Capítulo 29

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Pedro/ Perigo
📍 Rocinha Rj

Sinto a água gelada cair no meu corpo me deixando relaxado. Estou tentando não ficar maluco, ta difícil pra caralho não endoidar. Vicente chega hoje e disse que precisa conversar.

Eu não durmo, mal como, não saio de dentro do meu quarto para nada. Não descobri nada de importante. Sinto que não estou dando o meu melhor, eu sempre consegui tudo e agora quando preciso não consigo literalmente nada.

Vivo angustiado, a merda da minha cabeça tá sempre explodindo. Estou cansado, mas não vou parar até conseguir algo útil.

Estou me culpando por não ter levado eles pro shopping. Se eu não ficasse no morro trabalhando e tivesse ido, eles ainda estariam aqui.

Desligo o chuveiro e me enxugo saindo do banheiro pelado. Entro no closet boto uma cueca e uma calça de moletom preta. Escuto a porta lá de baixo ser aberta, acredito que seja Leticia.

Estamos estranhos um com outro. Sei que é culpa minha, depois de aquele dia que assistimos filme com Maressa e Portuga na sala, viemos pro quarto e transamos a porra da madrugada toda. E não foi um sexo leve. Foi doloroso e bruto.

Quando acordamos parecia que tínhamos sido atropelados. O corpo dela tinha hematoma por todos os cantos. Ela saiu do quarto dizendo que precisava ir treinar e eu não falei nada só a deixei ir. Me fechei e passei a trancar a porta do quarto para ela não vim me procurar.

E de fato ela não veio, voltou pra sua casa e só aparece aqui quando vai treinar com Maressa. Mandei uma mensagem pra ela vim aqui em casa assim que Portuga disse que precisamos conversar todos juntos.

Saio do quarto e desço as escadas vendo ela sentada no sofá mechendo no celular.

Leticia: Eles vão demorar muito ou já estão chegando? - Pergunta sem levantar o olhar para o meu.

Perigo: Ele mandou mensagem quando estava entrando no jatinho, já deve está chegando, eu acredito. - Me sento perto dela e ela se afasta um pouco para eu não encostar nela. - Não precisa se afastar toda vez que chego perto de você. - Digo um pouco ignorante e ela me encara. Vejo seus olhos cansados e sem o brilho de loba que eles tem.

Leticia: Quem se afastou primeiro foi você! Eu só estou mantendo isso. - Sua voz está cheia de raiva.

Perigo: Eu sei que estou sendo um otário com você Lobinha. Me desculpa! Estou com a mente fudida com tudo que está acontecendo. - Sou sincero.

Leticia: Não me chama mais assim Pedro. - Ela praticamente grita de raiva. - Não é só você que está com a mente fudida, todos nós estamos porra.

Ela tenta se levantar do sofá, mas eu seguro sua mão.

Perigo: Sequestraram a minha mulher e eu nem sei se ela está viva caralho. Você entende isso? - Falo puto por ela está agindo assim. Fiz merda, mas não é ela que está se matando pra procurar Laís.

Leticia: Semanas antes do sequestro ela também era minha porra, dormimos semanas juntos, a gente tinha assumido o quanto gostava uma da outra. Você acha mesmo que eu não entendo Pedro? - Ela grita e puxa sua mão que eu estava segurando. - A diferença é que eu não uso você quando estou angustiada e com a cabeça totalmente fudida como você fez!

Perigo: Eu não usei você e...- Ela não me deixa terminar de falar.

Leticia: Não? No banheiro no dia que você estava surtando o que fez para poder se sentir aliviado?- Ela me encara de cara feia e eu abaixo a cabeça por saber que ela está certa. - Aí de novo você precisou relaxar né? Me fodeu como a porra de um animal e no outro dia me tratou como nada. Vai tomar no cu Pedro! Eu tentei ficar do seu lado, eu fiz de tudo para entender você! E agora você vem com essa? De que não me usou? Na real, se acha isso mesmo vamos continuar como foi a semana inteira. Sem papo, você no seu canto e eu no meu.

Ela sobe as escadas correndo sem me deixar dizer nada. Porra! Eu fiz merda. E não sei como concertar. Eu gosto dela e não queria ter feito ela se sentir assim. Mas agora eu não irei conseguir ser de outro jeito.

É melhor ficarmos afastado mesmo. Resgatar Laís é o que mais importa agora e ficar junto de Letícia não ajudaria em nada.

Quando ela é útil para você, ajuda a beça né?

Meus pensamentos estão desconexos e estou fudido demais e fazendo tanta merda. Não sei o que fazer! Não estou bem.

Você nunca esteve!

Porra como eu odeio essa voz, com Laís por perto ela não aparecia.

Saio do meus pensamentos escutando a porta se abrir. Maressa entra com sua mala e Portuga fecha a porta logo atrás.

Portuga: Que cara de merda é essa? - Pergunta assim que me olha.

Maressa sobe as escadas nós deixando só, deve esta bem na cara que acabou de acontecer uma dr.

Perigo: Nada. - Não estou afim de escutar sermão sei que fiz merda e agora nada que eu fizer vai mudar a merda toda.

Portuga: O que você fez? - Porra, por que ele tem que me conhecer tanto vai se foder.

Perigo: Nada Vicente. - Digo sério e ele já sabe que não estou afim de falar sobre isso agora. - Chama as meninas quero saber o que você descobriu.

Portuga: Cade Letícia? - Ele pergunta e eu só aponto para escada. - O que você fez com ela? - Porra ele não vai mesmo me deixar em paz.

Perigo: Porra nenhuma Vicente, não fiz caralho nenhum, da pra você parar. Você não é a porra do meu pai pra tá falando como se fosse um. - Me arrependo assim que fecho a boca. Ele me encara de cara fechada por um tempo.

Portuga: Vou chamar as meninas para começarmos. - Ele me dar as costas e sobe as escadas.

Agora tenho total certeza que não estou bem. Nunca falo assim com Bryan, preciso dar um jeito na minha cabeça e para de ser fraco. Por que é isso que estou sendo um fraco de merda.

Espero que a Lobinha não me odeie eu sou cheio de defeitos e era Laís que me ajudava, ela sabia exatamente como me deixar bem e me entende como ninguém.

E agora eu entendo que tenho a porra de uma dependência dela. Preciso mudar isso ou eu nunca vou ser capaz de trazer ela de volta.

Escutei Maressa dizer que vai começar a fazer terapia e eu acho que é disso que eu preciso. E acho melhor continuar afastado da lobinha.

Ela não conhecia esse meu lado obscuro e eu não estou bem agora para lhe explicar como sou cheio de traumas e defeitos. Espero que ela um dia me desculpe e acredite que não foi minha intenção lhe machucar.

Escuto as vozes deles e me ajeito no sofá acendendo um cigarro vendo eles descerem a escada.

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