Never tear Us Apart - Sleeping at Last
As batidas na porta não traziam empolgação, ou agitação, se não estivesse sabendo que viria Ademir nem ouviria, e preparo nenhum foi o suficiente pra visão a sua frente pois era diferente do costumeiro mas não novidade, a muito tempo Ademir não via esse olhar, vazio, fundo, triste.
Sua única atitude foi abrir os braços e oferecer conforto pro rapaz que independente do tamanho ou da idade no fundo ainda tinha uma alma de criança que só precisava ser apoiado.
A tempos que sua casa não era lugar de desabafar sobre dores, que seu sofá não acolhia um Ramiro quebrado, o mesmo sofá que dias atrás recebia o mesmo rapaz que sorria de orelha a orelha com divagações sobre um anjo que não tinha nome, e que com o passar do tempo se tornou tópico principal de nossas conversas.
Naturalmente eu diria "eu avisei" ou "te disse que não daria certo", mas nesse momento eu traio meu próprio senso comum e sinto por ele. Sinto que pelo pouco que conheço do anjo, ele deve estar tão quebrado quanto.
- Ele não quer me ver, não me liga mais, eu machuquei ele, ele me odeia, nem meu casaco quis me devolver, mandou a Luana entregar, sou um idiota mesmo, pode falar- O mais velho amaldiçoa mentalmente mais uma vez aquele velho que destruiu esse menino.
Quando Ademir conheceu Ramiro ele tinha potencial, tinha intelecto, mas não tinha alma. Não no sentido maldoso, pelo contrário, sempre foi um bom rapaz, mas ele não tinha vida. Vivia num constante automático, se culpava constantemente por não ter feito o suficiente, se culpava por errar, por falhar.
Foram muitas conversas, muitas terapias, noites de futebol, jantares fora de hora,noite várias vezes fui acordado a noite quando ele tinha algo pra dizer, e apesar de "reclamar" o acalmava pensar que ele estava sentindo coisas que nunca sentiu, ele estava vivendo. E apesar da forma esquisita como tudo começou, nos últimos dias ele estava amando.
- Tá doendo de verdade, doendo bem aqui no fundo e eu não sei o que fazer- Ramiro suspira pesaroso e o coração de Ademir se parte mais uma vez.
Tinha ouvido o ocorrido e em nenhum momento conseguiu sentir raiva de Kelvin, algo dentro dele dizia que a história não estava 100% clara e depois da explicação de Ramiro tudo fez sentido.
Ambos estavam quebrados, ambos precisavam de ajuda, de apoio. Conversaria com Kelvin depois, sua criança precisava dele agora.
Não permitiria que seu menino voltasse a estaca zero.Após muita conversa e lágrimas pediu que Ramiro ficasse pra dormir, o quarto de hóspedes já estava pronto pra ele e pelo menos assim o rapaz estava debaixo de seus cuidados. Tomando liberdade pediu a Rodrigo o telefone de Kelvin, se surpreendendo ao saber que o mesmo também queria falar com ele.
Deixando Ramiro descansando em casa ao amanhecer marcou uma conversa com o ruivo, e ao chegar até lá constatou que estava certo, Kelvin também estava quebrado.
Assim que os pedidos foram feitos permitiu que Kelvin iniciasse a conversa, mostrando que não estava lá pra julga-lo apenas queria entender. Após o menor expor seu ponto a dúvida surgiu: Valia apena Kelvin se abrir pro amor mais uma vez? Oq Ramiro sentia de verdade?
- Olha Kelvin, a pessoa que pode te responder isso é ele. Mas antes eu tenho uma pergunta pra você. Nós encontros de vocês o que Ramiro fazia?
O olhar de Kelvin divagou um pouco como se vasculhasse a memória em busca de detalhes:
- A gente saia juntos pra comer, ele tentava sempre pagar a conta. Tomávamos café, ele me perguntava sobre meu trabalho, ele já me levou ao cinema, as vezes comiamos pizza, já fomos a uma loja de roupas uma vez, ele até me ajudou a escolher o look. Mas porque a pergunta?
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ℭ𝔞𝔰𝔲𝔞𝔩 - 𝔎𝔢𝔩𝔪𝔦𝔯𝔬
Fanfiction"Que depende do acaso, que ocorre por acaso; fortuito, eventual." Ramiro Neves, possui sua realidade na palma de suas mãos, confortável com a vida que tem e fazendo da solidão sua amiga, numa casualidade da vida vê em Kelvin Santana, um ponto de enc...