçando.
-Eu quero a minha mamãe..
A menina dizia, suas bochechas estavam vermelhas de tanto chorar, mas não me importei, vi duas mãos agarrarem o corpo pequeno da garota e a arrastarem pra longe.
-O que você fez?
Mamãe estava com uma vela na mão e seu olhar estava espantado.
-Nada..
-Como "nada"? Como você ousou dar a garota de oferenda ao diabo!
Mamãe acertou meu rosto e neguei com a cabeça, eu não havia feito aquilo, ela estava ficando doida. Dois pares de olhos vermelhos estavam no fim do corredor, mamãe apressou os passos e tentou o alcançar mas ele a jogou longe.
Mamãe bateu a cabeça na parede e começou a sangrar, ela estava desacordada.
-Mãe, para de brincadeira, isso não tem graça.
Toquei seu corpo mas ele sumiu, não foi isso que pedi, desci as escadas desesperada tentando achar minha mãe pela casa mas todos haviam sumido, senti uma mão tocar o meu ombro e alguns passos de salto descerem a escada, mas estava tudo escuro.
-Foi bom fazer negócios com você, Jennie.
Aquele par de olhos vermelhos disse em um único sussurro e logo as luzes da casa se acenderam, mas não havia ninguém.
{...}
No mundo real..
-Lisa.. você viu a bebê? Não achei ela pela casa.
Perguntei a Lalisa e ela estava parada em frente a porta do banheiro batendo a cabeça na parede enquanto chorava.
-O que foi?
O desespero começou a tomar conta de mim quando notei que a garota não estava com ela.
-Ela a levou..
-O que?
Tampei a boca me negando a acreditar naquilo, não podia ser real, Lalisa está brincando comigo, minhas pernas fraquejaram e cai no chão em estado de negação.
Lalisa me olhou enquanto segurava a naninha da bebê e se ajoelhou na minha altura e me abraçou.
-Eu vou trazer ela de volta nem que eu tenha que ficar.
Ela me abraçava forte, mas eu não conseguia acreditar naquilo tudo, eu queria chorar mas eu não conseguia, um nó invadiu minha garganta e o ar começou a faltar nos meus pulmões.
Lalisa me olhou e me segurou no colo me levando até o sofá.
-Eu entendo o seu desespero, mas mantenha a calma.
Ela pegou um livro e começou a sacudir ele na minha frente e eu conseguia sim sentir o vento em meu rosto, eu precisava dos meus remédios mas não conseguia usar palavras.
A porta da frente foi aberta e minha irmã estava sorridente, mas ela andou até mim e sua feição mudou.
-O que aconteceu?
-Levaram minha filha..
Lalisa disse e minha irmã negou com a cabeça, eu pude ouvir Rosé cair no chão e acredito que desmaiada, minha vista começou a embaçar e escutei alguns passos subindo a escada.
-Ah por favor parem de perder a calma, eu vou começar a me desesperar também, poha!
Minha irmã entregou a agulha pra Lalisa e foi ajudar Rosé.
-É só colocar no braço dela, anda logo.
Minhas mãos tremiam e fechei meus olhos sentindo a agulha furar minha pele, meu corpo relaxou em alguns segundos e tudo ficou preto.
{...}
-Como vamos buscar minha sobrinha dentro de um mundo que não sabemos como ir?
Escutei a voz da minha irmã e me sentei na cama, minha cabeça ainda doía, a atenção delas vieram para mim e Lalisa me ajudou.
-Pega o livro que tem na minha gaveta, por favor.
Eu precisava saber o que estava acontecendo, minha irmã pegou o livro pra mim e abri na última página escrita e meu corpo despertou.
"Eu acho que fiz uma burrada enorme, todos sumiram, Jennie, me ajuda, a bebê também foi levada, eu não sei o que eu fiz para isso acontecer, eles levaram a minha mãe, eu abro mão de Lalisa e da sua filha pela minha mãe, por favor.."
Foi a última coisa escrita, me levantei da cama e peguei um casaco, calcei meus sapatos e sai do quarto.
-Onde você vai?
Peguei as chaves do carro e desci as escadas correndo, minha vista estava embaçada então deixei que as lágrimas saíssem, entrei em meu carro e logo entraram na frente do carro.
-Você não vai sozinha.
As três entraram no carro e dirigi o mais rápido que eu poderia para a biblioteca, minha filha precisava de mim e eu não sei onde ela está, mas eu precisava dela, ela foi um milagre que não sei se posso ter a chance novamente.
Sai do carro e abri a biblioteca e fui para a parte onde havia livros sobre magia, eu nunca mexi com isso mas pela minha filha eu abro mão da minha vida.
-O que você está procurando?
-Qualquer livro de magia que me deixe conectar com o mundo daquela desgraçada.
{...}
Continua..
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An Opposite world - Jenlisa
Fiksi Penggemar. . A história se passa em New York. Jennie uma mulher de 22 anos é dona de uma livraria famosa no centro e nos finais de semana cuida de seus sobrinhos. A mulher nunca imaginaria que existiria um mundo oposto ou um mundo de conto de fadas. Em uma...