Calitulo 13: Tentacao

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POV Ramiro:
Como planejado, após os momentos de prazer, cada um foi para o seu canto, deixando claro que deveríamos nos encontrar em breve. À medida que nos vestimos novamente, o sangue ia esfriando e um silêncio pairava no ambiente. Queria dizer que estava arrependido, mas não, foi bom, na verdade, foi ótimo. Acreditar que esse desconforto é apenas falta de adaptação e logo me acostumarei com essa nossa "relação".

Combinamos de sair para jantar na sexta-feira, segundo as palavras de Kelvin. Não queria nada sério demais porque não é um encontro, nada sensual demais já que não era hora de sexo e nada a domicílio, já que ele claramente não me quer na casa dele (eu adoraria que ele viesse para a minha), mas nunca diria isso, tenho amor à minha vida. Optamos que iríamos a uma pizzaria, em público, casualmente, sem nenhum interesse.

Volto para o trabalho e foco 100%. Depois de tirar toda tensão do meu corpo, minha mente fica até mais inspirada. Cansado, pego minhas coisas e, ao fim do expediente, volto para casa. Tudo que quero é uma noite de descanso e relaxamento, depois de tantas emoções nos últimos dias, eu só quero comer e dormir. O problema é que meu corpo não queria isso. Depois de virar e virar na cama sem sucesso, decido matar a curiosidade que está quase me consumindo. As horas já estão avançadas, mas nunca é tarde demais para uma fofoca. Ligo para Ademir, que me atende sem nenhum ânimo:
- Juro, qual o seu problema com o meu sono? Custa me deixar dormir, sei lá, sei que você me ama, mas já está demais isso aí, cara. - Parte de mim tenta se sentir culpado, pois é, só tenta.

- Você achou mesmo que eu iria deixar você ir em um encontro sem perguntar nada? Um milagre desses acontece e quer que eu ignore?

- Primeiro: Não é um milagre, ao contrário de você, eu tenho vida social e segundo: não é da sua conta, boa noite. - diz com uma falsa rispidez. Consigo ouvir um som ao fundo indicando que ele não voltaria a dormir.

- Fala aí, coroa, quem é a doída da vez?

- O nome dela é Flor, a gente se conheceu no casamento, ela se interessou por mim, eu por ela, conversamos sobre nossas vidas, marcamos um encontro, fomos ao encontro e fim.

- Nossa, que interessante, fiquei até emocionado, como você é chato, hein, quase brega. - digo

- Ramiro, nem todo mundo conhece alguém numa balada, não tem a decência nem de perguntar o nome, fode com a pessoa, depois perde contato, se esbarra com ela num casamento, causa um climão pra depois não se ver mais. Às vezes as pessoas têm relacionamentos normais, convencionais.

- Você vai ficar jogar isso na minha cara até quando? Porra, já deu. E, para sua informação, não perdemos o contato, a gente se viu hoje. - digo orgulhoso, agora quero ver ele dizer algo.

- Ótimo, meus parabéns, Ramiro, usou a cabeça de cima e pensou. Viu como você consegue conversar com alguém normalmente sem álcool, dramas ou sexo. - Nesse momento meu cérebro trava.

-....

- Ramiro, vocês se resolveram, né?

- .... sim.

- RAMIRO, você só conversou com ele, né?

-... Aham.

- Ramir...

- É isso, Ademir, um abraço, viu, querido? Boa noite, um abraço.

Desligo a ligação e me repreendo mil vezes. Isso que dá ser fofoqueiro, me ferrei.

Acordo no dia seguinte com um som estridente, a campainha, pela ignorância com a qual ela soa, já imagino quem é e recebo a confirmação ao olhar o celular e ver todas as mensagens que recebi enquanto dormia. Droga.

ℭ𝔞𝔰𝔲𝔞𝔩 - 𝔎𝔢𝔩𝔪𝔦𝔯𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora