Capitulo 8: Embate

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     Kelvin POV

Após respirar fundo várias vezes, e repassar tudo que a Berê me disse, eu me permiti ir até o local da cerimônia, me sentei no fundo, sei que essa não é a melhor ideia, mas faria o que fosse preciso para não gerar mais problema.

Da onde estava conseguia ver o altar, era o suficiente. Depois que tudo se resolvesse, conversaria com Luana.

A cerimônia começou, os padrinhos entraram e vi Berenice e "cara da água" que agora formalmente poderia ser chamado de Ramiro. Evitei olhar até que estivesse passado por mim, mesmo estando no canto não queria tentar a sorte. Eles se posicionaram e então me permiti olhar mais uma vez, ele estava tão bonito quanto aquele dia, mas preciso confessar que o terno o deixava muito mais atraente se isso era possível.

Ele olhava ao redor, parecia um pouco inquieto, como se desejasse estar em qualquer lugar menos lá, mas seu semblante era calmo olhando o noivo e parecendo estar realmente feliz por ele.

Parei de observá-lo quando a marcha nupcial soou, Luana estava deslumbrante, segurei minhas lágrimas, mas a emoção tomou conta do meu corpo. Como já disse, apesar de toda minha aversão a casamentos, também não tenho coração de pedra, impossível não ver um casal tão lindo se unir sem sentir um calor no coração.

Me permito encarar Ramiro mais uma vez e curiosamente consigo ver um brilho em seu olhar, como se aquela cena fosse a mais bela que ele já tinha visto.

Após o sim e a troca das alianças, os noivos se beijaram, todos comemoram e vi que era minha hora de sair. Senti que era observado, mas ignorei, precisa ir para um lugar seguro e surtar mais um pouco.

Após alguns minutos, recebo uma mensagem de Berê dizendo que só estava tirando umas fotos com os noivos e já estava vindo me encontrar.

Respirei fundo e refiz meu plano que basicamente consistia em alternativas:

Posso ficar aqui até o fim da festa, posso fingir que estou com intoxicação alimentar e ir embora. Poderia dizer que recebi uma ligação da Beyoncé dizendo que fui contratado para os shows ou a última das hipóteses, descer e enfrentar a situação. Até que a da Beyoncé não é uma má ideia.

Fico em meus pensamentos e não percebo que escolhi justo o único quarto que não tem banheiro e talvez as 3 taças de champanhe que tomei estejam fazendo minha bexiga pedir por socorro. Saio do quarto, e vou diretamente para o banheiro, meu foco é tão grande que não reparo que os padrinhos já foram liberados, que meu celular que agora recebia uma ligação de Berê avisando que o padrinho fujão tinha sumido estava no meu bolso no silencioso, e que não precisaria me preocupar em tentar encontrá-lo, ele já tinha me achado.

— Sabia que era você.

  POV Ramiro

Eu sabia. Sabia que toda ansiedade não era à toa.

Okay, vamos do começo, a cerimônia foi linda, não consegui não me emocionar, é muito bonito ver pessoas felizes alçando o ápice da alegria juntos. Durante todo tempo procurei manter o foco neles, mas a sensação de estar sendo observado me inquietava, vasculhava o ambiente a procura de, sim, mas a única coisa que encontrei foi no olhar de Ademir que passava o incentivo que precisava e às vezes ele mandava um jóia
( e antes que se perguntem, sim, ele tirou fotos).

Ao fim da cerimônia tomei a mão de Berenice e juntos fomos cumprimentar o casal como a cerimonialista havia nos indicado, e quanto isso vi um vulto passando em direção à saída do local.

Parte de mim desejava que fosse apenas impressão e a outra criava um ilusão que alimentava meus devaneios. Achei melhor ignorar e finalizar minha missão de uma vez. Ao fim, fomos convidados a tirar algumas fotos como tradição e minha parceira estava tão inquieta quanto eu, me perguntei se minha presença a incomodava, mas ela me segurava no lugar como se fosse sumir. E tive plena certeza quando as fotos acabaram e fiz menção de me afastar

— Ei ei, onde você vai? Não vai fugir de novo né? - que mania que as pessoas têm de achar que vou sumir o tempo todo.

— Não, não, tô procurando meu amigo. Olha ele ali- vejo Ademir de longe e vou em sua direção.

Conversamos um pouco sobre tudo e pedi licença para ir ao banheiro.

Olho para trás rapidamente e vejo Berenice conversando com Ademir, não sei o que ele disse, mas ela se desesperou, pegou o celular e saiu.

Tô falando, tem algo de errado acontecendo e meu subconsciente diz que não seja paranoia minha, vou ao banheiro, me olho no espelho, respiro fundo, saio e ao virar o corredor percebo que meu subconsciente não é tão louco assim.

— Sabia que era você- Digo para o anjo, o rapaz que estava ainda mais belo que naquela festa e agora me olhava com mesmos olhos daquela noite.
Obrigado universo.
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Enquanto uns xingam o universo outros agradecem Oia

ℭ𝔞𝔰𝔲𝔞𝔩 - 𝔎𝔢𝔩𝔪𝔦𝔯𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora