Capitulo 5: Confusão

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Só existiam duas pessoas em que Ramiro confiava cegamente: Ademir e Rodrigo.
Rodrigo era responsável por tirar Ramiro de sua zona de conforto o incentivando a viver mais, era uma ótima companhia, vivia sempre agitado com mil planos e sonhos quase como uma força da natureza.

Porém, em contraste com a personalidade de Ramiro, isso gerava atritos, esses que faziam com que o rapaz precisasse de uma zona de conforto, e é aí onde entra Ademir.

Apesar da diferença de idade, os dois se entendiam muito bem. O mais velho possui uma calma que ajuda o mais novo a entender muita coisa. Se conheceram graças ao trabalho, Ademir tinha interesse em investir no agronegócio e viu em

Ramiro a jovialidade necessária para tal tarefa. E no decorrer do tempo, entre conversas de trabalho, uma intimidade foi criada, a ponto de nesse momento o rapaz se encontrar deitado no sofá do grisalho que lutava com o resto de sono para entender de que diabos de anjo ele se referia.

— Peraí, peraí. Começa do começo, você tá me confundindo - Dizia o mais velho se aproximando do sofá.

— Eutranseicomumcaraontem...

— RAMIRO, começa do começo e devagar.

O rapaz respirou fundo e contou tudo que aconteceu na noite anterior.

— Deixa eu ver se entendi, você transou com um cara ontem, numa festa que você não queria ir, de um casamento que você não queria fazer parte, e agora tá arrependido? - o mais velho tentava entender.

O rapaz ficou em silêncio.

— Tá bom, e cadê esse cara? Quem é? Eu conheço?

— Não sei, nunca vi na minha vida. Eu juro, fui naquela boate apenas na intenção de beber, me distrair, mas aí ele apareceu bonito, tão perfeito, quase como um anjo e me arrebatou de uma forma que eu, eu, eu...

— Você não teve a decência de perguntar o nome do rapaz? Você tem noção que tanto de coisa que você me falou nos últimos 15 minutos? - Ademir questionava.

— Você foi a uma boate, bebeu descontroladamente, beijou alguém, transou com esse mesmo alguém, sendo esse alguém um desconhecido, que ainda é desconhecido. Tem certeza que não bateu com a cabeça, não tá passando por uma crise da meia-idade?

— Não, Ademir, me escuta, eu bebi, eu sei, mas naquele momento não era o álcool, eu senti algo, eu juro. Tá bom, eu sei que parece loucura, não me olha assim. Eu juro, foi diferente. - Ramiro tentava explicar ao amigo.

Depois de alguns minutos em silêncio, Ademir olha para o rapaz e solta.

— Eu confio em você, então vamos fazer o seguinte. Te empresto uma roupa minha, você toma um banho, relaxa a mente, descansa e voltamos a conversar, pode ser? - Ramiro, ciente que o mais velho sabe o que diz, concorda indo em direção ao banheiro.

Naquele momento pós-banho Ramiro se permitiu pensar na noite passada, todas as sensações que seu corpo ainda sentia, se fechasse os olhos lembraria perfeitamente do odor, da textura e do sabor do rapaz e torcia para que ele se lembrasse dele também.
    
      POV Kelvin

Depois de um bom banho, para minha tranquilidade encontrei o AP vazio, no celular vejo uma mensagem da Berê dizendo que tinha ido com as meninas ao Shopping, já que queria se atualizar das fofocas.

Apesar da explicação, sabia que o que ela queria mesmo era me deixar sozinho, Berê era uma ótima amiga e me entendia como ninguém, eu sei que ela vai voltar com mais perguntas, mas no momento, vou aproveitar meu momento de paz.

Fecho os olhos na intenção de descansar e reorganizar meus pensamentos e ele volta, aqueles olhos, aquele corpo, a voz. A última coisa que queria no momento era ter meus pensamentos invadidos pela foda da noite anterior.

Porque foi isso, uma foda. Um lapso de sanidade, um momento de relaxamento que não se repetiria, no momento que deixei aquele banheiro nunca mais veria aquele homem, cujo nome é desconhecido e apesar da ideia de num futuro próximo tê-lo em meus braços mais uma vez seja tentadora, tenho muito em jogo.

E não serão os músculos definidos, o sorriso malandro e aquele olhar penetrante que vai me fazer perder o controle de tudo.
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Acho que alguém xonou

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