💀|010 A ligação Part 2

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  Em algum lugar naquela ilha, uma pessoa carregou o corpo de Guilherme até certo canto. Foi bem difícil deslocar o corpo até onde queria, mas tinha conseguido. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas não se importou, já que sangue, já fazia parte de sua rotina. Já estava acostumado com o odor metálico e da cor avermelhada. Já sabia em que lugar era melhor para matar, ou o lugar que poderia facilmente fazer a pessoa sentir mais dor. Sim, aquela pessoa que estava com o corpo de Guilherme, não era um assassino qualquer. Era uma pessoa que matava há anos. Matou tantas pessoas na vida que nem sabia quantas. Essa era a sua vida: matar. Sem nenhum motivo sequer, apenas porquê gostava e sentia prazer em ver as pessoas implorando pela vida, gritando para continuarem viver.
   
    Nem se lembrava mais quando foi a primeira vez que matou alguém, mas sabia que aquela não seria a última. O que aquela pessoa tinha em mente era muito mais perturbadora do que vocês possam imaginar. Há anos tinha planejado aquilo, e estava em euforia por está dando certo.
   
    Queria matar todos daquela ilha. Todos menos a pessoa que o ajudava. Pois, tinha uma pessoa entre aqueles nove jovens, que estava escondendo um segredo, um segredo fatal.
   
    (…)
   
    Tinha se passado vinte minutos desde que Guilherme saiu da casa para verificar o gerador. A sala já estava iluminada pelas luzes de velas que Fernando tinha pegado da cozinha. Demorou, mas ele tinha encontrado. Todos estariam aliviados por isso, mas a demora de Guilherme deixou a maioria, preocupados. Principalmente, Anne.
   
    Sim, ele tinha a traído, sim, ele também foi um verdadeiro otário com ela. Só que Guilherme fez parte da vida dela. E por mais que ele tenha sido um tremendo babaca, ela ainda se preocupava.
   
    — Vou ir atrás dele. Já está demorando demais. Alguma coisa aconteceu. — Gustavo avisou, se levantando do sofá, com uma lanterna que Fernando encontrou, em uma das mãos.
   
    Melissa arregalou os olhos no mesmo momento. Nunca que ela iria deixar Gustavo se arriscar tanto assim. Ela sabia que tinha algo muito ruim acontecendo. Desde a hora que ela viu aquela mala coberta de sangue e o bilhete, percebeu que uma coisa ruim estava prestes a acontecer.
   
    — Você não vai ir. De jeito nenhum! — ela ordenou se levantando do sofá em uma velocidade surpreendente. Sua cabeça se chocou com a de Gabriel, que estava ao seu lado desde a hora em que ela tinha descido.
   
    — Nossa, doeu! — ele reclamou, passando a mão na sua testa.
   
    — Foi mal. — ela se virou para encará-lo e depois olhou novamente para Gustavo, que já estava na porta. — Eu já disse que você não vai ir.
   
    Melissa correu para impedi-lo e segurou a sua mão, ciente que aquele toque iria transmitir sensações que ela estava tentando não sentir.
   
    Gustavo olhou para a mão dela em seu corpo, e depois a encarou, diretamente nos olhos.
   
    — Sabe que não pode me impedir, Mel. Preciso ver o que aconteceu.
   
    — Eu vou! — Alex andou até eles e tomou a lanterna das mãos de Gustavo com brutalidade.
   
    Laura saiu do chão frio, no qual estava agachada, e falou:
   
    — Você também não vai ir. Pode ter alguma coisa lá fora, sei lá. Não vou deixar você se arriscar desse jeito. — as palavras dela não fizeram muita diferença na decisão de Alex, já que ele estava tão bravo com ela por causa do que Giovanna tinha dito.
   
    Alex deu alguns passos até ela, ficando frente a frente. Ela sentiu a respiração dele contra seu rosto, seu corpo se incendiava só por esse contato.
   
    Não sabia se era medo ou amor. Raiva ou paixão. Esses sentimentos dela ficavam confusos quando o assunto era Alex. O jeito como ele a tratava, como se ela fosse sua propriedade, a fazia querer manter distância dele. Só que também sentia algo em seu coração. Estavam há tanto tempo, juntos…
   
    Era difícil apagar tudo de sua mente.
   
