ׁ ׅ ≀Íkosi tría⭒

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Na terça-feira a crise parece se dissipar. As palavras da doutora Yoon têm esse efeito sobre mim: tornando-as menos chocantes, me tranquilizando e reduzindo a importância que dou a elas.

Após a consulta, sinto que o peso sobre meus ombros diminui e me sinto melhor. À noite Chan me liga, contando sobre seus dias e mencionando que em breve passará para me ver na lanchonete. Os ligações estão se tornando uma constante na minha rotina.

Apesar dessa pequena melhoria, ainda há um medo persistente que me atormenta internamente. Quando saio da aula, meus passos ficam pesados no caminho para a lanchonete, e tenho receio de possíveis conflitos.

Ao entrar no local, vejo Hyunjin na frente do caixa atendendo os alunos recém-chegados enquanto Felix organiza as sobremesas. Ambos levantam os olhos de suas tarefas e me cumprimentam com um aceno de mão e um sorriso como sempre.

Hyunjin e Felix têm sido presenças constantes na minha vida há quase três anos, fazendo parte da minha rotina com conversas do dia-a-dia, comentários sarcásticos e sorrisos espontâneos. No entanto, uma voz de culpa se intensifica dentro de mim, alimentando um desconforto crescente.

Tem sido difícil estabelecer e categorizar relacionamentos. Eu coloquei Hyunjin e Felix em um canto distante de mim e diminuí sua importância em minha vida, tratando-os como meros elementos invariáveis, mas sei que não deveria ser assim.

Hyunjin sorri abertamente para mim enquanto passo por ele em direção às máquinas de café expresso e bagunça meu cabelo, seu gesto característico de saudação.

Eles agem como se tudo tivesse retornado ao normal, ignorando completamente meu humor abalado dos últimos dias e minha atitude mais reservada, como se essas coisas não importassem tanto.

Agindo sorrateiramente, cumpro minhas responsabilidades como barista, anotando os pedidos que Hyunjin deixa ao meu lado e entregando-os aos clientes.

Felix continua preparando sobremesas e montando sanduíches, enquanto Hyunjin serve com seu característico sorriso.

Tudo parece voltar à normalidade, seguindo o ciclo habitual do dia a dia, mas estranhamente sinto que é meu dever quebrar essa rotina.

Por volta das seis horas, Hyunjin dá um leve tapinha no meu ombro e, ao me virar, vejo que ele aponta para uma pequena mesa onde Felix está organizando sanduíches, bebidas e sobremesas.

- Vamos comer, Seungmin.

E essa simples observação me tira do meu torpor.

Hyunjin começa a se dirigir à mesa, mas antes de partir, seguro seu braço em um impulso que não consigo reprimir. Seu olhar fica momentaneamente surpreso, levantando as sobrancelhas, uma expressão que não costumo ver nele. Não é fácil pegar Hyunjin desprevenido.

Engulo em seco e abro a boca para falar, mas nenhuma palavra sai.

Periferalmente, vejo Felix nos observando, com a testa franzida analisando a situação caso precise intervir.

- Aconteceu alguma coisa? - sussurra, seu tom de voz ficando sério.

Hyunjin examina meu rosto com cuidado, seus olhos cheios de preocupação.

- Sinto muito - essas são as únicas palavras que consigo dizer. Um pedido de desculpas patético.

Hyunjin parece não entender.

- O que você fez com a criança, Hwang? - Felix questiona com um tom severo, se aproximando de nós com as mãos na cintura.

- Por que sempre sou o culpado? - Hyunjin tenta se virar para Felix com um biquinho nos lábios, ofendido, mas eu o puxo de volta, impedindo-o de fazer isso.

𝐂𝐎𝐒𝐌!¡𝐂 | chanmin/seungchanOnde histórias criam vida. Descubra agora