Levamos mais meia hora para sair do observatório. O evento termina à meia-noite, então saímos em silêncio, com o ar frio soprando em nossos cabelos.
Chan e eu caminhamos pelo pequeno parque do qual passamos. As luzes ainda estão acesas, mas o lugar está vazio e o único som ao redor é o vento balançando as folhas das árvores acompanhado pelo tamborilar dos nossos passos.
Quando estamos prestes a chegar ao carro, Chan pisa no freio e para na calçada antes que a pequena área do parque termine.
Curioso, eu também paro.
- Aconteceu alguma coisa? - pergunto, inquisitivo.
Ele nega, abre a boca na tentativa de dizer alguma cois mas nada sai por um momento.
- Quer ir para casa agora? - decide pergunta.
Fico perplexo com a pergunta.
- Você quer?
- Não quer se sentar? - ele sugere.
Ao olhar por cima do ombro, percebo um banco de madeira vazio localizado logo abaixo de uma grande árvore e próximo a um farol de luz. A área não parece perigosa, então por que não?
Se lhe responder me acomodo no banco, Chan logo se junta a mim, alcançando-me em questão de segundos. Suspiro aliviado, aliviando também meus pés exaustos que ardem após permanecer em pé durante todo o tempo que passamos no observatório. Sentar-me é um verdadeiro descanso para minhas pernas.
- Gostou do lugar onde fomos hoje? - pergunto, tratando de mudar um pouco o assunto.
Ele se recosta ainda mais em seu casaco e, com entusiasmo evidente em seu rosto, balança a cabeça.
- Eu já te disse, não poderia ter escolhido um lugar melhor.
Desvio meu olhar para meus pés, realizando um gesto que é comum a todos quando as palavras escasseiam ou quando uma nova frase está sendo formulada.
Após um breve momento de silêncio, finalmente encontro algo a dizer.
- Também gostei muito do dia de hoje. A maneira como você vê as coisas me deixou mais animado e intrigado. Sua tese também. É provável que a minha seja sobre se o cachorro-quente é mais similar a um taco ou a um sanduíche.
Uma risada alta irrompe, quebrando a tranquilidade do local em que estamos. Chan não consegue conter os tremores em seus ombros e rapidamente cobre a boca com a palma da mão.
- Meu Deus, Seungmin, sua mente é uma verdadeira obra de arte - comenta, com a respiração suspensa. Sinto um orgulho sincero e solto um estalo.
- Pode parecer brincadeira, mas nunca pensei muito na minha tese, de qualquer forma ainda faltam dois anos - digo encolhendo os ombros com um gesto de mão.
- Você está no segundo ano? - pergunta.
- Sim, perdi três anos após terminar o ensino médio, mas sempre tive o sonho de estudar Filosofia e Letras que não, não é questionável.
Chan reprime sua risada quando percebo imediatamente o tom do seu próximo comentário.
- Seus familiares concordaram em você perder três anos? - pergunta, inocentemente.
Seja qual for a intenção por trás da pergunta, o impacto é doloroso.
Instintivamente abro a boca para contar uma mentira, pois a mentira é o único dom que aperfeiçoei até a exaustão. Minha habilidade com as palavras é fluida e familiar com aquilo que não sinto, repetindo frases até que se tornem minhas próprias criações.
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𝐂𝐎𝐒𝐌!¡𝐂 | chanmin/seungchan
FanfictionSeungmin, aos vinte e dois anos, com o coração partido, possui dois frascos de comprimidos como seus melhores amigos e faz terapia uma vez por semana. Está no terceiro semestre de Filosofia e Letras, ainda dorme na cama da mãe, e sua vida é permeada...