— A história não pode acabar assim, papai! Eles precisam de um final feliz, não acha? — uma garotinha de olhos pretos e pele branca, avisou, quando seu pai fechou o livro e a cobriu com o cobertor.
— Histórias de terror não tem finais felizes, querida. — ele lhe respondeu e depositou um beijo em sua testa.
— Alguns têm sim. O senhor mesmo me falou. Por que os três não podem ter um final feliz também? — a garotinha fez beicinho, tirando um sorriso singelo do pai.
— Porque essa história não é pra ser feliz. Ela é pra mostrar o lado ruim das pessoas. E você é muito nova ainda para entender isso.
Ele se levantou, segurando firme o livro de sua própria autoria. A filha insistiu tanto para ele contar, que não pôde negar.
— Eu já tenho dez anos, papai, já tenho idade suficiente para entender. — ela se levantou da cama e cruzou os braços.
A porta se abriu e uma mulher loira, vestida com seu pijama listrado, entrou.
— Querido, já te falei para não contar essa história para Mia. Ela é pequena demais para escutar coisas de terror. — ela pegou a menina no colo e a deitou novamente na cama.
— Pô, pai, porque não me chamou! Eu amo ouvir essa história. — um garoto com pernas finas e compridas entrou em seguida. Usava óculos, tinha os olhos azuis bem marcante e um sorriso torto.
Ele abraçou o pai e tentou tirar o livro de suas mãos.
— Não! — o homem gritou, deixando todos no cômodo, assustados.
— Thomas, sabe que seu pai não gosta que toquem nesse livro. Por que não vai para seu quarto terminar seu dever de casa? — a mulher pediu, olhando para o marido com um olhar de repreensão.
— Poxa, pai! Não entendo essa sua obsessão com tudo que aconteceu naquele massacre na ilha. — Thomas disse, deixando o pai sem fala. — É verdade que os sobreviventes morreram depois de vinte anos? Eles sumiram sem deixar rastros.
— Thomas! Já falei para você ir para seu quarto, seu pai não gosta de tocar nesse assunto.
— Como não? Se ele escreveu um livro sobre o massacre na ilha Nomar, por que ele não gosta de falar sobre esse assunto? — o adolescente encarou o pai, esperando uma resposta.
A verdade, era que aquele homem não queria relembrar seu plano fracassado. Apenas contou para filha, pois ela estava ansiosa para saber o que havia feito o seu pai ter um livro tão conhecido. Mesmo usando um pseudônimo, ele havia ganhando muito dinheiro com aquela história. Não se tornou famoso como gostaria, já que depois de tudo, teve que esconder sua verdadeira identidade.
Agora ele não era mais Patrick Armani, era Robert Campbell, um homem que levava sua vida tranquilamente em sua casa de campo com sua família. Mudou de identidade, de rosto, de endereço, mudou sua vida completamente para nunca ser associado a sua verdadeira história.
E eu tenho que dizer a verdade para vocês. Eu menti bem no início, quando disse que não fiz parte dessa história. A verdade é que essa história é sobre mim, e com certeza é muito importante vocês saberem quem eu sou. Sou o causador de tudo que aconteceu naquela ilha. Sou e sempre vou ser o filho do assassino que fez da vida daqueles jovens um inferno, mas ninguém mais precisa saber disso, além de vocês, claro, porque nunca minha real identidade vai ser revelada e nunca vão descobrir onde estão os três sobreviventes. Fui eu que pedi para o velho salvarem eles, só para eles terem o gostinho da liberdade. Depois mandei aquele homem ir atrás deles, mas como sempre, eles conseguiram se safar.
Mas não foram capazes de se livrarem de mim.
Se ele estão mortos? Vivos? Vocês nunca vão saber. Só posso dizer que minha vingança foi cumprida. E por mais que tenha se passado anos desde que tudo aconteceu, nunca vou deixar essa história morrer.
Por isso vou contá-la para todos.
— Vai dormir, filho. A história já acabou.
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Tecle 2 para matar | Concluído
HorrorQuem seria doido de aceitar ir em uma viagem para uma ilha deserta com tudo pago depois de receber uma ligação suspeita? Parece loucura, mas dez jovens aceitam e embarcam nessa jornada pensando que seria a viagem dos sonhos. Mas não era. Um assass...