Capítulo 30

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Leticia Lopes 🐺

Eu tentei entender ele, mas o mesmo nem se quer acredita que me usou. Eu estou fudida igual a ele e não faria isso. Chuto a porta do quarto de hospedes que eu costumo ficar quando estou aqui. Fecho a porta e me jogo na cama.

Meus olhos estão marejados, só que não permito que as lágrimas escorram. Prometi a mim mesma que nunca mais choraria por esse motivo. Passei a semana toda me sentindo um lixo e chorando como uma idiota, não precisa de mais.

Não estou botando a culpa só nele. Eu queria transar todas as vezes que fizemos! Mas ele em todas as vezes me afastou, me ignorava e só vinha cheio de lobinha pra lá, lobinha lá cá, quando queria alguma coisa.

Laís sempre falou como Pedro é complicado, aí eu tentei relevar e fingir que não estava ficando mal com o jeito que ele tava me tratando. Se não queria nada além de um sexo para descontar a angústia era só falar. O que custava abrir a porra da boca e falar.

"Leticia eu só preciso foder com você como um animal e deixar você toda cheia de hematoma. Nada além disso."

Seria muito mais fácil pra mim que sou uma emocionada e já estava tendo sentimentos por ele desde quando começamos a ficar os três. E quando tudo aconteceu com Laís e Vinícius, eu só queria ficar com ele sabe? Porra como eu odeio ser emocionada.

O que tem de errado comigo?
Eu dou atenção, amor, tento ser compreensível, sou companheira e pra que? Se as pessoas sempre vão embora. Sou sozinha desde que pai morreu, acredito que isso não vai mudar.

Escuto a porta lá de baixo abrindo e alguém subindo as escadas. Eles chegaram. Não queria olhar para cara de Pedro agora, então fico quieta sem fazer barulho.

Vou me afastar dele, não quero mesmo falar com ele a não ser sobre Laís e Vinícius.

Um mês atrás eu trabalhava no salão da minha amiga que sempre fui apaixonadinha e agora tudo mudou, ela foi sequestrada e eu frequento a sede de treinamento do morro o lugar que eu sempre neguei de ir para meu pai.

O meu pai sempre queria me levar, lembro que ele  falava que eu tinha que aprender a me defender e poder me virar sozinha, por que ele não ia viver pra sempre. Eu negava ir porque era nova né? Queria tá indo pra baile e ficar louca.

Depois de umas bronca dele comecei a entender o que ele queria. Era só me deixar forte para vida. Comecei a aprender usar facas como ele, aprendi a atirar também, mas as facas sempre foi o que eu mais gostava de aprender. Aí pai que saudades do senhor.

A porta se abre e eu me levanto para olhar. Portuga está parado me olhando estranho.

Portuga: Você está bem? - Seu olhar vai parar no meu braço onde tem um roxo bem escuro eu não tenho certeza se foi do sexo bruto de Pedro ou foi no treino.

Leticia: Sim, estou ótima. - Tento dar um melhor sorriso e ele ainda me encara sério com sempre.

Portuga: Certo! Vamos lá pra baixo quero falar as coisas que descobrir.

Vou seguindo ele até chegar na sala. Me sento do lado de Maressa que me abraça rápido quando me sento. Gosto muito quando ela faz essas coisas sem eu pedir.

Portuga: Não descobri muitas coisas, é o que a gente já imaginava. Ele é poderoso, não podemos ir para Rússia sem saber de nada, morreremos em segundos. A máfia deles são conhecidas como A Bratva. - Ele pega um pendrive no seu bolso. - Aqui vai ajudar você a ter acesso a fonte de segurança deles. Mas vá com calma não deixem eles saber que tem gente vigiando. Eles chamam Lorenzo de Pakhan e o seu filho mais velho é conhecido como anjo da morte. - Maressa aperta minha mão e eu a encaro.- Ele tem mais uma filha se chama Agatha e pelo o que descobri ela foi adotada. Vamos descobrindo mais coisas quando Pedro estiver total acesso a eles.- Ele se senta no sofá e continua falando. - Agora o que podemos fazer é treinar muito, pegar pesado mesmo. Temos que estar a altura deles, não podemos fazer nada de errado e o mais importante para isso dar certo é ter paciência. Vamos conseguir resgatar eles se fizemos tudo certo.

Perigo: E se eles não estiverem mais vivos? - Sua voz é rouca e cheia de raiva.- Vamos só esperar e esperar, sério isso? A gente devia ter ido atrás deles a muito tempo. - Ele esta gritando, totalmente descontrolado. Nunca vir ele fala assim com Portuga antes.

Portuga: Pedro! - Ele diz firme e a sua voz está grossa. Seu rosto está calmo e como se soubesse exatamente o que fazer.

Portuga abraça Pedro que tenta se soltar do seu abraço, mas portuga segura ele com firmeza.

Perigo: Eu preciso dela. Você sabe Vicente! Eu não sei...- Ele grita em meio das lágrimas.

Meu coração aperta tão forte. Ele está chorando como uma criança frágil. Sinto uma vontade imensa de ir até ele e lhe abraçar. Mas o que eu faço é me encolher nos braços de Maressa que sem falar nada me abraça de volta.

Portuga: Vamos dar uma volta. - Ele solta Pedro e eu não sei o que eles fazem porque estou de cabeça baixa, só escuto a porta fechar.

Maressa: Por que você está assim? Você e Pedro brigaram? - Ela me solta devagar e eu a levanto a cabeça para lhe olhar.

Leticia: Ele esta estranho como você acabou de ver. Eu tentei ajudar e não deu muito certo. Acho melhor a gente ficar afastado um pouco. Precisamos ficar bem e nós dois juntos não bem isso que acontece. - Não digo exatamente o que aconteceu por que não gosto de tá falando as coisas que não é só minha sabe?

Maressa: Queria tanto que isso tudo fosse só um pesadelo horrível. - Diz baixinho.

Letícia: A gente vai conseguir amiga, não vamos desistir até achar eles e eu sinto que eles estão vivos e bem só estão esperando a gente ir buscar. Laís é esperta ela sabe que Pedro nunca deixaria ela, vamos conseguir só precisamos nos manter fortes por eles. - Digo abraçando ela.

Maressa: Por eles! - Sussurra se afastando do meu abraço.- Você é tão forte amiga, queria ser como você! - Sua fala me deixa chateada.

Leticia: Amiga eu vou indo, tenho que fazer umas coisas lá em casa. - Digo ficando de pé e ela me encara. - Amanhã estou aqui cedo para a gente ir treinar.

Maressa: Você pode dormir aqui sabe disso né? Tem o quarto lá que já é seu.

Leticia: Eu sei, mas preciso mesmo ir em casa, tá uma bagunça só la, precisa de um faxina urgente. - Digo a meia verdade. Não quero está vendo Pedro agora e acredito que nem ele queria me ver.

Maressa: Tá bom amiga, até amanhã. Eu vou tomar um banho e cair na cama estou bastante cansada. - Ela se levanta beija minha bochecha.

Leticia: Até amanhã. - Digo abrindo a porta e indo para minha casa.

Ninguém sabe o que precisei passar para chegar onde eu cheguei. Só eu sei o preço que tiver que pagar, do que tiver que abrir mão e o quanto eu tiver que me foder para está aqui hoje.

Não é fácil, eu sei que não, quando meu pai morreu foi doloroso não ter ninguém. Se uma pessoa sem família, sozinha do mundo machuca.

E toda vez que dizem "você é muito forte" me dá vontade de chorar porque se soubesse o quanto isso me custa. Laís entendia, na verdade ela sempre entendeu todos ela é um tipo de pessoa que ama intensamente e vive loucamente. E está sempre disposta a ajudar quem ama.

Chego na minha casa e começo a dar uma geral nela. Boto roupa pra lavar e passo uma vassoura na casa. Quando termino a mini faxina tomo uma banho, lavo meu cabelo e me depilo. Um banho poderoso que tira até depressão.

Depois de comer um miojo meu cabelo já está seco. Me jogo na cama e sem esforço pego no sono.

Ligados pela dor Onde histórias criam vida. Descubra agora