    — Quem você pensa que é pra querer mandar em mim? Não quero mais saber de você, sua mentirosa! — ao ouvir o que Alex disse, Laura apertou os lábios fortemente. Os seus olhos se inundaram em lágrimas.
   
    Tudo que sentia pelo Alex, se foi. Ele preferiu acreditar no que Giovanna tinha dito, do que nela. Aquilo que foi a gota D’água para Laura. Ela olhou de cima a baixo para ele, com desprezo, antes de dar meia volta e voltar para o lugar que estava.
   
    — Já chega, gente! Não importa quem vai ir olhar. Que vão logo! Já tô de saco cheio de ficar no escuro. — Giovanna revirou os olhos quando disse.
   
    Alex olhou para Laura, nervoso, mas ignorou tudo que ela tinha dito e foi em frente com o que estava planejando.
   
    — Não vou demorar. — abriu a porta e saiu da casa, sem muita empolgação.
   
    Fechou a porta com força, e olhou ao seu redor. O barulho de cigarras preenchiam o lugar, o desconcentrando. Estava fazendo um frio de congelar, e Alex que não estava usando nenhum tipo de agasalho, se abraçou, protegendo da sensação gelada.
   
    Olhava para todos os cantos, mas não via nenhum sinal de Guilherme. Fora os barulhos dos bichos, o silêncio reinava. Ele não estava com medo. Raramente ele sentia. Já passou por tanta coisa na vida que nada mais lhe assustava.
   
    — GUILHERME! — berrou, ainda com esperanças de que ele apareceria e respondesse.
   
    Só que, no fundo, ele sabia que algo tinha acontecido. Ninguém some assim por tantos minutos. Guilherme só iria olhar o gerador, isso não é algo que demorasse tanto assim.
   
    Alex então começou a andar rumo ao fundo do casarão. A lanterna que segurava já estava com a luz fraca. A bateria não duraria mais nem uma hora. Tinha que achar Guilherme rápido, antes que ficasse na escuridão da ilha.
   
    — Aparece! Não estamos aqui pra brincar de esconde-esconde, porra. — já estava ficando de saco cheio. Sua paciência era limitada, não iria ficar gastando seu tempo procurando um idiota.
   
    Ele apontou a lanterna para todos os lugares em sua volta, mas não viu nada. Até que ouviu um barulho estranho, com receio, iluminou para seu lado direito. Foi nesse momento que ele viu o sangue no chão. As folhas secas estavam cobertas do líquido vermelho.
   
    A sua boca se contorceu, seus olhos piscaram freneticamente e seu coração começou a acelerar de um jeito que não fazia há tempos. O medo tinha finalmente chegado em Alex. Ele não sabia se continuava seguindo os rastros de sangue ou se voltava para a casa e pedia ajuda, mas resolveu continuar. Não podia desistir de achar Guilherme agora que sabia que ele estava correndo perigo de vida.
   
    — Guilherme! — chamou mais uma vez, mas novamente não ouve resposta.
   
    A medida que se aproximava, sua respiração ficava ainda mais rápida. Até que os rastros de sangue acabaram e ele chegou exatamente no ponto em que Guilherme estava quando foi atacado.
   
    Não tinha mais ninguém ali. Só a poça de sangue, uma bituca de cigarro e a sensação de medo no ar.
   
    — Merda. Merda. Merda. — ele repetiu enquanto corria desesperado de volta para a casa.
   
    Abriu a porta de uma vez, assustando todos que estavam na sala.
   
    — O que houve? — Gustavo perguntou com os olhos arregalados. Se aproximou de Alex. Ele estava pálido, branco feito um fantasma.
   
    — Fala logo! — Giovanna pediu, já não aguentando de tanta ansiedade.
   
    — Guilherme simplesmente sumiu! Tem sangue por toda parte lá fora. — ele se agachou, com as mãos no peito tentando controlar a ansiedade que sentia. — Fodeu, galera. Fodeu!
   
