Capitulo 4: Reação

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POV. Kelvin
"A bebida te exalta para depois te humilhar" não sei quem foi a lenda que disse isso, mas ela estava certa. Não é meu primeiro porre e sei que se prometer que será o último estarei mentindo. Flashes da noite passada vinham como socos na minha mente, a bebida, a dança, a garrafa, o gato, o banheiro, eu no banheiro com o gato. Sinto que esqueci de algo, mas não sei o que é... Aí caralho a Luana

Ouço o som da porta se abrindo, honestamente torço para ser um assaltante, mas pelo som dos saltos já sei quem é.

— Kelviiiiiin - a voz animada de Berê ecoa na minha cabeça como sinos, minha primeira reação seria jogar um travesseiro nela, mas prefiro deixar a saudade falar mais alto e vou abraçá-la.

— Berê, que bom que você voltou.

— Ihhhh que merda você fez pra ficar feliz em me ver? Matou alguém? Aí senhor, você assaltou um banco? Entrou pra máfia? Saiba que meu diploma de Psicanalista não resolve essas situações não.

— Nossa, que maldade, eu tô aqui de braços abertos morrendo de saudades e você me trata assim - volto a abraçá-la.

Eu e Berenice possuímos uma relação de quase irmãos, mesmo possuindo profissões totalmente diferentes a ideia de dividir um apê caiu como uma luva, já que a correira nos impedia de cuidar de uma casa diariamente. Berê, por exemplo, tinha acabado de voltar de um congresso sobre algo que eu não fazia ideia do que se tratava, mas era com psiquiatras, psicólogos... Ah sei lá.

- Queria tanto ter chegado mais cedo, perdi a festa da Lu, infelizmente os voos atrasaram, o aeroporto estava uma loucura, mas eai, perdi alguma coisa? - Dizia Berê enquanto procurava algo pra comer.

Nesse momento me lembrei do cara da água, eu realmente preciso dar outro nome pra ele. Não, peraí, que isso Kelvin, foi só uma noite, não tem que dar nome pra ninguém.

— Kelvin? Kelvin? KELVIIIN!

—  Oi, não. Nada aconteceu. - Fui tirado de meus devaneios por uma Berê confusa e que agora me encarava com um olhar suspeito.

— Kelvin, você sabe que meu trabalho é analisar pessoas, não é? E não precisa ser formada pra saber que algo aconteceu.

— Nada aconteceu, para com isso. - Era simples, vou bater nessa tecla até o fim, tudo sob controle.

Mantive o olhar fixo em Berê e ela em mim, até que a porta se abre e uma Iná furiosa entra pela porta.

— Você tá achando que pode sair da festa do nada e me deixar sem notícias, Kelvin?! Tá ficando maluco? - agora, além de um, eu tenho dois pares de olhos me encarando.

— Olha eu posso explicar - Mais uma vez a porta se abre, gente ninguém sabe apertar a campainha mais não.

— Kelvin Santana, quem era o cara que você passou a noite se atracando e te fez desaparecer a noite toda? - Flor agora se une ao grupo acusatório contra a minha pessoa. Cadê o ladrão quando a gente precisa dele.

— Tá bom, sim. Eu peguei um cara, não sei o nome dele, não sei o que faz, foi só uma ficada. Terminamos a noite, cada um foi pro seu canto e fim de papo. - Um olhar malicioso estampava o rosto de todas e honestamente esperava que esse fosse fim da conversa, mas como alegria de pobre dura pouco.

- Conta, como ele era? Era gato? Tinha pegada? Beijava bem? - fui fuzilado por perguntas

— Gato? O cara era um deus grego, se o Kelvin não tivesse pegado ele eu caia em cima facilmente - Flor solta enquanto se abana.

— Vamos, Kelvin desembucha.- Berê continuava a me encarar.

—  Foi bom, tá bom. Foi ótimo, ele beijava super bem, tinha pegada, era gato.- As lembranças voltavam de uma vez, eu preciso de um banho.

— Kelvin...

— Olha, vou tomar um banho, tô de ressaca e tô quase estapeando vocês por não me deixarem em paz.- Saio da cozinha deixando o burburinho pra trás.

Entro no banheiro, tiro a roupa, vou direto pro chuveiro e deixo a água levar o resto da noite passada de mim. Torcendo pra que a água limpe meu corpo e principalmente minha mente.

     POV Ramiro.

Mal espero o amanhecer, sei que é domingo e provavelmente vou ser xingado, mas assim que acordei sabia que precisava conversar com alguém sobre o que aconteceu.

Levanto, tomo um banho rápido, como qualquer coisa e vou na direção do meu salvador e a única pessoa que teria sábias palavras nesse momento.

Bato na porta de forma desesperada, ela se abre e como esperava um olhar sonolento me encara.

- Ramiro, você tem ideia de que horas são?

Junto todo fôlego que resta em mim e solto na lata.

- ADEMIR, EU TRANSEI.

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