Pov. Ramiro
O rapaz me encara, a música não me incomoda mais, as pessoas sumiram e ele continuava lá. Consigo ver em seu olhar, a surpresa, a curiosidade, o questionamento e por fim ele vai embora.Não tenho coragem de me virar e acompanhá-lo, mas consigo sentir aos poucos a solidão mais uma vez.
"Burro Ramiro, como você é burro"— Nossa, quem costuma te dizer isso sou eu e não você mesmo - Rodrigo diz rindo ao se aproximar dele bar.
Silêncio.— Cara, você tá bem?- Rodrigo me olha intrigado.
Vamos Ramiro reage.— Tô bem, sim, e você tá feliz?
— To, sim, um pouco nervoso, daqui a uma semana serei um homem casado, tô empolgado, mas nervoso. Sabe a Luana...
E falando nela.— Ai, Ramiro licença, preciso do meu noivo emprestado por alguns minutos.
— Que isso, ele é todo seu- todos rimosOs pombinhos saem e eu volto para o meu copo, tento relutar, mas meu corpo me trai, e começo a procurar discretamente por aquele par de olhos, a ideia é burra eu sei, numa multidão com iluminação escassa alguém daquele tamanho é difícil de achar, mas não custa tentar.
Depois de alguns minutos parece que o destino resolve me ajudar e no Pole dance eu o vejo, dançando livre, leve e solto.
O tempo parece parar mais uma vez, a pista é dele, confesso que todas minhas Intenções em ser discreto foram para o brejo, algo em mim se mexe, começo a suar frio, será que minha pressão tá caindo, eu vou desmaiar. Não Ramiro, que isso, se controla, foca no bar. Eu me viro novamente e faço em pedido de socorro mental, preciso ir embora.
Volto a atenção para o meu copo e do lado vejo que ele esqueceu a garrafa. Seria isso um sinal?
POV. Kelvin
O que acabou de acontecer, esperei uma cantada, um "oi", mas ele não disse nada.
Ele me encarava vidrado, paralisado tal qual fim do capítulo de Avenida Brasil, voltei para pista levando o restinho de autocontrole que existia em mim, o cara é gato? Sim, meu corpo queria ficar com ele, com certeza, mas não, ele era um perigo, um perigo incrivelmente gostoso.— Kelvin, cadê a água?- sou questionado por Iná e percebo que realmente não peguei a água.
— Ai, o bar tava muito cheio. Vamos dançar, vamos.- Ela claramente não comprou minha desculpa, mas não ligo.
Voltamos a dançar, meus olhos se firmaram no Pole dance, chegou meu momento. Subi e senti ele me empoderar quase que instantaneamente, dançava, girava, o álcool me impedia de fazer movimentos elaborados, mas dava para o gasto. Tentava de todas as formas esquecer aquele rosto, mas era impossível, da onde eu estava conseguia vê-lo me encarando, naturalmente a carne falaria mais alto e cederia a uma noite de puro prazer, mas como já disse, ele é perigo. Aproveito que Flor me trouxe outra dose de bebida e viro de uma vez, essa é uma atitude responsável?
Claramente não, mas precisava de todo incentivo do mundo para esquecê-lo, volto a fitá-lo e ele não está mais no bar.
Finalmente, o universo cuidou de afastar o perigo, quando a tontura falou mais alto eu desci, tudo girava, pisco na intenção de recobrar meu equilíbrio, um pouco tonto esbarro com quem não queria encontrar, o mesmo homem, mas o olhar dessa vez dizia algo, e eu entendia tudo.
— Oi, você esqueceu sua água.
Porra, universo
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Kelvin fita Ramiro dessa vez mais de perto, o sorriso amigável, o olhar firme, mas com a postura um pouco tensa.Claramente eles possuem uma diferença gritante de altura, o que tenta Kelvin a ignorar todos os sinais vermelhos que seu cérebro manda para o corpo.
O menor sorri em resposta, pega a garrafa e sussurra um "obrigado" na intenção de se afastar, mas o maior o para.

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ℭ𝔞𝔰𝔲𝔞𝔩 - 𝔎𝔢𝔩𝔪𝔦𝔯𝔬
Fanfiction"Que depende do acaso, que ocorre por acaso; fortuito, eventual." Ramiro Neves, possui sua realidade na palma de suas mãos, confortável com a vida que tem e fazendo da solidão sua amiga, numa casualidade da vida vê em Kelvin Santana, um ponto de enc...