    Anne se levantou no sofá na hora. Não estava acreditando no que Alex estava dizendo. Como Guilherme tinha sumido? Rastros de sangue, como? Não tinha mais ninguém ali e todos estavam na sala no momento que ele saiu. Bom, todo menos, Fernando, que buscava as velas. E eles também não sabiam que tinha um assassino na ilha.
   
    — Não pode ser verdade. Guilherme deve tá zoando com a nossa cara. Ele sempre foi assim, brinca com coisas inúteis. — ela rebateu, querendo com a todas as suas forças que o que estava dizendo fosse verdade.
   
    Só que, infelizmente, estava longe de ser.
   
    — Então vai lá fora ver. Parece uma cena de terror. Sangue por todo chão. A bituca de cigarro que ele estava fumando, está bem ao lado da poça de sangue. — Alex contou, já mais calmo. Laura o abraçava, tentando pegar todo o medo dele e trazer para si mesma.
   
    — Merda… Será que foi algum animal? Um urso, um lobo, sei lá? — Fernando arriscou a dizer, mexendo um de seus ombros.
   
    Giovanna riu, mas era uma risada de desespero. Sempre ria nas piores situações. Era algo que ela não gostava de jeito nenhum, mas era parte dela.
   
    — Um animal? Sério que você tá falando isso depois do que vimos hoje? Aquela merda dentro da mala, o bilhete de ameaça para Melissa, e agora Guilherme some e tem sangue por toda parte lá fora. Gente, tem alguém nessa ilha. Alguém que quer nos matar!
   
    As palavras ditas por ela fez com que Melissa começasse a chorar. Já estava com medo de tudo que tinha acontecido horas atrás, sabia que se o pior tivesse acontecido com Guilherme, ela seria a próxima.
   
    — Tudo isso está saindo fora de controle. Temos que ir embora desse lugar. Antes que todos nós morremos. — Gabriel declarou, andando de um lado para o outro, sem saber ao certo o que fazer.
   
    Laura se distanciou de Alex, olhando para o chão, pensativa. Estava pensando se tinha deixado algo passar, se tinha visto ou ouvido algo suspeito, mas percebeu que não tinha ideia do que poderia ter acontecido. Só que algo se passou pela sua mente, parecia até que uma lâmpada acesa estava em sua cabeça por ela ter falado algo tão inteligente.
   
    — Era por isso. Meu Deus! Fomos enganados por um psicopata. Agora vamos todos morrer nessa merda de lugar! — gritou mergulhando em incertezas, e deixando todos espantados com a teoria.
   
    Laura foi a primeira de todos eles a se tocar da verdade. Estava bem estampado na frente deles que eles tinham sido enganados, só que ninguém queria ver. Ninguém queria realmente acreditar que poderiam morrer ali.
   
    — Isso não pode ser verdade. Quem faria algo assim? Planejar uma viagem, fazer ligações, mandar o dinheiro, pagar todo o custo, só para nos matar? — Gustavo não queria acreditar. Para ele aquilo parecia insano. Fora da realidade. Ele ainda acreditava que o dono da ilha chegaria e explicasse tudo. Que dissesse que foi um mal-entendido e que, no fundo, Guilherme que fez toda essa brincadeira.
   
    Era mais fácil acreditar nisso. Era melhor pensar que tudo nessa história terminaria bem, do que imaginar que seria uma catástrofe.
   
    Patrick segurava a mão de Giovanna bem forte. Ele estava com medo também. Já tinha quase morrido, sabia que boa parte do que Laura tinha dito era verdade. Tudo aquilo não poderia ser apenas uma coincidência.
   
    — Acho que Laura tem razão. Alguém fez isso tudo para nos matar. Essa só pode ser a única explicação, gente. E aquele velho, que nos trouxe, pode ser ele que está fazendo isso tudo. — seus olhos se espreitaram para todos ali.
   
    Giovanna olhou para ele.
   
    — Exatamente. Ele era estranho, mal falou alguma coisa a viagem toda pra cá. Nem quis nos levar até a casa. Nem nos apresentou nada do lugar. Simplesmente foi embora sem dar mais explicações. Ele poderia ter voltado horas depois e feito isso tudo.
   
    Gabriel parou de andar. Percebeu que tudo que Laura e Giovanna estavam dizendo poderia ser mesmo verdade.
   
    — Se vocês estiverem certas, o velho deixou o barco em algum lugar da ilha. Temos que achar e fugir antes que ele faça mais alguma coisa contra a gente. — ele empurrou o seu cabelo para trás, tentando ficar calmo.
   
    Alex soltou um espirro alto, trazendo todas as atenções para ele.
   
    — Bem, eu acho que não foi um velho caindo aos pedaços que fez aquilo lá fora. E também, Guilherme pode estar vivo em algum lugar. Talvez ainda dê tempo da gente achar ele com vida.
   
    Anne mordeu os lábios, não estava mais aguentando aquela situação tensa. Ela odiava Guilherme, mas não queria que nada de ruim acontecesse com ele. Ela era boa. Sua bondade era tanta, que chegava a ser fatal.
   
    — Detesto dizer, mas tenho que concordar com você, Alex. Se todos fomos procurar, podemos encontrar ele. Guilherme pode tá em algum lugar, ferido, precisando de ajuda… Não podemos desistir dele.
   
    — Estamos esperando o quê, então? Vamos logo. — Gabriel abriu a porta, já decidido que iria atrás do Guilherme. Não ia muito com a cara dele, mas, mesmo assim não podia deixá-lo morrer sozinho.
   
    Ninguém merecia aquilo, nem mesmo Guilherme. Só que todo o esforço que eles estavam pensando em fazer seria em vão, pois, ele já estava morto. Eles só não sabiam ainda.
   
    — Espera! Antes de irmos, temos que ter mais lanternas. Não podemos sair no meio da escuridão. — Fernando alertou, torcendo para que achasse mais lanternas na cozinha.
   
    Foi naquele momento que o telefone tocou. O toque alto foi o único som que se podia ouvir na sala. Todos ficaram assustados e quietos, já que a última coisa que esperavam era que receberiam alguma ligação.
   
    Patrick já ia correr para atender, mas Gustavo o impediu segurando um de seus braços.
   
    — Deixa que eu atendo, ok? Talvez essa ligação seja nossa chance de sair dessa ilha.
   
    — Você só pode tá de brincadeira, né? Até nisso você quer ser o melhor. Sempre tá querendo se mostrar. Para de ser egoísta pelo menos uma vez na vida! — Alex se revoltou, indo em direção ao telefone, mas Anne, que já estava sem paciência em esperar alguém atender, tirou o do gancho. Seu coração estava quase pulando para fora de seu corpo por tanta adrenalina que sentia.
   
    Todos olharam para ela, que logo se arrependeu de ter atendido quando ouviu a voz robótica na linha.
   
    — VOCÊ TEM APENAS DUAS OPÇÕES. PENSE BEM ANTES DE ESCOLHER.
    PARA SALVAR GUILHERME, TECLE 2.
    PARA SAÍREM DA ILHA, TECLE 3
    QUAL VAI SER A SUA ESCOLHA?
   
    Todos olhavam para ela, com os olhos confusos e cobertos por ansiedade. Anne não sabia o que fazer, sua mão que segurava o telefone começou a tremer sem parar. A sua boca estava tão seca, que foi difícil para ela responder a pergunta de Giovanna:
   
    — Quem é, Anne? — ela já estava ao lado de Anne, querendo escutar o que se falava no outro lado da linha.
   
    Anne olhou para Gustavo, desejando que fosse ele que tivesse atendido. Seria muito mais fácil para ele escolher entre Guilherme e a todos. Era bem evidente de qual seria a sua escolha. Ele não analisaria o amor ou algo do passado, ele pensaria no presente e em si mesmo. Só que Anne nunca foi a pessoa de fazer decisões certas. Por isso que ela nunca tinha que ter atendido aquela ligação.

E a escolha que ela faria mudaria todo o rumo dessa história que estou contando para vocês.

E a escolha que ela faria mudaria todo o rumo dessa história que estou contando para vocês

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Tecle 2 para matar | Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora