Capitulo 6: Antecipaçao

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     Ramiro POV

Se me dissessem há um mês que tudo isso aconteceria na minha vida, eu muito provavelmente riria, nunca que imaginei estar tão confuso.

Dias se passaram desde aquela noite, e agora cá estou eu, arrumando minhas coisas para o tal casamento. Optei por um traje simples em comparação ao do noivo, mas não tanto a ponto de não parecer elegante, afinal, ainda sou padrinho. Se eu soubesse que tudo isso estaria acontecendo, eu teria mantido minha primeira resposta e deixaria para lidar com os dramas do Rodrigo depois.

Mas não, a lealdade falou mais alto e agora vou passar um período provavelmente curto na frente de várias pessoas, de braços dados com uma mulher que não faço a mínima ideia de quem seja, já que a única informação que tenho são duas fotos e um nome, uma tal de Berenice que Rodrigo me prometeu que era boa pessoa, a gente devia ter se visto pessoalmente na festa, mas ela teve um imprevisto, e foi por isso que fiquei deslocado, parado no bar e enfim. Tudo aconteceu.

Acho curioso saber apenas o nome da minha "parceira de tortura" (porque, sim, esse casamento vai ser uma tortura) e, em contrapartida, desejar no mínimo o nome daquele anjo.

Depois do meu surto na casa do Ademir, e de muitas noites sem dormir direito, já que aquele rosto estava tatuado na minha mente, decidi tomar a atitude mais madura... (já que o que eu queria de verdade é que um alienígena me sequestrasse, levando para Marte e me trazendo de volta apenas depois de uma lavagem cerebral) mas como essa opção está inválida, olho para o terno no cabide mais uma vez, torço para o universo estar do meu lado, ou que qualquer força cósmica esteja do meu lado, fazendo uma nota mental de nunca mais cair nas chantagens emocionais do Rodrigo.

E falando nele, você deve estar se perguntando sobre a reação dele ao meu sumiço. Nenhuma, na verdade, ele comemorou que saí da seca e finalmente chutei o balde uma vez na vida.
Na real, eu preciso realmente de amigos melhores.

       POV Kelvin

Luana andava de um lado para o outro, recitando a lista de afazeres das próximas 48 horas, quando disse que a ajudaria em tudo, não esperava que seria LITERALMENTE com tudo. Revisamos os convidados, a playlist da festa, o cardápio, o mapa das mesas... E tudo isso enquanto ela andava de um lado para o outro.

— Lu, para, pelo amor de Deus, eu tô ficando tonto já - Precisei por um ponto final naquela agonia.

— Aí Kel, desculpa. Tô nervosa, tá tudo correndo como planejado, mas parte de mim sente que tem algo faltando, esse dia tem que ser perfeito. A festa foi incrível, e o casório tem que ser também. - Meu coração gela por instantes, com menção daquela noite.

Sei que deveria ter comentado com ela sobre "o cara da água" (senhor, que nome horroroso), mas minha amiga estava tão empenada essa semana que preferi deixar esse casinho ser esquecido com o tempo, principalmente depois que ela cismou com o problema dos padrinhos.

— Calma, tudo vai dar certo. Vocês organizaram casa detalhe perfeitamente, não tem como dar nada errado. - usei meu tom mais simpático possível.

— Kelvin, a ideia daquela festa era que todos se enturmarem, e justo o motivo da minha preocupação não se enturmou, pelo contrário, desapareceu. - Finalmente ela se senta e olhando fixamente para mim, explica a situação.

— Rodrigo tem um amigo, que é um cara muito bacana, só que terrível em eventos sociais. Quase sempre rejeita qualquer situação em que precisa estar em sintonia com outras pessoas, o Rô já tentou se todas as formas, arranja um date para ele, levá-lo em almoços e nada. Mas por um milagre ele aceitou ser o padrinho e foi consequentemente a festa - confesso que a curiosidade sobre esse tal amigo bateu, mas preferi permitir que Luana dissesse tudo que queria dizer.

— Ele vai ser o par da Berê, e quando ela me disse que não chegaria a tempo, procurei Rodrigo e expliquei para ele a situação. Ele tentou me tranquilizar dizendo que "relaxa, ele tá bem", mas sei lá. Algo está me incomodando.- revelou ela triste.

No mesmo momento não aguentei a aflição em vê-la dessa maneira, e, ao mesmo tempo, me senti culpado, no momento que minha amiga precisava de mim eu estava me atracando com um desconhecido. Eu devia ter ajudado ela, e não permitido que ela se preocupasse tanto assim, mas agora era a hora de correr atrás do prejuízo.

— Olha Lu, se esse amigo aceitou o convite é porque gosta de vocês, e algo em mim diz que ele não faria nada que atrapalhasse o casamento de vocês. E outra coisa, Berê é ótima lidando com pessoas, tenho certeza que eles vão se dar bem. Quem sabe até eu não ajudo ele a se enturmar. Relaxa. Vai dar certo. - Finalizei com um sorriso reconfortante.
Ela me olhou e toda tensão que pairava no ambiente se dissipou.

— Agora vamos, vamos, pode ir se preparando para ir dormir, que amanhã um dia de princesa te espera.
No mesmo momento, Luana se levantou animada me dando um abraço, combinamos que ela dormiria aqui em casa para que pudéssemos ajudá-la.
Antes de dormir, me permiti lembrar mais uma vez daquele homem, apesar da "culpa" não posso negar que foi uma ótima noite, com pesar me lembrei que nunca mais o veria, e, no fundo, agradeço por isso. Ele era problema, tenho certeza.
Prometi para mim mesmo que seria o melhor amigo da noiva (literalmente) e nada estragaria o dia deles.

A noite passou voando, mal abri os olhos e pude ouvir uma música alta vindo da sala. Seguindo o som, me deparei com uma Berenice saltitante pela sala e uma Luana pulando no sofá ao som de um funk pesadão. Todo questionamento foi embora ao ver o sorriso da princesa do dia que carregava em suas mãos um buquê, ao se aproximar de mim pude ler o bilhete que dizia:

"Te vejo no altar, bjs. Te amo. ass: Rô"
Um romântico claramente.
— Hoje é dia de festa, vamos comemorar- gritou Berê.

Depois de toda agitação da manhã cada um foi aos seus afazeres, Luana para o dia de princesa dela, eu e Berê reorganizamos rapidamente a casa e fomos nos preparar.

A hora do casamento estava próxima, Berê conseguiu falar com o padrinho sumido que garantiu que estava chegando de carona com um amigo por isso o leve atraso, mas garantiu que viria. E isso me tranquilizou, sinceramente não sei se quando ele chegou dou um abraço em comemoração ou um tapa na cara pelo stress que causou.

Berenice me avisa que o rapaz havia chego e vai em direção à entrada para recepcioná-lo, eu que a primeiro momento pensei em deixar esse momento entre eles não aguentei a curiosidade e fui curiar. Sabe quando dizem "a curiosidade matou o gato", pois é. Prazer gato.

Da onde estou posso ver Berê cumprimentando um homem grisalho com um sorriso gengival, eles se falam por poucos segundos, pois logo atrás aparece ele. Naquele momento consegui sentir meu chão sumir, e forcei o micro surto que meu corpo quis soltar. Tive a reação mais sensata ao momento, eu corri.

Porra, universo

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Eu sei que não era pra gente se encontrar que não era pra gente se conhecer...já dizia turma do pagode

ℭ𝔞𝔰𝔲𝔞𝔩 - 𝔎𝔢𝔩𝔪𝔦𝔯𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora